A história do alemão forrozeiro homenageado por músicos brasileiros [ARQUIVO]

 A história do alemão forrozeiro homenageado por músicos brasileiros [ARQUIVO]

Jan do Pandeiro. Reprodução

 

A história de Jan Lumme, alemão forrozeiro homenageado por músicos brasileiros

 

Por AD Luna
@adluna1

Indicado em 1991 ao mais conhecido prêmio internacional da música, o Grammy, o disco “Brazil: forró – music for maids and taxi drivers” (Brasil: forró – música para empregadas domésticas e motoristas de táxi) pode ser encontrado apenas em lojas físicas ou virtuais estrangeiras (saiba mais clicando aqui). Foi por indicação de uma amiga paulista que o alemão Jan Lumme, 31 anos, morador de Bielefeld, no Nordeste da Alemanha, tomou conhecimento da mais famosa manifestação musical do Nordeste e do álbum Brazil: forró. Encantado pelo que ouviu, Jan do Pandeiro (seu nome artístico) começou a publicar vídeos no YouTube nos quais ele aparece tocando músicas de Toinho de Alagoas, um dos forrozeiros presente no disco.

Ao procurar por vídeos de Toinho na internet, o técnico pernambucano de som João “Janjão” Vasconcelos (que trabalhou nas gravações das músicas presentes no Brazil: forró) acabou se deparando com o alemão que curte forró.

A partir de um vídeo postado por Jan do Pandeiro tocando a canção Bicho da cara preta, de Toinho de Alagoas, o pessoal da Panela Produtora – empresa paulistana na qual Janjão trabalha – fez, no ano passado, um vídeo com versão remixada da original postada por Jan, com a participação de alguns músicos. Entre eles, Zé da Flauta, o produtor original das 17 faixas do Brazil: forró.

ENTREVISTA COM JAN DO PANDEIRO

O que você faz na Alemanha, trabalha profissionalmente com música?

Não sou um músico profissional, talvez semi-profissional. Atuo como terapeuta ocupacional, trabalhando com pessoas com deficiências mentais. Música é apenas um hobby para mim, mas eu quero tocar realmente bem alguns instrumentos brasileiros e estou praticando muito para isso. Pandeiro e cavaquinho são os meus favoritos. Também tocar violão e outros instrumentos de percussão. Há algumas bandas nesta região, das quais eu participo. Fazemos muitos shows.

Como você conheceu o forró e quais foram suas primeiras impressões ao ouvir o álbum Brazil: forró?

Já tinha interesse por música brasileira e eu comecei a tocar em um grupo de percussão que tentava executar ritmos do Brasil. Nesse grupo eu conheci uma paulista que mora aqui em Bielefeld. Ela ama forró e me ensinou um pouco sobre essa música. Hoje, nós somos bons amigos e tocamos juntos frequentemente.

Eu também aprendo sobre forró por meio da internet. Foi na rede que eu descobri um artigo sobre o disco Brazil: forró. Então, eu decidi comprá-lo. Eu fiquei muito impressionado com a música de Toinho de Alagoas, especialmente pelo jeito de cantar rápido, o ritmo e a sanfona bem tocada. A música parece ser simples, mas a expressão é fantástica!

Quais seus sentimentos em relação à nova versão do vídeo de Bicho da cara preta que brasileiros fizeram em sua homenagem?

Um dia, eu quis gravar a canção e publicá-la no YouTube (em dezembro de 2009). Apenas por diversão, sem expectativa de que algum brasileiro fosse assisti-la. Meus amigos gostaram do vídeo e, um ano depois, recebi um e-mail de Janjão, da Panela Produtora, que havia originalmente gravado esta canção com Toinho de Alagoas.

Meus primeiros pensamentos foram: “Hum, devo estar encrencado por não ter obtido os direitos para gravar a música!”. Mas, Janjão e seus amigos da produtora me explicaram que, na verdade, eles estavam muito impressionados com o fato de um alemão tocar forró.

E eles me surpreenderam com um remix do meu vídeo. Eles acrescentaram instrumentos e fizeram um clipe realmente profissional. Fiquei muito feliz com isso. Na verdade, ainda estou feliz e agradecido.

Já veio ao Brasil alguma vez?

Nunca estive no País, infelizmente. Espero algum dia encontrá-los no Brasil algum dia. Tenho visto muitas reações positivas de brasileiros que assistem meus vídeos no YouTube. Nunca pensei que isso fosse acontecer porque eu não toco muito bem e meu português é ruim.

No futuro, eu quero aprender mais sobre a língua e a música brasileira. Também quero visitar o Brasil. Mas, primeiro, preciso juntar dinheiro para poder viajar. 🙂

Abaixo vídeo que mostra reação de Jan do Pandeiro ao ver, pela primeira vez, a homenagem que brasileiros fizeram a sua paixão pelo forró.

(Matéria publicada originalmente no Jornal do Commercio, em 10/06/2012)

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