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UFPB celebra Movimento Armorial e Antonio Madureira
Universidade Federal da Paraíba homenageia movimento criado por Ariano Suassuna e os 71 anos de Antonio Madureira
Para homenagear os 50 anos do Movimento Armorial – de cultura e artes brasileiras, especialmente, as nordestinas -, a Universidade Federal da Paraíba programou o “Simpósio ON LINE de Música e Interfaces Artísticas”, que acontecerá nos dias 4, 5 e 6 de dezembro, com transmissão pelo canal Demus-UFPB.
O evento terá a participação de grupos de música armorial, que ao lado da Universidade aproveitam a ocasião para, também, homenagear o compositor e instrumentista Antonio Madureira, que acaba de completar 71 anos de idade, em 24 de novembro.
Os grupos musicais Rosa Armorial, de Curitiba (PR), Madureira Armorial, de Campinas (SP) e Quinteto Aralume, de São Paulo formaram um coletivo “Amor Armorial”, que participará do evento da UFPB, no dia 04, às 19h15, por meio de uma live.
Eles vão apresentar conteúdo inédito, incluindo composições criadas para marcar os 50 anos do Movimento Armorial, bem como em homenagem a Antonio Madureira, que a ele se integrou aos 21 anos de vida.
No dia 05 haverá as participações dos grupos Madureira Armorial, às 10h45, Quinteto Aralume, às 17h15, e Rosa Armorial, às 18h.
A criação do Movimento Armorial
O Movimento Armorial foi idealizado, articulado e dirigido pelo escritor, poeta e dramaturgo Ariano Suassuna, autor de “A Pedra do Reino” e “Auto da Compadecida”, na cidade de Recife, no ano 1970, com o envolvimento acadêmico da Universidade Federal de Pernambuco.
Seu manifesto deu-se por linguagens artísticas diversas: xilogravura, pintura, artesanato, dramaturgia, dança e música, além dos dois grandes pilares de expressão e interpretação da cultura brasileira: a música e a literatura.
Suassuna e seus pares queriam promover a associação das diferentes manifestações artístico-culturais, originalmente nordestinas, para gerar uma obra popular e erudita, ao mesmo tempo.
O Movimento defendia o fim da segregação da cultura popular e propunha uma arte brasileira erudita, a partir de raízes populares.
Em 1975, escrevendo sobre o Movimento, ele mesmo disse: “O Movimento Armorial pretende realizar uma arte brasileira erudita, a partir das raízes”.
Música armorial
Atualmente, a música é uma das poucas manifestações do Movimento Armorial vistas fora do nordeste. Ariano defendeu e estimulou a concepção de uma música erudita nordestina, usando como inspiração as cantorias da região e seus típicos acompanhamentos: com a rabeca, a viola sertaneja e os pífanos.
Para ele, os sons e os timbres da vida sertaneja vertidos em palavras por escritores, ensaístas e sociólogos, como Euclides da Cunha, José Lins do Rêgo, Graciliano Ramos, Graça Aranha, Raquel de Queiroz e outros, inspiraram-no a buscar essa “música essencialmente de raízes nordestinas”.
Foram os compositores armoriais que revalorizaram o pífano, a viola sertaneja, a guitarra ibérica, a rabeca e o marimbau nordestino – um instrumento, de som áspero e monocórdio que, como a rabeca, lembra instrumentos hindus ou árabes, presentes no nordeste devido a sua herança ibérica.
A música armorial, nos anos 1970, foi situada entre o ibérico e o nordestino, o popular e o erudito, propondo renovação à música brasileira.
Entre os nomes dos movimentos na música erudita e na armorial, há um paralelo: na primeira, são o “allegro”, o “adágio” e o “presto”; na segunda, a “chamada”, o “aboio” e o “galope”.
Antonio Madureira, “a esperança da música armorial brasileira”
Os pioneiros na construção da música armorial, ao lado de Ariano Suassuna, foram Guerra Peixe e Capiba – considerados por ele os patronos do estilo -, além de Antonio Nóbrega, Jarbas Maciel, Egildo Vieira e, principalmente, Antonio Madureira, a quem chamou de “extraordinário” e “a maior esperança da música armorial brasileira”.
A respeito, escreveu Ariano: “Assim como Gilvan Samico, partindo das xilogravuras da Literatura de Cordel, criou importância para a Cultura brasileira, o mesmo está fazendo Antonio Madureira, a partir dos cantadores do nosso ‘Romanceiro Nordestino’, dos toques de pífano, das violas e rabecas dos cantadores – toques ásperos, ‘desafinados’, arcaicos, acerados como gumes de faca-de-ponta”.