O metal é reacionário?

Gui Afonso, do canal Rádio Guerrilha, abordou neste vídeo tema sobre metal e reacionarismo, conduzindo uma análise minuciosa e expondo diversas contradições presentes no estilo musical e nas interações das pessoas com essas contradições. Nesta exposição, ele se propôs a ampliar o escopo do debate, enfatizando que, em sua opinião, o metal como estilo musical é caracterizado pela conjugação de várias visões que, frequentemente, podem ser consideradas antagônicas ou paradoxais. Isso ocorre devido à diversidade de correntes e linguagens que se desenvolveram ao longo do tempo, com ênfase nos anos 80. Em geral, o metal é identificado como um gênero que se encaixa no contexto do capitalismo, mas ao mesmo tempo, desafia e questiona a sociedade em que vivemos.

Historicamente, ele argumentou que todas as manifestações culturais surgidas após a Segunda Guerra Mundial estão intrinsicamente ligadas a uma lógica capitalista, especialmente o capitalismo estadunidense. Mesmo os artistas que estão alinhados com o sistema capitalista adotam uma postura crítica em relação a ele.

A juventude que emergiu a partir dos anos 50, dentro desse contexto capitalista, buscava se identificar com o rock and roll, uma música que inicialmente acreditavam poder unir brancos e negros, superando o racismo. No entanto, ao longo do tempo, perceberam que o capitalismo continuava a exercer influência e que a opressão persistia. Isso motivou essa juventude a lutar por mudanças e a questionar a sociedade da época.

Na década de 60, uma nova geração surgiu com a ideia de uma revolução, acreditando na necessidade de distribuição de poder e democratização da sociedade. O movimento hippie representa um exemplo desse pensamento. Entretanto, nos anos 70, com o prosseguimento da Guerra Fria e a falta de resolução de conflitos, a desilusão cresceu, e alguns jovens deixaram de lutar.

A partir dos anos 70, o neoliberalismo começou a ganhar força nos Estados Unidos e na Inglaterra, ampliando o desemprego e a exposição dos problemas sociais. A juventude se viu desconsiderada em suas reivindicações e, nesse contexto, o metal surgiu como uma resposta à decadência e à opressão inerentes ao sistema capitalista. Em sua maioria, jovens brancos, esses indivíduos sentiram que não se enquadravam na sociedade e viram no metal uma forma de expressar sua revolta.

O metal frequentemente incorpora letras que abordam temas como morte, depressão, guerra e críticas sociais, com o propósito de chocar, evidenciar o peso da realidade e questionar o sistema. Não há um diálogo colaborativo entre o metal e o sistema, uma vez que o metal não é amplamente aceito pela sociedade e não busca soluções dentro dela. Pelo contrário, o metal busca a desconstrução do sistema para permitir a construção de um novo mundo.

O metal não pode ser rotulado como puramente reacionário ou revolucionário. Ele existe dentro de um sistema capitalista e serve como um meio de interação com a opressão e decadência inerentes a esse sistema. O metal oferece uma alternativa para a expressão da revolta, proporcionando um espaço para que pessoas que não se encaixam nos padrões estabelecidos se manifestem e encontrem um sentido dentro dessa sociedade.

É importante destacar que o metal é predominantemente associado a uma expressão extremamente masculina, o que reflete os valores de uma sociedade patriarcal. Essa masculinidade exagerada no metal pode ser vista como uma tentativa de reivindicar um espaço em uma sociedade que questiona a masculinidade idealizada. No entanto, isso não implica que o metal seja uma expressão do machismo, nem que seus adeptos adotem uma postura machista. Pelo contrário, muitas mulheres encontram no metal uma plataforma para questionar os padrões de gênero impostos por uma sociedade patriarcal.

Em resumo, o metal é um estilo que desafia e confronta a realidade capitalista, proporcionando uma saída para a expressão da revolta daqueles que não se encaixam nos padrões estabelecidos. O metal não busca soluções dentro do sistema, mas sim sua desconstrução, representando uma maneira de dar voz e visibilidade às pessoas marginalizadas por essa sociedade opressora.

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