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Renato Janine Ribeiro: “Não há progresso sem ciência”
Renato Janine Ribeiro, novo presidente da SBPC falou sobre o papel da ciência no desenvolvimento do País e da importância das universidades na divulgação científica
Por AD Luna*
@adluna1
Renato Janine Ribeiro, filósofo, professor e ex-ministro da Educação, assumiu a presidência da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) no dia 23 de julho. O também escritor foi o convidado do programa InterD, em suas versões para rádio (veiculada na Universitária FM do Recife) e no podcast InterD – ciência e conhecimento.
Na conversa, Janine falou sobre a importância da SBPC para o desenvolvimento do País, da relação entre ciência e cultura e do papel das universidades como produtoras e divulgadoras do conhecimento científico.
Ele também lançou uns insights muito interessantes sobre o grande valor que a divulgação científica pode exercer sobre a mentalidade das pessoas e, por consequência, na vida delas em suas respectivas nações, estados, cidades, comunidades e bairros.
“Você precisa das ciências para tudo. Desde a produção econômica, até mesmo para a arte de governar, a arte de dirigir um país”
“Nós temos que colocar mais e mais inteligência na nossa produção. Inteligência o que é? Conhecimento rigoroso, é ciência, de todos os tipos – inclusive humanas”
“A cultura é uma educação desorganizada. E isso é muito bom”
“As universidades são essenciais para você ter produção, pesquisa científica, mas também para divulgação científica”
“Se você quer ser uma pessoa que conhece a sociedade em que está e que participa das decisões dela por votos, por atuação, defesa de outras coisas, você tem que saber alguma coisa da ciência da sociedade – que é a sociologia”
“Empresários nos Estados Unidos, em vez de cursarem algo como economia e administração fizeram os chamados Liberal Arts Colleges. As faculdades de humanidades (…). Entende-se que essas pessoas ficam mais competentes, mais capazes para dirigir uma empresa, para trabalhar em negócios, se elas tivessem feito apenas uma formação focada nos negócios”.
Ouça Renato Janine Ribeiro no InterD – ciência e conhecimento
Ouça “Renato Janine Ribeiro, novo presidente da SBPC #09” no Spreaker.
Qual a importância da SBPC para o Brasil?
A SBPC tem 72 anos. Fundada por cientistas importantes, desde o início ela assumiu o papel de defesa da ciência que culmina, poucos anos depois da sua criação em 1948, na fundação do CNPQ e da Capes – ambos no governo democraticamente eleito de Getúlio Vargas -, dentro de um projeto de fortalecer a ciência no Brasil, para que o País não ficasse totalmente a reboque.
Vou dar um exemplo que não tem relação direta com a SBPC, mas que é muito interessante. Por essa época, mais ou menos, foi fundado o ITA – Instituto Tecnológico da Aeronáutica, que é uma das melhores escolas de engenharia no Brasil.
E o ITA foi criado tendo vários professores norte-americanos no começo. Tanto que as reuniões da congregação, nos primeiros anos, eram feitas em inglês.
Então veja a importância que houve em você tem uma sociedade para o progresso da ciência brasileira, que foi suprindo, substituindo essa presença importante de bons cientistas estrangeiros – que fizeram muito pelo Brasil e alguns dos quais, inclusive, se tornaram brasileiros.
Uma das grandes cientistas brasileiras, cujo centenário de nascimento vamos comemorar em 2024, é Johanna Döbereiner – que nasceu no que hoje é a República Tcheca.
Ela foi capaz de descobrir como você pode fixar o nitrogênio no solo, economizando para o Brasil bilhões de reais, ou dólares mesmo, ao longo de vários anos.
Porque, em vez de comprar nitrogênio para colocar no solo, ela soube fazer uma fixação dele no solo.
Quem foi Johanna Döbereiner?
Então, a SBPC, com cientistas que vieram de fora, mas também com muitos cientistas brasileiros, foi capaz de fazer parte de um círculo virtuoso junto com Capes, CNPq, Fapesp e outras fundações de amparo à pesquisa, Finep (que é também federal), no sentido de melhorar a produção científica brasileira.
Nos anos 1970, a SBPC passou a ter uma participação ativa também de profissionais de humanas, o que também levou à sua participação, já naquela época, na luta contra a ditadura – conduzida tanto por cientistas de humanas quanto por cientistas de exatas e biológicas.
