Carnaval do Recife 2020: uma passeio pela segunda-feira

 Carnaval do Recife 2020: uma passeio pela segunda-feira

Flaira Ferro foi uma das atrações da noite de segunda no Rec-Beat. Foto: Fred Jordão

 

Por Thais Queiroz

Carnaval do Recife 2020. Esta jornalista que vos fala teve a honra de ser colaboradora do site Interdependente por um dia, durante a folia recifense. Minhas impressões? Um universo de ritmos e sons. A cada virada de rua, um estilo musical diferente, uma tribo diferente curtindo sua vibe. Sem falar das atrações incríveis do Rec Beat e Marco Zero que rolaram na segunda (24) de carnaval. Quer saber mais? Confere abaixo:

Carnaval do Recife 2020. Primeiro tempo – Segunda noite do Rec-Beat

Flaira Ferro usou o palco do Rec-Beat para apresentar seu mais novo trabalho, “Virada na Jiraya”. Dançarina, cantora, poetisa, ela é multimídia e sabe usar seus talentos para animar o público. Conversei com ela logo depois do fim do show, ainda eletrificada pela apresentação.

“O Rec-Beat faz parte da minha memória de Carnaval, toda vez que eu saía sem meus pais vinha para cá. Fiquei incrível com a quantidade de gente cantando as músicas, é massa ver elas envolvidas pelo som”. Essa é a segunda apresentação de Flaira no festival – a primeira foi em 2016, com o projeto Wasabi.

 

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Nos intervalos dos shows, o jingle “Lança tua Braba Mulher”, feito pela cantora Gretchen para a Prefeitura do Recife, ecoava. Muitos da plateia do Rec-Beat cantavam junto. O DJ Libra também assumia as pickups e animava a plateia durante as pausas.

Com apenas 22 anos, ele se identifica como um ser de libra, nem homem, nem mulher. O artista apoia quem usa o corpo como uma ação política, mas aprecia adicionar mais camadas artísticas em seu trabalho. “Atuo há quatro anos na cena local e gosta de tocar músicas que traduzem a diversidade”, conta.

Hélder Aragão, o DJ Dolores, sergipano radicado no Recife, apresentou ao Rec-Beat 2020 um novo projeto, realizado em parceria com o sergipano radicado em Recife Hélder Aragão: DJ Dolores & Recife 19. Dolores segue na mistura colorida de ritmos locais e batidas eletrônicas e animou a galera – em um show brevemente interrompido por uma briga na plateia, controlada prontamente.

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DJ Libra. Foto: José Britto

“Infelizmente essa confusão deu uma pequena desconcentrada na gente, mas seguimos. Esse foi nosso show de lançamento oficial”, conta. “Já fiz muitos discos na minha vida, primeiro produzo o disco e depois convido a banda para performar ao vivo”.

Segundo Dolores, o álbum foi bem-sucedido na Europa, ficando em segundo lugar em charts especializados. Erika Natuza, Guga Fonseca, Samico, Aishá e Deco, com participação especial de Jr. Black, brilharam no palco. “É uma mistura de gente jovem e velhinhos como eu”, brinca Dolores.

Aproveitei a chance para saber da opinião dele sobre a recusa de Lia de Itamaracá em tocar para o Governo do Estado, devido ao valor do seu cachê. Dolores é o produtor do mais novo LP de Lia, “A Rainha da Ciranda”, e participa dos shows de divulgação. Ele não economizou críticas à postura do governo e defendeu a cultura local acima de tudo.

“Toda minha carreira é apoiada na cultura popular brasileira, e acho importante valorizar isso, inclusive monetariamente. Não adianta dizer ‘Ah, a Lia é uma grande artista’ se você não paga bem para ela. Acho que tem uma grande dose de racismo quando você pega uma cantora extraordinária como Lia e paga pouco. Respeito não é uma coisa só de palavra, é dinheiro também”, defende.

Segundo tempo – Paralamas no Marco Zero

Assim que conversei com Dolores, fui voada conferir uma atração que mexia com a memória afetiva de muitos foliões: Paralamas do Sucesso. Apenas 450 metros separam o palco do Rec-Beat, no Cais da Alfândega do Marco Zero. Mas em um dia de Carnaval. Multiplique essa distância por 4, hahaha!

Não que seja ruim, pelo contrário. Ao passar pelas ruas do antigo, me senti em uma jukebox temática: samba na Rua da Aurora, maracatu na Avenida Rio Branco, rock na Rua do Apolo. Até que cheguei no palco principal. Herbert Vianna, Bi Ribeiro e João Barone já estavam a todo vapor.

Tem que respeitar os caras. São mais de 30 anos de carreira desfiados em inúmeros hits – Eu tenho somente 32, mas conhecia todas as músicas, impressionante! Ao cantar a canção Ska, Vianna foi logo anunciando: “Essa música tem um ritmo que lembra frevo”. Fui frevar para testar, né, não é que os passos sincronizam direitinho?

A surpresa do show foi a participação especial de Pitty, que havia se apresentado momentos antes, no mesmo palco. Ela cantou em dueto com Herbert a canção “Vendo a Lua”, e estava tão à vontade, de vestido florido, que parecia mais uma recifense do que a roqueira baiana que estamos acostumadas a ver na TV.

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A cantora Pitty participou do show dos Paralamas. Foto: Ed Machado/PCR

Tenho que dar palmas também para a banda de apoio, o sax estava incrível e os sintetizadores também. Os Paralamas têm um repertório tão sólido que ele já se integrou ao imaginário popular – mesmo com a modéstia de Vianna em dizer, antes de algumas canções, que “muitos de vocês não eram nem nascidos ou não vão nem conhecer essa”.

Conhecendo todas ou não, um fato foi certo: todo mundo cantou sem parar! Um show lindo à altura do Carnaval do Recife.

Alô, Interdependente, pode me chamar para mais eventos assim, viu? Adoro!

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