Cena underground pernambucana vai às ruas contra o fascismo
Metal contra o fascismo. O jornalista, escritor e músico Wilfred Gadêlha diz que no universo do underground há muita gente que se posiciona contra o reacionarismo
Por AD Luna
No sábado, dia 2 de outubro, várias cidades do Brasil registraram protestos contra o atual governo. No Recife, pessoas ligadas ao metal, punk e hardcore também marcaram presença, por meio do Underground nas Ruas.
Entre os participantes, estava o músico e jornalista Wilfred Gadêlha. De acordo com ele, a movimentação surgiu em setembro, a partir da reunião de algumas pessoas que integram o underground da região metropolitana da capital.
“Foi basicamente porque estávamos sentindo a necessidade de ir às ruas combater essa coisa toda que vem acontecendo no governo Bolsonaro e adjacências. Fizemos uma cota para fazer uma faixa e já fomos, ainda poucos, ao Grito dos Excluídos, no Sete de Setembro”, explica Gadêlha, autor do livro Pesado – Origem e Consolidação do Metal em Pernambuco , roteirista do documentário Pesado – Que Som É Esse Que Vem de Pernambuco? e um dos apresentadores do programa de rádio Pesado – Lapada para todos os gostos.
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“Posso dizer que foi algo espontâneo e que vem crescendo, com gente de todo o Estado, do metal, do punk, enfim, do underground mesmo. Neste sábado a gente já foi para a praça do Derby em maior número. E a tendência é isso ir aumentando”, expõe, citando o local marcado pela organização geral dos protestos, para o encontro no Recife.
Prevent Senior e metal contra o fascismo
Criada em 2014, a banda de metal Armored Down “conquistou” maior notoriedade fora do nicho depois que o nome de um dos seus membros e fundador, Eduardo “Parras” Parrillo, tornou-se público quando se revelou ser ele um dos sócios-fundadores da Prevente Senior, juntamente com seu irmão Fernando Parrillo (integrante de outra banda, a Dr. Pheabes).
A empresa paulista de assistência médica Prevent Senior é investigada pela CPI da COVID-19 por envolvimento num esquema de distribuição e receita massiva de medicamentos com eficácia não-comprovada contra a doença.
A ação está sendo classificada como um esquema realizado em parceria com juntamente com o Ministério da Saúde e o presidente Jair Bolsonaro – ou seja, uma espécie de “gabinete paralelo” devotado a práticas pseudocientíficas, anti-éticas e criminosas.
“Não vivamos mais como escravos” – Realidade Encoberta
Logo depois dessas informações virem a tona, parte da imprensa e pessoas aparentemente bastante antipáticas ao rock e ao metal passaram a associar e enfatizar repetidamente a ligação desses estilos aos crimes que estão sendo investigados.
“Sobre essa questão da Prevent Senior, existe um problema sério aí de representatividade. Muitas vezes, as pessoas não entendem e preferem ir pelo caminho mais fácil e generalizar. E isso é muito ruim”, diz Gadêlha, ex-vocalista das bandas recifenses Cruor, Will2Kill (ambas de metal) e Câmbio Negro HC (hardcore).
Underground contra o fascismo e “reação contra os reaças”
Para Wilfred, é perigoso ficar citando a todo momento figuras como o youtuber Nando Moura – “que não têm a menor representatividade na cena de metal e que aparecem muito por serem histriônicos” -, e deixar de falar de gente como as integrantes da banda Eskröta, Fernanda Lira (vocalista e baixista da Crypta), Carlos Lopes (fundador e líder da Dorsal Atlântica), Lohy Fabiano, da Rebaellium, Pedro Poney, do Violator, entre muitas outras pessoas.
“False messiah” – Violator
Coletânea reúne 105 bandas nordestinas de metal que protestam contra o fascismo
Lançada pelo selo e produtora Tocaia em formato digital e físico, a coletânea “Nordeste Em Chamas Vol. 2” mapeia a produção musical do Underground Nordestino, com a participação de 105 bandas de diversos segmentos da música pesada: death, thrash, heavy, hardcore, grindcore, punk, crossover.
O CD e a camisa com arte da capa, assinada por Adilson Lima, podem ser adquiridas por meio do WhatsApp 73 98118-6530 e pelo tocaia@tocaiaselo.com .
Fora Genocida Metal Fest apresenta segunda edição
“Uma ameaça à democracia, aos direitos humanos, à liberdade de expressão e à cultura”. Foi pelo desejo de conter tais malefícios que a banda pernambucana Pandemmy criou o Fora Genocida Metal Fest.