Lembro de sessões memoráveis com Maurício Rocha e Silva e outros grandes cientistas das exatas, grandes nomes de humanas também, que lutaram muito contra a ditadura.
Mais tarde, lutaram pelo impeachment do então presidente Collor, quando se revelou todo o conjunto de malfeitos de seu governo.
Penso que o papel da SBPC hoje é ser a organização não estatal, representativa dos cientistas e dos que defendem a ciência. Ela agrega ciência, cultura (o nome título da revista da SBPC é Ciência e Cultura), educação, saúde, meio ambiente, tecnologia e inclusão social.
Quais suas principais propostas para a SBPC?
Temos que pensar em duas etapas. Uma primeira etapa é a defesa daquilo que está, hoje, sob ameaça.
Exemplo: o supercomputador Tupã, que é capaz de fazer previsões meteorológicas de longo prazo, de uma velocidade incrível e caro, sua manutenção não é barata.
Ele necessita de um consumo de energia elétrica elevado, mas essa conta está sob risco de não ser paga pelo governo, do supercomputador fechar e pararmos de ter previsões absolutamente necessárias para, entre outros, lavoura e todos aqueles que trabalham no campo, para o turismo e para a sociedade em geral.
Precisaríamos, na verdade, substituir o supercomputador Tupã por outro – que também custa caro.
Agora, se você não paga a conta de luz de um supercomputador Tupã, eu comparo isso a você comprar um Lamborghini – um carro de milhões de reais – e não trocar o óleo.
E aí, por causa de uma despesa de algumas centenas de reais, você faz fundir o motor de um veículo que custa milhões de reais.
Essa é a primeira etapa, defender a ciência, defender aquilo tudo que está sendo feito hoje.
Uma segunda etapa é: deixar claro que tudo isso é essencial para uma fase ulterior da história brasileira, que vai ser a construção de uma sociedade do conhecimento.
Hoje você lê a imprensa internacional, os projetos internacionais, e vê que embutir inteligência na produção é decisivo.
O Brasil foi um país que se industrializou numa época em que a industrialização era o traço de sentido do desenvolvimento, em que os países subdesenvolvidos exportavam matéria-prima ou extrativa, minerais, ou mais fruto do plantio e da criação agropecuária, e o País instalou um parque industrial bom.
E depois foi sendo reduzido Brasil. Hoje ele voltou a exportar o que se chamam commodities – são esses produtos que antigamente a gente chamava de matéria-prima, para em outros lugares serem desenvolvidos.
Grande exemplo: nós produzimos café e o exportamos, com um certo valor, e depois importamos cápsulas de Nespresso, de outros tipos, que tem o quê? Cerca de cinco gramas cada cápsula custa em torno de R$ 2.
Então o quilo acaba saindo por R$ 400 de um café que vale menos, porque o valor mais caro não é o café que está dentro, não é o sabor, não é a essência, é a cápsula.
Nós estamos hoje, de novo, sendo aquele país que exporta matéria-prima e importa o produto feito a partir dela.
Precisamos então reindustrializar o país, mas também fortalecer muito o setor de serviços com inteligência, com tecnologia, com ciência.
Tecnologia, simplificando, é ciência traduzida em aplicação prática. Inovação também faz parte desse pacote pelo qual a inteligência aprimora a produção.
Ora, se não fizermos isso, vamos ficar cada vez mais atrasados. Mesmo as nossas exportações de commodities são exportações que incluem inteligência.
Quer dizer, você já não exporta produtos agropecuários ou minerais totalmente brutos, você faz uma certa melhora neles. Há muita tecnologia no mundo do agronegócio.
Nós temos que colocar mais e mais inteligência na nossa produção. Inteligência o que é? Conhecimento rigoroso, é ciência, de todos os tipos – inclusive humanas.
Como você pode querer governar um país sem ter a ciência da sociedade? Imagina alguém que quer governar o Brasil e não sabe como é a sociedade que ele governa?
Há uma ciência que se chama sociologia, que permite, a partir do recenseamento, saber onde está mais pobreza, mais sofrimento, dificuldade de as pessoas crescerem, terem futuro.
Então, você precisa das ciências para tudo. Desde a produção econômica, que traga riqueza etc. até mesmo para a arte de governar, a arte de dirigir um país.
