Eclipse anular do Sol: atenção aos cuidados com os olhos

 Eclipse anular do Sol: atenção aos cuidados com os olhos

Imagem de Dave Davidson por Pixabay

Nesse evento astronômico, que é um eclipse anular do Sol, o disco da Lua cobre o disco do Sol, mas como o disco lunar estará levemente menor, o Sol não será inteiramente cancelado

Por Alexey Dodsworth

No dia 14 de outubro de 2023, que é um sábado de feriado prolongado, vai acontecer um fenômeno natural de rara beleza: um eclipse anular do Sol, visível nos céus do Brasil. Nesse evento astronômico, que é um eclipse anular do Sol, o disco da Lua cobre o disco do Sol, mas como o disco lunar estará levemente menor, o Sol não será inteiramente cancelado.

O que poderá ser visto é uma espécie de anel de luz. O lance é que o eclipse não vai ser visto do mesmo modo em todas as cidades brasileiras. Se você estiver nas regiões Norte e Nordeste, a minha recomendação é que você não saia daí, pois é nessas regiões que o eclipse será visto em sua melhor magnitude.

A Paraíba inteira será privilegiada, assim como o Rio Grande do Norte. Por volta das três e meia da tarde, o eclipse começa. O evento atinge seu máximo por volta das quatro e quarenta e cinco da tarde, a depender da cidade, então começa a se desfazer e se encerra ao pôr do Sol.

Os demais estados do Nordeste, assim como os do Norte, serão agraciados com a possibilidade de uma visualização do eclipse em sua magnitude quase máxima, isso é claro se o céu não estiver nublado. Atente que, em algumas cidades do Norte, o máximo do eclipse acontece mais cedo, por conta das diferenças horárias.

Se você vive em outras regiões do Brasil, eu recomendaria que você considerasse seriamente a ideia de visitar cidades do Norte e Nordeste, principalmente as paraibanas ou as do Rio Grande do Norte. Além da beleza do eclipse, você se encantará com as comidas regionais.

Já nas cidades do Centro-Oeste, se o céu não estiver nublado, o eclipse será visualizado de maneira parcial, da maneira que vocês veem aí na tela. Pode não ser a perfeição que vai acontecer na Paraíba e no Rio Grande do Norte, mas ainda assim será um evento espetacular.

Em terceiro lugar, em termos de magnitude, teremos as capitais das cidades sudestinas, onde o disco da Lua cobrirá metade do disco do Sol aproximadamente. O processo vai ser o mesmo, por volta das três e meia da tarde o eclipse começa, pouco depois das quatro e quarenta e cinco da tarde ele atinge seu máximo e então começa a se desfazer até o pôr do sol.

E por fim, nós temos as cidades do Sul do Brasil, onde o eclipse será visto de forma bem parcial, será a magnitude mais baixa. Importa saber que onde quer que você esteja, vai ser necessário seguir alguns protocolos de segurança para poder visualizar o eclipse, sob o risco de você danificar sua visão.

A gente não deve nunca sustentar o olhar na direção do Sol usando óculos escuros ou com os olhos nus, muito menos usando negativo de filme, chapa de raio-x. Não importa que você conheça gente que diga que na sua infância você usava chapa de raio-x para olhar para o eclipse, você já fez isso e não aconteceu nada.

Quem fez isso e não aconteceu nada é porque teve sorte ou porque ainda não aconteceu, porque os danos à visão se manifestam muitas vezes um pouco mais nos anos que vem depois. Então, para você evitar uma catarata precoce e uma série de doenças oculares que podem acontecer porque você cometeu a imprudência de ficar olhando para o Sol, o adequado é que você utilize óculos especiais para visualizar o eclipse.

Dá para comprar pela internet, é muito baratinho, é um óculos feito de papel, não tem nada de especial. Mas você pode dizer assim, “poxa Alexey, eu não estou achando esses óculos especiais para poder comprar na internet”. Não tem problema. Você pode comprar, ema uma loja de material de construção, qualquer uma, e um vidro de soldador número 14.

É um retângulo bem pequeno, praticamente mais ou menos do tamanho desse óculos aqui. Você compra esse retângulo, deve custar uns 6 reais, 7 reais, e você pode utilizar ele para visualizar, para olhar para o Sol. Agora, mesmo com os óculos especiais ou com o vidro de soldador número 14 que você encontra em loja de material de construção, você pode utilizar esse instrumento para olhar para o Sol, para ver o eclipse durante 3 minutos, no máximo.

Depois você para, desvia o olhar, olha para outra coisa por mais 3 minutos, dá o instrumento para outra pessoa usar enquanto você descansa. Depois você pode pegar por mais 3 minutos e também não tem que ficar olhando 3 minutos. O eclipse vai ter etapas.

Etapas do eclipse anular do Sol

Como eu disse, ele começa por volta de 3 e meia da tarde, vai depender da cidade. Algumas cidades do Norte começam um pouco mais cedo, começam bem mais cedo, na verdade. Tem um momento do apogeu, do eclipse, que na maioria das cidades brasileiras é por volta de 4, 45, um pouco mais cedo, um pouco depois.

E aí vai até o pôr do Sol. Você não precisa ficar olhando o eclipse acontecer o tempo inteiro. Você olha 3 minutos, descansa, olha, depois mais 3 minutos. Beleza? Agora não olhe diretamente, não use óculos escuros, não use negativo de filme, nem chapa de raio-x.

Por fim, a gente faz um convite. No dia 13 de outubro, sexta-feira, o dia anterior do eclipse, eu vou estar no auditório da FIEP, de Campina Grande, lá na Paraíba, para a realização de um seminário junto com outros astrônomos. A ideia é oferecer para a população, em linguagem completamente acessível, de uma maneira que qualquer pessoa possa entender, explicações sobre o que é o eclipse, por que ele acontece, quando ele acontece, protocolos de segurança, os tipos de eclipse, etc.

Evento público no auditório da FIEP

Qualquer pessoa pode aparecer a partir das 19h no auditório da FIEP, de Campina Grande. E no sábado, a gente vai se dirigir até o Lagedo de Pai Mateus para poder fazer a observação. Estarão presentes no evento da FIEP o presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, Renato Janine Ribeiro, e o diretor regional, o diretor paraibano da Sociedade Brasileira do Progresso da Ciência, o Diogo Lopes.

É só aparecer lá. Enfim, se programe em qualquer cidade que você esteja, procure um lugar que não tenha prédios, nem morros, impedindo a visualização do sol, e siga os protocolos de segurança, e aproveite, porque é um evento que, apesar de não ser tão raro (eclipses solares acontecem todos os anos), não acontece sempre de uma maneira que seja possível visualizar no Brasil.

E independente de onde você esteja, eu tenho certeza que isso vai ser um evento inesquecível. Até lá.

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