Selva Varotto contou detalhes da sua trajetórcio em entrevista a Daniel Gontijo. Selva começou sua vida em um lar cristão, frequentando a Igreja Metodista desde a infância. Essa experiência inicial foi marcada por uma estrutura religiosa tradicional que não incluía práticas extremas como a glossolalia ou profecias. Com o passar do tempo, a família de Selva mudou-se para uma Igreja Batista Independente, que tinha raízes suecas e que oferecia um ambiente mais acolhedor.
O batismo de Selva aconteceu em um tanque da igreja, onde ela aceitou Jesus como seu Salvador. No entanto, mesmo com esse compromisso, Selva nunca se sentiu completamente fervorosa em sua fé. Ela sempre buscou ser justa e honesta, mas sua natureza rebelde a levou a questionar as normas e convenções da igreja.
A Influência da Mãe e o Terrorismo Psicológico
A relação de Selva com sua mãe foi uma parte crucial de sua formação. Sua mãe, uma cristã fervorosa, impôs uma série de regras rigorosas que geraram um ambiente de medo e culpa. Selva descreve sua infância como marcada por um “terrorismo psicológico”, onde o corpo e a sexualidade eram temas de intensa vigilância. Essa pressão levou Selva a desenvolver uma aversão a tocar seu próprio corpo, sentindo-se impura e envergonhada.
As instruções de sua mãe sobre higiene e moralidade criaram um ciclo de culpa que Selva carregou por muitos anos. Essa experiência de controle e julgamento moldou sua percepção sobre a sexualidade e o corpo, levando-a a uma relação conflituosa com sua própria identidade.
Questionando a Fé: A Evolução do Pensamento
À medida que Selva crescia, começou a questionar não apenas as doutrinas da igreja, mas também a própria existência de Deus. O surgimento da Teoria da Evolução foi um dos primeiros pontos de conflito. Ela se perguntava como poderia ser possível que os humanos fossem descendentes do barro, enquanto a ideia de um ancestral comum com primatas parecia mais plausível.
Essa curiosidade intelectual a levou a discutir suas dúvidas com sua mãe, que tentava confortá-la, mas a cada tentativa, Selva sentia-se mais distante das crenças que a cercavam. Essa luta interna começou a criar espaço para novas ideias e questionamentos sobre sua fé.
A Igreja como Refúgio e Cadeia
Durante sua adolescência, a igreja se tornou um espaço onde Selva buscava aceitação e compreensão, mesmo que isso significasse se encaixar em um molde que não a representava plenamente. Ela se sentia como uma “gótica” em um espaço que supostamente deveria ser acolhedor, mas que ainda assim impunha limites e proibições.
O moralismo da igreja e a pressão para se conformar aos padrões criaram um ambiente de tensão. Selva, que se via como uma rebelde, tentava se encaixar, mas frequentemente se sentia como uma estranha. Essa dualidade entre a busca por pertencimento e a necessidade de autenticidade a levou a um ponto de ruptura.
O Caminho para a Desconversão
O processo de desconversão de Selva não foi repentino; foi um acúmulo de experiências e reflexões. Ela começou a se afastar da igreja, não por desilusão com líderes ou escândalos, mas por uma crescente percepção de que suas crenças não se sustentavam mais. O contato com outras ideologias e movimentos sociais, como o feminismo e a luta pelos direitos LGBTQ+, ampliou sua visão de mundo.
Um momento crucial foi a leitura do livro “Deus, um Delírio” de Richard Dawkins. Essa obra a encorajou a explorar o ateísmo de maneira mais profunda. Selva percebeu que não precisava mais se sentir culpada por suas dúvidas e que era possível viver uma vida plena sem a necessidade de um Deus ou das doutrinas da igreja.
A Experiência Espiritual e a Reconexão com a Vida
Após sua desconversão, Selva teve experiências espirituais que a ajudaram a entender sua relação com a vida e a humanidade. O uso de substâncias como a ayahuasca permitiu que ela explorasse sua ancestralidade e se reconectasse com aspectos do feminino que havia rejeitado em sua infância. Essas experiências a ajudaram a compreender sua história e a aceitar sua identidade como mulher.
Selva reflete que, embora tenha se afastado da religião organizada, não nutre aversão ao cristianismo ou a Jesus. Para ela, muitos dos ensinamentos cristãos são valiosos e podem coexistir com uma visão de mundo secular e humanista.
Considerações Finais: A Importância do Diálogo
A história de Selva Varotto é uma rica tapeçaria de crenças, questionamentos e autodescoberta. Sua jornada ilustra a complexidade das experiências humanas em relação à fé e à identidade. Selva enfatiza a importância do diálogo entre diferentes perspectivas, especialmente entre crentes e não crentes. Ela acredita que o verdadeiro entendimento só pode surgir quando as pessoas estão dispostas a ouvir e aprender umas com as outras.
Assista à entrevista completa.
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