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Festival Aurora Instrumental faz edição dedicada às mulheres
O olhar feminino a partir de novas sonoridades e a união de diferentes linguagens são o foco do Funcultura Festival Aurora Instrumental, contemplado pelo Funcultura
O Festival Aurora Instrumental volta repleto de novidades em 2022. A primeira é a mudança de endereço: os shows saíram do Teatro Arraial, no Recife, e passam a ocupar o palco do Teatro Fernando Santa Cruz, no Centro Cultural Mercado Eufrásio Barbosa, em Olinda. Consolidado como espaço de expressão da diversidade, tradição e renovação da música instrumental pernambucana, o festival oferece espetáculos liderados por mulheres, sob a curadoria da violeira Laís de Assis. A edição foi intitulada de “O Som que NELAS Habita”.
O olhar feminino a partir de novas sonoridades e a união de diferentes linguagens são o foco do evento, contemplado pelo Funcultura. Serão oito concertos, de 24 e 27 de novembro (quinta-feira a sábado), sempre a partir das 19h, e no domingo, às 17h.
Laís de Assis destaca o papel do evento de fomentador da produção feminina na música instrumental no Estado.
“São poucos os espaços dados às mulheres, sobretudo, quando pertencentes a grupos étnico-raciais entendidos como minorias. Acompanhando estas mudanças, sugerimos um maior enfoque das produções das mulheres instrumentistas do Estado, potencializando a diversidade musical destas artistas”, comenta a curadora.
A preocupação é reforçada pelo diretor artístico, o percussionista Gilú Amaral: “Precisamos repensar por que as mulheres estão fora deste mercado musical, ou os motivos para estarem em menor quantidade. É também uma questão política”, argumenta ele, que é um dos idealizadores do Aurora, ao lado do produtor executivo Félix Aureliano.
A trombonista Neris Rodrigues e a rabequeira e violinista Aglaia Costa abrem a programação, no dia 24. A olindense Neris, graduada em Música pela UFPE, com Bacharelado em Trombone, assume influências afro-indígenas e latino-americanas, ao lado de programações sonoras eletrônicas e da improvisação.
No repertório, coco, baião e choro são reinventados pela artista, que já tocou com Johnny Hooker, Banda Clave de Fá e o sambista Jorge Riba, além de Orquestra 100% Mulher e Cordel do Fogo Encantado.
A porção armorial do festival vem com Aglaia Costa, uma das principais representantes da rabeca no Estado. Integrante da Orquestra Sinfônica do Recife por mais de 30 anos, quando se dedicava ao violino, ela abraçou a rabeca como instrumento principal.
Para este show, Aglaia e sua rabeca estarão acompanhadas no palco por mais três violoncelistas, equilibrando o erudito e a percussão popular, com alfaia e tarol. No repertório, compositores pernambucanos (Edson Rodrigues, Sérgio Campelo, Antônio Madureira e maestro Clóvis Pereira) e músicas autorais.
No dia 25, a flautista Ingrid Guerra faz sua estreia como atração principal, ao lado de Lígia Fernandes (violão e guitarra) e Diôgo Do Monte (percussão). Ao assumir o protagonismo, Ingrid satisfaz o desejo de abraçar a flauta popular, com predominância do frevo, e músicas que compõem sua memória afetiva, indo pelo forró, xote e salsa.
Licenciada pela UFPE e técnica em flauta pelo Conservatório Pernambucano de Música, ela homenageia seus mestres, como César Michiles e Sérgio Campelo, e estrelas como Altamiro Carrilho e Sivuca.
Em seguida, é a vez do Desdobrado Trio, liderado pela violeira Raquel Paz. O conjunto traz uma formação inusitada para o universo popular, ao unir um instrumento erudito de cordas friccionadas à sanfona e ao violão de 7 cordas de aço.
Entre os shows da carreira, apresentações no Conservatório Pernambucano, Usina de Arte, Poço das Artes e na Mostra Canavial de Música Instrumental.
Mistura peculiar
A terceira noite de performances mostra uma mistura peculiar, ao unir a guitarra da garanhuense Lígia Fernandes à rabeca de Renata Rosa, de São Paulo, mas que divide sua rotina com Pernambuco desde os anos 90.
Os estilos de tocar guitarra nas regiões N e NE do Brasil são evidenciados no show “Guitarra à brasileira”, do Lígia Fernandes Trio. Dedicada ao repertório de músicas instrumentais autorais, o grupo também aposta em releituras de compositores consagrados, a exemplo de Fred Andrade, Jacob do Bandolim e Armandinho.
Por sua vez, Renata Rosa traz composições instrumentais, cavalos-marinhos e releituras de sua trajetória musical autoral, tendo como eixo a rabeca. Ela conta com a participação de Rodrigo Samico na viola e violão de sete cordas.
A artista tem discos premiados no Brasil e no exterior, como o CD de estreia “Zunido da Mata” (Prêmio Choc de l’Année do Le Monde de la Musique). Produziu o primeiro CD de Mestre Luiz Paixão – “Pimenta com Pitú”.
O Aurora também abraça a música instrumental do interior do Estado, ao convidar Vitória do Pife, para abrir a última noite. Ela apresenta composições autorais, como “Assobios ao Vento” e “A briga do Cachorro e Onça”, com a participação especial de Laís de Assis, fechando com “Baião Destemperado”.
Luthier de pífanos, professora, musicista e compositora desde 2017, a caruaruense Vitória Maryellen adotou o nome artístico de Vitória do Pife por ser discípula do Mestre João do Pife, que a apresentou ao instrumento.
A apoteose do Aurora será com Negadeza, residente no Rio de Janeiro. Neta de Dona Selma do Coco, ela iniciou há 25 anos o contato com a música, quando tinha 12 anos e começou a tocar mineiro na banda da avó. Filha de Aurinha do Coco e Zezinho, herdou a influência de outros nomes da cultura popular. Seu contato maior é com instrumentos percussivos; destaque para o pandeiro.
Inclusão social
Três pontos no Festival Aurora Instrumental estão conectados à questão da inclusão social: 10% da bilheteria por dia será disponibilizado para pessoas trans e travestis (na lista Trans Free) e os ingressos possuem a meia-entrada a R$ 15, que dá acesso a pessoas com deficiência, idosos com mais de 60 anos e estudantes, além de professores e ID Jovem (de 15 a 29 anos, de baixa renda).
O terceiro ponto é a arrecadação de absorventes higiênicos, junto aos espectadores, para instituições em Olinda que acolhem mulheres em situação de vulnerabilidade.
SERVIÇO
Festival Aurora Instrumental – O Som que NELAS Habita. De 24 a 26/11, às 19h; 27/11, às 17h, no Teatro Fernando Santa Cruz (Mercado Eufrásio Barbosa – Av. Joaquim Nabuco, Varadouro, Olinda-PE). Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada), na bilheteria (abre 1 hora antes do show) e no Sympla
PROGRAMAÇÃO Festival Aurora Instrumental
Dia 24/11: Neris Rodrigues e Aglaia Costa
Dia 25/11: Ingrid Guerra e Desdobrado Trio
Dia 26/11: Lígia Fernandes e Renata Rosa
Dia 27/11: Vitória do Pife e Negadeza
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