Rodrigo Amarante escreve sobre nova música e clipe, “Maré”

 Rodrigo Amarante escreve sobre nova música e clipe, “Maré”

O cantor e compositor Rodrigo Amarante. Foto: Julia Brokaw

 

O cantor, compositor e multi-instrumentista lança “Maré”, primeiro single e clipe de seu novo disco “Drama”, que será lançado no dia 16 de julho

Por Rodrigo Amarante

É útil, e relaxante, abandonar a ilusão de verossimilhança da memória e abraçar as confusões e contradições daquilo que se carrega, esses contos, sonhos e pesadelos, porque dentro deles há um valioso espelho. Encarar esse espelho como quem veste uma máscara, esse é o som de DRAMA. Montar-se para revelar, no lugar de despir-se pra esconder, o teatro como reflexo das verdades mudas, oráculo de nós mesmos.

Maré é baseada no provérbio espanhol: a maré leva o que a vazante traz. Na música isso vira uma reflexão sobre como o desejo, nossos sonhos e pesadelos, moldam nosso destino, a graça e o terror disso. Assim ela é uma espécie de reza utópica do não querer, ao mesmo tempo uma admissão da inevitabilidade do eterno sonhar.

O vídeo não fala disso, pelo menos não diretamente. O vídeo é sobre ritual e intenção, o exercício de entrar em contato com esses sonhos e desejos através da brincadeira, do teatro, infantil nesse caso, o meu.

Assim, dados os meus sonhos e pesadelos, o vídeo é sobre o trabalho de escrever, intenção e ritual, razão e intuição, magia. Digo magia porque há sempre algo de imprevisível na escrita, uma porta pra essas histórias que carrego, o meu drama.

Eu comecei a escrever o álbum querendo focar no ritmo e na melodia, abandonar progressões de acordes mais ricos e ser mais direto por um tempo, mais modal que tonal, mais seco.

Enquanto escrevia, percebi que havia um gatilho psicológico para mim naquela tentativa, uma sombra do menino de cabeça raspada que eu tive que ser, algo da ideia de que pra ser homem é preciso não fazer drama. Com isso, vi algo de rico, um coágulo de emoções guardado em mim querendo fazer manha.

Eu então abracei as complicações que herdei e nomeei o disco aquilo que me foi dito que eu tinha que deixar de ser.

MARÉ (Rodrigo Amarante)

A maré que leva é a maré que traz em cada porto um cais eu só via o céu não bastou Iaiá outra correnteza a me levar fosse só sentir precisei saber só me resta entender. Sonho o destino tem entre a razão e a fé sorte é não querer mais que viver. A maré que leva é a maré que traz salvo engano um tanto mais lua puxa o véu mexe a mar em mim de Pierrot à Arlequim não bastou saber precisei sentir só me resta insistir. Sonho o destino tem entre a razão e a fé sorte é não querer mais que viver é ter amor pra dar quem não tem.

Voz, guitarra, violão, piano, teclados e percussão: Rodrigo Amarante
Backing vocal: Moreno Veloso
Bateria: “Lucky” Paul Taylor
Baixo: Todd Dahlhoff
Congas: Andres Renteria
Sax tenor, sax barítono e flugelhorn: David Ralicke
Wood blocks: Daniel Castanheira

Ouça a música aqui.

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