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Cientistas de Pernambuco, Paraíba, Pará, SP e RN publicam estudo sobre os efeitos das mudanças climáticas na saúde e alimentação
Além dos impactos visíveis no meio ambiente, como secas e inundações, a crise climática afeta diretamente a nossa saúde e os sistemas que garantem a produção de alimentos
De que forma se estabelecem as complexas interconexões entre as mudanças climáticas, os sistemas alimentares e a saúde humana. Esse um dos questionamentos abordados no artigo “Nexus among climate change, food systems, and human health: An interdisciplinary research framework in the Global South” (O nexo entre a mudança climática, sistemas alimentares e saúde humana: Uma estrutura de pesquisa interdisciplinar no Sul Global). O texto, disponível no link https://doi.org/10.1016/j.envsci.2024.103885 , é resultado do trabalho conjunto de pesquisadores da UFPE, USP, UFRN, UFPA e UFPB, os quais também integram a Resiclima.
“A relação entre as mudanças climáticas e a saúde humana se tornou um dos maiores desafios globais. Além dos impactos visíveis no meio ambiente, como secas e inundações, a crise climática afeta diretamente a nossa saúde e os sistemas que garantem a produção de alimentos”, explica Ulysses Paulino Albuquerque, cientista, professor da UFPE e coordenador geral da Resiclima. De acordo com ele, no Sul Global — região que inclui países da América Latina, África e Ásia — os efeitos são ainda mais severos, devido a outros problemas como pobreza e desigualdade, que aumentam a vulnerabilidade diante das mudanças do clima.
A produção de alimentos é um dos principais motores das mudanças climáticas, responsável por até 37% das emissões de gases de efeito estufa no mundo. A criação de gado e o cultivo de alimentos básicos, como trigo e arroz, geram diferentes impactos ambientais, contribuindo significativamente para o aquecimento global. A expansão agrícola, muitas vezes em áreas florestais, também é uma das grandes causas do desmatamento, o que piora ainda mais a situação climática.
Essas mudanças no clima afetam tanto a quantidade quanto a qualidade dos alimentos que chegam às nossas mesas, o que pode gerar insegurança alimentar e desnutrição, principalmente entre as populações mais pobres. Para agravar a situação, alimentos menos nutritivos e mais baratos — como os ultraprocessados — acabam se tornando a única opção acessível para muitas famílias. Isso contribui para a chamada “dupla carga” da má nutrição, em que pessoas sofrem ao mesmo tempo com a desnutrição e a obesidade.
Mudanças climáticas e problemas de saúde
A elevação das temperaturas pode gerar mais hospitalizações e até mortes, especialmente entre os idosos. Além disso, o aumento de doenças infecciosas, como dengue e malária, já foi identificado em várias regiões, em parte devido ao aquecimento global que favorece a proliferação de mosquitos transmissores dessas doenças. Problemas respiratórios e cardiovasculares também se tornam mais frequentes à medida que o clima muda e a qualidade do ar piora.
“Governos precisam de uma nova abordagem para enfrentar essa crise, com políticas que integrem saúde, agricultura, água e gestão de desastres. A justiça climática deve ser um princípio orientador, garantindo que os mais vulneráveis, como mulheres, crianças e comunidades marginalizadas, não sejam deixados para trás”, defende Albuquerque.
Para o cientista, é urgente que os governos adotem políticas que promovam uma transição climática justa, equilibrando os interesses econômicos e ecológicos com a saúde pública. “Apenas assim poderemos construir um futuro resiliente e sustentável para as próximas gerações”, conclui.
Sobre a Resiclima
A Rede Resiclima é uma colaboração interinstitucional que reúne pesquisadores dedicados ao estudo das mudanças climáticas. Originária de diversas instituições acadêmicas, como UFPE, UFRPE, UFPB, UPE, UFMA, Unifesspa, UNIVASF, UNEAL, UFAL, USP, UnB, UFRN, PUC-Rio, UFU, Universidad Nacional del Comahue (Argentina), Universidad Autónoma del Estado de Hidalgo (México), Universidade do Michigan (EUA), Universidade de Turku (Finlândia) e Universidade de Osnabrück (Alemanha), a rede promove uma abordagem integrada para entender as variadas dimensões das transformações climáticas e suas implicações.
Saiba mais: www.resiclima.com.br
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