Ciência também é cultura? Na SBPC creio que já existe essa visão. Mas como fortalecer, no Brasil, os laços entre a ciência e a cultura (música, cinema, teatro etc).
Ciência e cultura é o nome de nossa revista histórica da SBPC, que procura justamente associar esses dois pontos.
A cultura é fundamental para a educação. Nesta entrevista, só mencionei educação, mas é claro que você não pode ter ciência sem educação, sem formar pessoas constantemente para serem educadas, conhecerem o que é importante, treinarem novas competências.
Educação é fundamental e não é casual que o trabalho da SBPC tenha se voltado tanto pelo fortalecimento da Capes – que é a agência federal que avalia mestrados e doutorados, da qual por sinal fui diretor de avaliação por quatro anos e meio.
E avaliação o que é? É você verificar aqueles professores que são pesquisadores, que têm doutorado e estão pesquisando em laboratórios ou teoricamente e que têm uma produção científica ativa.
E nós entendemos que são eles os melhores para formar futuros mestres e doutores.
Ou seja, você precisa ter um pesquisador ativo para formar futuros pesquisadores e, dessa maneira, a gente consegue ter na pós-graduação brasileira o único nível de nossa educação que tem nível internacional.
Os dados da Educação Básica – apesar de terem melhorado nos últimos 20 anos, graças a esforços importantes já no governo Fernando Henrique, mas sobretudo no governo Lula – a pós-graduação ainda é nosso nível propriamente internacional em termos de qualidade.
O que isso tem a ver com a cultura? No meu livro “A pátria educadora em colapso” – que escrevi rememorando minha experiência no Ministério de Educação como titular, em 2015 -, eu digo que “a cultura é uma educação desorganizada”. E isso é muito bom.
Por exemplo, você estuda, digamos escravidão. Escravidão na educação fundamental, no ensino médio, na universidade, você vai estudar ao longo da história, como ela foi… [Sobre] a escravidão antiga, como tem praticamente pouca escravidão na Idade Média, e retoma no mundo colonial, através da escravização de negros.
Antes brancos também eram escravos, havia escravos de todas as etnias, mas escravização de negros, durante o período colonial, sobretudo no continente americano – sendo o Brasil o país que mais importou escravos da África. Temos essa chaga em nossa história.
Pois bem, [quando você] estuda a escravidão, isso é educação. Quando você vê um filme do Spielberg [como] “Amistad” ou “Lincoln”, que tratam justamente da liberdade de escravos, você tem cultura.
E nos dois casos você está agregando seu conhecimento. Na cultura, você agrega pelo vivido, pela experiência. Você pega significações que estão envolvidas nisso, é precioso.
No caso da educação, você vê a estrutura disso tudo. As duas são muito importantes e, por isso, a cultura é tão importante quanto a ciência. Quer dizer, você tem a ciência histórica dizendo certas coisas e cultura mostrando outros pontos.
Aproveito para dizer uma coisa que já tenho comentado em outros lugares: é uma pena que a gente tenha relativamente poucos filmes no Brasil que tratam da escravidão ou que tratam da escravidão mostrando toda sua violência, crueldade, como por exemplo esses dois filmes do Spielberg (“Amistad” e “Lincoln”).
No Brasil, eu lembro neste momento… Certamente estou esquecendo outros filmes, mas eu lembro como um filme que teve sucesso comparável ao do Spielberg – o “Xica da Silva”, que é mais antigo e é um belo filme.
Filme “Xica Da Silva” – 1976
Como o senhor vê o papel das universidades como vetores de divulgação científica, como facilitar a vida de acadêmicos que gostariam de também atuarem como divulgadores científicos?
As universidades são essenciais para você ter produção, pesquisa científica, mas também para divulgação científica. Da pesquisa eu já falei um pouco.
A divulgação científica é muito importante porque você tem a condição, hoje, de desenvolver uma sociedade através de um conhecimento de tudo que a ciência proporciona.
Veja, quando eu era criança alfabetização compreendia aprender a ler e a escrever. Fora isso, eu estudava aritmética, mas não era chamado de alfabetização.
Hoje a alfabetização inclui também as operações básicas e o Plano Nacional de Educação prevê que até o fim do terceiro ano do fundamental 1 – ou seja, até completar 8 anos de idade -, as crianças saibam ler, escrever e fazer as operações básicas. O que infelizmente nem sempre se consegue.
