Por AD Luna
Único remanescente da seminal Mutantes, banda formada em 1966 e que contou também com Rita Lee e Arnaldo Baptista na formação clássica, Sérgio Dias realizou temporada na extinta casa noturna carioca Jazzmania, em julho de 1986. Um dos shows ao vivo foi gravado, resgatado, masterizado e lançado em CD, em 2003.
Neste sábado (14), Dias apresenta o repertório do disco “Jazz Mania Live” na programação da sexta edição do Festival BB Seguros de Blues e Jazz, que se encerra com a etapa voltada para o público do Recife. A apresentação tem a participação especial do também guitarrista Luiz Carlini.
“São músicas que fiz depois da minha estadia em Nova York por 10 anos. É o resultado da minha exposição ao jazz. Temos muito improviso dentro de temas estruturados, muito melódicos e com tempos bem complexos. Mas que soam simples”, explica Sérgio Dias.
Durante esses tempos de distanciamento físico, devido à covid-19, Sérgio Dias lamenta a falta de contato direto com outros músicos. Ele reclama por ter que manter a solitária prática da performance e da técnica “em vez de usufruir do prazer de estar o tempo inteiro tocando com os amigos, perante o público”.
Para Sérgio Dias, o período de isolamento o tem ajudado a olhar para o próprio interior.
A resultante disso é o que tem se feito mais nesse momento, na minha vida. Você pode se olhar, se aprender, se entender. E espero, com isso, crescer”, anseia.
Já para Luiz Carlini – que integrou a lendária Tutti-Frutti, banda de rock que também contou com Rita Lee como cantora -, a reclusão lhe foi favorável no aspecto criativo.
“Deu para revisitar alguns projetos que estavam parados, compor algumas músicas que estavam esperando soluções e tal”, conta.
Por necessidade, Carlini acabou por desenvolver uma nova habilidade.
“Aprendi a cozinhar. Moro sozinho e cansei de comer comida congelada e coisas que entregam no portão. Virei um cozinheiro legal. Estou gostando muito disso”.
Carlini tem parentes no Recife. O irmão é empresário na cidade, na área alimentícia, e a filha também reside na capital.
“É uma grande cidade, que preserva e investe muito na cultura. Temos grandes artistas que vieram de lá”, exalta.
Ele também faz questão de informar que, em 1973, conheceu outro grande nome da guitarra brasileira: Robertinho de Recife.
Os elogios do autor do memorável solo da música “Ovelha negra”, estendem-se para a cidade vizinha.
“Acho Olinda parecida com New Orleans, cidade dos Estados Unidos onde morei. Tem uma cultura muito especial, produzida pela comunidade e de onde saíram grandes artistas. O Alceu Valença, por exemplo“.
“Fora a beleza e a maravilha do estado de Pernambuco e das cidades, o povo é um sonho. É uma delícia tocar para as pessoas de Recife”, exalta Sérgio Dias.
“Todo o Nordeste do Brasil possui um manancial enorme de música, poesia, arte em geral. Isso sempre foi muito forte na minha vida, principalmente depois de ter encontrado com gente como Gilberto Gil, Caetano e outros que não lembro muito bem dos nomes. A cultura do Nordeste me fez um bem extremo. Isso talvez tenha sido uma das pedras fundamentais da minha cultura musical e artística”, completa o guitarrista, cantor e compositor.
Confira a programação da 6ª edição do Festival BB Seguros de Blues e Jazz.
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