Em paralelo à história principal de “Ninguém vai te salvar”, há o mistério: o que terá a protagonista feito para chegar ao ponto de nenhum vizinho falar com ela e ninguém na cidade ir com a cara dela?
É comum que se diga, em cursos de roteiro, que todas as histórias já foram contadas, mas isso não deve ser encarado como um problema, já que o que importa mesmo é como se conta. Dito isso, “Ninguém vai te salvar” (disponível no Star+) é uma delicia de filme. Não há nada de original na ideia “jovem tenta sobreviver a uma invasão alienígena”, mas o modo como essa história é contada faz com que o novo filme de Brian Duffield prenda a atenção do espectador, oferecendo entretenimento de ótima qualidade.
A excelência do filme é o resultado de um conjunto de qualidades: a música de Trapanese, a atuação maravilhosa de Kaitlyn Dever, a sequência belissima de imagens. Juntaram tudo de bom e conseguiram oferecer um resultado excelente a partir de um plot clichê: aliens invadem a Terra.
Uma das coisas que eu achei de mais sensacionais no filme é o fato de ele se sustentar inteirinho sem diálogos. Se você ouvir sete frases ditas ao longo do filme inteiro, terá sido muito. O que faz sentido, já que a protagonista está sozinha em sua casa e os vizinhos dela estão longe, além de não falarem com ela. Achei realista. Pense: você acorda de madrugada e tem um alienígena assustador na sua sala. Você:
a) Começa a gritar “quem é você??? O que quer de mim??? Como entrou na minha casa???”
b) Começa a discutir física quântica.
c) Apenas grita, corre de um lado pro outro, começa a atirar coisas na criatura, grita, grita e grita.
A maioria dos filmes do gênero iria pela alternativa “a”, e com certeza algumas pessoas teriam essa reação. Mas tenho pra mim que o mais comum seria a reação da letra “c”. E é isso o que rola o tempo todo: sons, muitos sons, entre gritos, zumbidos esquisitos, estalos, batidas, mas nada de diálogos humanos. A protagonista dá trabalho aos aliens, e a sequência de luta pela sobrevivência deixa a gente com os olhos pregados na tela.
Em paralelo à história principal de “Ninguém vai te salvar”, há o mistério: o que terá a protagonista feito para chegar ao ponto de nenhum vizinho falar com ela e ninguém na cidade ir com a cara dela? Isso tudo você descobrirá à medida que assistir à historia.
O fim incomodou algumas pessoas. Eu achei muitissimo adequado, bem amarrado.
VEJA TAMBÉM