Nós temos, hoje, uma taxa de não completude da alfabetização, até o final do terceiro ano, nas escolas públicas, que é de mais de 50% no caso da aritmética. É melhor, no caso da leitura, é intermediária, no caso da escrita. Mas no caso da aritmética é mais difícil você conseguir esse resultado positivo.
Pois bem, a divulgação científica deveria estar ligada à ideia que todas as sociedades têm uma alfabetização, não apenas da leitura, da escrita e da matemática, mas da ciência.
É claro que isso demora mais anos, mas significa você ter toda uma população que não só aprenda durante período de escola para depois eventualmente esquecer as bases de novo, da matemática, da química, da física, da biologia, da informática, como também aprenda com a história, geografia, sociologia e filosofia.
E ainda, não apenas a ler e a escrever, mas também a literatura, por exemplo, as artes.
Por que isso é importante? Porque, sem esse conhecimento mais amplo, você fica a meio termo na sociedade atual.
Comentei antes que é uma sociedade do conhecimento. Veja, uma coisa que muitos brasileiros ignoram, é que empresários nos Estados Unidos, em vez de cursarem algo como economia e administração – que podem ser cursos muito bons -, eles fizeram os chamados Liberal Arts Colleges.
As faculdades de humanidades nas quais estudaram eventualmente até mesmo grego, latim. Estudaram, sem dúvida, os grandes filósofos, arte e literatura.
E se entende que essas pessoas ficam mais competentes, mais capazes para dirigir uma empresa, para trabalhar em negócios etc., se elas tivessem feito apenas uma formação focada nos negócios.
Claro, essa pessoa vai estudar negócios. Mas a ideia é que ela tem que ter uma infraestrutura básica muito forte de conhecimento sobre tudo o que é o mundo.
Por que eu estou falando disso a respeito da divulgação científica? Porque não se trata apenas de divulgar a ciência, trata-se de assegurar um letramento científico.
A chamada SBPC norte-americana, Associação Americana para o Avanço da Ciência, também conhecida como AAAS, criou o projeto AAAS 2016. [Nesse ano], todos os norte-americanos teriam conhecimento científico qualificado.
Ou seja, todos os norte-americanos saberem as coisas básicas. Vou dar um exemplo que é curioso.
Pesquisas aqui no Brasil dizem coisas variadas. Há uma em que o Paulo Artaxo – grande cientista, meu vice-presidente eleito na SBPC – cita que 95% da sociedade brasileira creem na ciência. Maravilha!
Mas outra pesquisa diz que 20% acreditam que a Terra é plana. Preocupante.
Agora, mesmo quem acredita que a Terra é plana, usa o Waze, o GPS, que supõe uma Terra redonda. E só são possíveis porque você tem satélite girando em torno do globo terrestre.
Então, uma questão crucial na divulgação ou no que chamo de letramento científico – uma forma mais sofisticada de falar alfabetização -, uma forma eficaz, me parece, é como fazer com que as pessoas que se beneficiam da tecnologia conheçam a ciência que está embutida nela.
A tecnologia, eu já disse, é ciência traduzida em aplicações práticas. Então, como sucede que uma pessoa eventualmente utilize a tecnologia mas não saiba das ciências, seja totalmente ignorante em termos científicos?
É claro que você não tem que saber os detalhes de como funciona o motor de um carro, para saber guiá-lo. Mas se você, por hipótese, achar que um carro é movido por magia, então alguma coisa está bastante errada na sua educação.
Você sabe, por exemplo, que um carro é movido por motor à combustão, e isso os alunos estudam ao longo da educação básica.
Se você quer ser uma pessoa que conhece a sociedade em que está e que participa das decisões dela por votos, por atuação, defesa de outras coisas, você tem que saber alguma coisa da ciência da sociedade – que é a sociologia.
Você mora numa cidade e se não souber nada de urbanismo, você vai aceitar coisas que são absurdas. Como, por exemplo, a destruição do verde nas cidades acarretando poluição cada vez maior. E, portanto, doenças respiratórias, redução da expectativa de vida, uma série de problemas que são bastante graves.
Por isso é muito importante ter a divulgação Científica para a qual temos algumas revistas, inclusive a que a SBPC criou: Revista Ciência Hoje.
