“Spalt-me”, de Juliana Notari, e “Fanm Fò”, de Adeline Rapon chegam ao MAMAM

 “Spalt-me”, de Juliana Notari, e “Fanm Fò”, de Adeline Rapon chegam ao MAMAM

Juliana Notari trabalhando na obra “Diva”. Acervo pessoal

Exposições das artistas são gratuitas e abrem neste sábado (18), às 15h. Também tem exposição com tinta fresca para ser vista no Murillo La Greca e no Museu da Cidade, que promove visita especial para pessoas surdas no sábado 

Celebrando 20 anos de uma robusta produção artística, que abriu fendas profundas nas discussões sobre estética e gênero nas artes visuais pernambucanas e brasileiras, Juliana Notari entra em cartaz no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (MAMAM), equipamento da Prefeitura do Recife, administrado pela Fundação de Cultura Cidade do Recife. A exposição Spalt-me, a maior já dedicada à obra da artista, tem curadoria de Clarissa Diniz e abre ao público no sábado (19), às 15h, encerrando, finalmente, um hiato de oito anos desde a última mostra da criadora na cidade.  

Também na tarde do sábado, no mesmo MAMAM, entra em cartaz a exposição Fanm Fò, reunindo uma coleção de 13 fotografias da artista francesa Adeline Rapon, com curadoria e produção da Aliança Francesa. 

Segue ainda fresca a tinta das paredes de mais dois museus, mantidos pela Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife, que estrearam exposições recentemente, convidando à fruição cultural: o Murillo La Greca e o  Museu da Cidade. Todas as programações têm acesso gratuito.

MAMAM

Spalt-me

O título da mostra deriva de um dos trabalhos em exibição, a série Spalt-me, iniciada em 2009, que reúne fotografias de paisagens diversas nas quais surge uma grande fenda vermelha. Para nomear esse trabalho, a artista Juliana Notari se apropriou do verbo da língua alemã “spalten” que, de modo semelhante ao inglês “to spalt”, indica a ação de abrir uma fissura, de separar, de rachar. A ideia da série e da mostra é abrir fendas que levem à compreensão da poética de Juliana e das questões sociais que ela denuncia.

“Acompanhado da partícula ‘me’, spalt torna-se um neologismo de caráter reflexivo, uma convocação à ideia de abrir uma fresta em seu próprio corpo, seja ele humano, arquitetônico, histórico, semântico. Spalt-me é, por isso, a imagem que, oriunda do corpo poético de Notari, se torna um convite a percorrermos as diversas fendas de sua vasta produção”, explica a curadora, Clarissa Diniz.

A exposição foi organizada em núcleos, que expõem questões centrais dentro da sua poética: corpo, ferida, gênero, carnalidade, tempo, violência, sexualidade, historicidade, linguagem, trauma, paisagem. “Clarissa acompanha meu trabalho há muitos anos, então ela trouxe essa proposta de dividir a mostra em núcleos diferentes, que abordam o meu olhar para o corpo (inclusive meus projetos em torno dos cabelos), a urbanidade, a alimentação, o risco e o cuidado. A exposição ressalta a centralidade das feridas sociais, dos traumas ligados à urbanidade e à modernidade: uma crítica ao capitalismo falocêntrico e patriarcal. Tudo isso está na exposição”, resume a artista.

Interlocutoras há mais de dez anos, Juliana Notari e Clarissa Diniz propuseram, na exposição, um olhar ao mesmo tempo retrospectivo e prospectivo: “Fazemos o gesto artístico e curatorial de buscar uma obra antiga e jogá-la para o futuro, repensá-la, atualizá-la desde o agora”, resume a curadora. Exemplos dessa proposição são as obras Parlamento Europeu (2022-2024), Janta (2001-2024) e Spalt-me (2009-2024), que intitula a exposição.

Spalt-me ficará em cartaz até 11 de dezembro de 2024. A exposição é acessível e contará com ações educativas. A mostra tem apoio do Funcultura e da Lei Rouanet e patrocínio do Banco do Nordeste.

Fanm Fò

A mostra reúne 13 fotografias da artista francesa Adeline Rapon, fotógrafa de origem martinicana, que traz um olhar decolonial sobre as representações das mulheres da Martinica. Como sujeito de sua própria herança, ela explora as facetas de sua identidade antilhana e convida o público a voltar seu olhar às mulheres desconhecidas ou pouco conhecidas da história das Antilhas.

Em 2020, a artista exibiu sua série Fanm Fò na Martinica, depois em 2021 em Paris. Em 2022, sua série Renaissance foi exibida na galeria Fabrique Contemporaine e no café Chez Mona, entre diversos outros feitos artísticos. A mostra, que tem curadoria e produção da Aliança Francesa, fica em cartaz no MAMAM até o próximo dia 1º de dezembro. 

O MAMAM (@mamamrecife) fica na Rua da Aurora, 265, Boa Vista. Visitação de quarta a sexta-feira, das 10h às 17h, e aos sábados e domingos, das 10h às 16h. Acesso gratuito.

Murillo La Greca

Para celebrar o centenário do surrealismo, está em cartaz no Museu Murillo La Greca a exposição “100 Anos do Surrealismo: Uma Abordagem Contemporânea”, que reúne os trabalhos, em diversas plataformas, de 30 artistas pernambucanos, revisitando esse legado ousado e suas ideias pioneiras, que continuam a inspirar e transformar a arte contemporânea. A mostra segue em cartaz até o dia 23 de novembro.

O Murillo La Greca fica na Rua Leonardo Bezerra Cavalcante, 366, Parnamirim. Funciona de quarta a sexta-feira, das 10h às 17h, e aos sábados, das 10h às 16h. Acesso gratuito.

Museu da Cidade

Para contar a história de um símbolo inequívoco da bravura do povo pernambucano, está em cartaz no Museu da Cidade, até o dia 3 de novembro, a exposição “Um Leão na Paisagem”, resultado da pesquisa da designer Gisela Abad, que lançou livro homônimo sobre o assunto. 

Após percorrer a história e mostrar como o leão, símbolo da bravura do povo pernambucano, presente em brasões do estado, da cidade também na bandeira da capital pernambucana, surgiu e se impôs – inclusive através de movimentos libertários no estado – Gisela mostra o resultado da análise que fez após examinar um século de documentos sobre registros de marcas na Junta Comercial de Pernambuco, de 1886 a 1996.

Neste sábado (19), às 15h, será realizada uma Visita Guiada Acessível para Pessoas Surdas à exposição, com intérprete de Libras e com a autora do livro e curadora da exposição, Gisela Abad. A entrada é gratuita e não precisa de inscrição prévia.

O Museu da Cidade (@museudacidadedorecife) fica dentro do Forte das Cinco Pontas, no Bairro de São José. Visitação de quarta a sexta, das 10h às 17h, e aos sábados e domingos, das 10h às 16h. Acesso Gratuito.

    Posts Relacionados

    Pin It on Pinterest

    Share This