Mas temos também algumas outras revistas do mercado. Porém, mais do que isso, nós devemos garantir que a sociedade conheça a ciência.
Eu gostaria muito se nós tivéssemos pequenos clipes na TV, tanto pública quanto privada, explicando coisas da ciência.
Quando fui diretor da Capes, lembro que havia 47, 48 áreas do saber – física, química, medicina. A única dessas áreas, cujo conhecimento chegou ao grande público, de forma sistemática, foi a medicina.
Faz pelo menos 20 anos, graças ao doutor Drauzio Varella, e agora na academia outros. Falarei da pandemia daqui a pouco.
Há muitos anos que as pessoas sabem de cuidados para o colesterol, cuidados para a glicemia, para evitar diabetes. Isso se tornou amplamente conhecido da sociedade.
E eu queria que o mesmo amplo conhecimento as pessoas tivessem, vamos dizer, de princípios da química, da física, ciência política, da história.
Tudo isso pode chegar às pessoas de uma forma agradável, até mesmo divertida. Nós temos que fortalecer isso, é fundamental.
Com a eclosão da pandemia da covid-19, a ciência ganhou um relevante destaque na mídia. O que fazer para que o interesse se mantenha em um bom nível, quando superarmos a pandemia?
O que é muito interessante é que a pandemia da covid-19, embora em alguns lugares do mundo, tenha suscitado mentiras, inverdades, fake news. Estados Unidos são um caso, Brasil é outro, na França em bem menor escala – houve um médico que divulgou também inverdades, a ponto de ser amplamente criticado e perder muito da reputação que ele tinha.
Apesar de haver divulgação de inverdades que fizeram a doença se alastrar e cobrar um curso em vidas bem maior do que seria natural, a sociedade se interessou muito pela contribuição dos médicos.
No Brasil nós temos, por exemplo, dois amigos meus, a doutora Margareth Dalcolmo, que foi eleita a Mulher do Ano (em 2020), o doutor Paulo Saldiva, que tem um papel importantíssimo na discussão pública brasileira.
Bem como Natalia Pasternak, Atila Iamarino, que têm divulgado muito a ciência e contribuído bastante para as pessoas entenderem essa questão tão difícil que é: quais serão as causas, mas sobretudo quais os cuidados a tomar perante a pandemia.
E nós temos, outra coisa que é muito importante, o fato de que as vacinas, uma dúzia de vacinas – aparentemente todas elas eficazes, apenas com dúvidas sobre o grau de eficácia – em apenas um ano, foram colocados no mercado, que é composto de agentes públicos.
Os agentes públicos são quem compra essas vacinas e estão vacinando a população do mundo. Esperamos que o Brasil consiga vacinar toda a população, até o final do ano, não apenas os adultos. Precisamos vacinar adolescentes e crianças, à medida que tenhamos segurança na aplicação neles.
Esse avanço da ciência é uma coisa sem nenhum precedente. Basta ver um resultado disto… A gripe espanhola matou 50 a 100 milhões de pessoas um século atrás, 3% a 5% da população. Se tivéssemos conhecido o mesmo número de mortos com essa doença, no mesmo prazo, teriam morrido 300 a 400 milhões de habitantes da Terra na população atual.
Morreram 4 milhões. Morrerão mais, é uma lástima deplorável, mais é menos, muito menos, é 1% do que morreu com a gripe espanhola, percentualmente falando.
O avanço da ciência tem que ser entendido como importante. A SBPC vai lutar muito para que isso melhore, para que o Brasil realmente volte a figurar entre os países que atuam, que constroem sua economia inclusive, com base na ciência.
Isso é decisivo. Não há progresso sem ciência hoje no mundo.
Sobre AD Luna*
É um “gaúcho pernambucano”. Nasceu em Porto Alegre, cresceu no Recife, É baterista da Dom Lodo e Sargaço Nightclub. Tocou no Querosene Jacaré, Monjolo, Cruor, entre outras bandas.
É formado em jornalismo pela Universidade Federal de Pernambuco.
Foi apresentador e gerente de conteúdo do Showlivre.com, onde desenvolveu o programa Mão na Massa. Atuou como repórter nos cadernos de cultura do Jornal do Commercio e do Diario de Pernambuco.