Recife terá ampliação de serviços e ações de inclusão digitais

 Recife terá ampliação de serviços e ações de inclusão digitais

Rafael Figueiredo, secretário executivo de Transformação Digital do Recife. Foto: Arnaldo Carvalho

 

Secretário de Transformação Digital do Recife, Rafael Figueiredo, é convidado do programa InterD – música e conhecimento

 

Por AD Luna
@adluna1

Importante polo tecnológico do Nordeste, a capital pernambucana possui um órgão mantido pela administração municipal cujo foco é “integrar e convergir os serviços prestados à população para ambientes digitais”. Na edição desta quarta (14) do programa InterD – música e conhecimento, veiculado na rádio Universitária FM do Recife, Rafael Figueiredo, secretário executivo de Transformação Digital do Recife, fala sobre realizações da pasta e inclusão digital.

A SETD é vinculada à Secretaria de Planejamento, Gestão e Transformação Digital. Com o início do processo de imunização coletiva contra a covid-19, iniciada em janeiro deste ano, foi preciso correr para criar um sistema próprio de agendamento e cadastro de vacinação da população local.

Assim nasceu o Recife Vacina, serviço incorporado ao Conecta Recife, que atingiu no início de julho a marca de 10 milhões de acessos e mais de 442 mil downloads. O Conecta, por sua vez, é um aplicativo que congrega todos os serviços digitais do município, desenvolvido pela Empresa Municipal de Informática (Emprel).

“Além disso, a gente tem inúmeros outros desafios. Fizemos um grande senso de todos os serviços municipais prestados à população. A Prefeitura do Recife, hoje, presta mais de 613 serviços. Estamos agora criando uma pontuação para ranquear o que é mais prioritário para o cidadão, para iniciar uma grande transformação”.

Uma curiosidade. Já que estamos na seara da “música e do conhecimento” – universos que inclusive caminham juntos na terra da “antena parabólica fincada na lama” -, a Emprel já teve em seus quadros o saudoso Francisco de Assis França, mais conhecido como Chico Sciense.

Ampliação de serviços e inclusão digitais

Estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apresentado em 2019, mostrou que 115 mil pessoas – 7% da população do Recife – vivia abaixo da linha da pobreza. Tendo em vista tal cenário, como fica a questão da inclusão digital na capital? Rafael Figueiredo diz que o governo municipal vai “investir pesado” na implementação de cursos que ajudem os cidadãos a usufruir das oportunidades de trabalho oferecidas na área digital.

Ele lembra também do Embarque Digital, projeto prometido pelo prefeito João Campos (PSB), ainda no tempo da campanha eleitoral, com o objetivo de capacitar recifenses em tecnologia para atuar nas empresas do ecossistema de tecnologia e inovação. A ideia é viabilizar a iniciativa em parceria com o Porto Digital.

Para auxiliar a população que não tem acesso às tecnologias digitais a usufruir de serviços como o Conecta Recife, o secretário informa que o governo municipal possui mais de 300 pessoas em cargos de liderança atuando em comunidades.

“Com esses agentes, as pessoas vão poder resolver tudo por lá, independente de saberem ou não manusear celulares e aplicativos. Isso vai ajudar muito, porque a prefeitura vai estar dentro da casa do cidadão”, avalia Rafael.

Outra ideia a ser implementa com o objetivo de facilitar a vida digital da população é a implementação dos chamados Espaços Conecta. Nesses lugares, os cidadãos vão ter acesso a serviços públicos digitais.

Atende em Casa

A eclosão da pandemia da covid-19 fez com que tanto o setor privado quanto o público precisassem correr para se adaptar à realidade do distanciamento social. Projetos que envolviam a implementação de tecnologia digital precisaram sair do campo das ideias e intenções e se tornar realidade imediatamente.

“Há uma frase que gosto muito de citar, do escritor russo Dostoiévski, que diz: ‘a proximidade da forca acelera o raciocínio’. De repente, você tem que se reinventar sob pena de parar a economia”, observa Figueiredo. “Recife conseguiu ter essa velocidade, por isso enfrentou a pandemia com muita categoria, seja estruturando a parte de infraestrutura física na saúde, seja a parte do digital. Por exemplo, com o Atende em Casa”.

Desenvolvido numa parceria entre a Prefeitura do Recife e o Governo do Estado, o aplicativo Atende em Casa foi lançado em 26 de março de 2020, quando os primeiros casos da pandemia começavam a ser registrados no estado. Com ele, os usuários com sintomas da covid-19 ou gripais recebem orientações remotas de profissionais da saúde.

Um ano depois da sua implementação, o Atende em Casa conquistou o Prêmio Hésio Cordeiro – Menção Honrosa, na categoria Alternativas de Implementação no 4º Congresso de Política, Planejamento e Gestão da Saúde da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco).

Para Rafael Figueiredo, o aplicativo foi responsável por Recife não sofrer um colapso semelhante aos registrados em Milão e Gênova – cidades italianas cujos sistemas de saúde sofreram com a explosão de casos.

Recife Vacina

O esquema de vacinação contra a covid-19 organizado pela prefeitura da cidade é fortemente estruturado a partir do Recife Vacina e no trabalho de servidores municipais da saúde e de outras áreas.

No dia 29 de março, o prefeito João Campos anunciou a doação desse sistema de cadastro, agendamento e atendimento nos centros de vacinação a outras cidades do País interessadas em implementá-lo.

A distribuição gratuita tem sido realizada por meio da Frente Nacional dos Prefeitos (FNP) e do grupo Unidos pela Vacina – liderado pela empresária Luiza Helena Trajano.

Na capital pernambucana, quem não possui acesso à internet tem seu cadastrado feito por agentes comunitários de saúde – os quais visitam as casas dessas pessoas. Também é possível o cidadão se deslocar até algum posto de saúde municipal para realizar o procedimento.

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O desenvolvedor de software Siddartha Moraes. Foto:

Todas as ciências são humanas

Junto com o colega Crystian Leão, o desenvolvedor de software Siddhartha Moraes é umas cabeças por trás da criação do Recife Vacina. “Tivemos que fazer esse sistema muito rápido, porque estava começando a aumentar os casos de covid aqui. A gente conseguiu levantar o sistema em uns quatro dias, para primeira versão”, conta.

Devido à urgência da situação, ele conta que muitas soluções foram surgindo à medida que o trabalho era feito. “A gente saiu descobrindo algumas coisas que até então nunca passava pela cabeça da gente”, relemra.

Em entrevista concedida ao InterD, a professora, doutora em filosofia e mestre em História das Ciências Elika Takimoto afirma algo que  pode gerar muitas reflexões a respeito da relação entre tecnologia e humanidade. Para ela, “todas as ciências são humanas”.

Indagado sobre o que pensa sobre sua posição como indivíduo ligado às exatas e estar atento ao impacto social do seu trabalho, Moraes diz que não cabe mais a profissionais de sua área ser “um nerdzão, totalmente introspectivo”. “Muito pelo contrário, tem que conversar com todo mundo, dialogar, porque o sistema dele vai servir para meio mundo de pessoas, totalmente diferentes”, defende.

“Muitas vezes, o cara que vai tomar vacina é um senhorzinho que nunca teve um celular, não sabe nem o que é e-mail. A gente tem que permitir com que ele consiga se vacinar de todo jeito. O objetivo é se cadastrar no sistema? Não! O objetivo é ele se vacinar. É realmente uma questão de planejamento social para fazer com que isso aconteça”, expõe Siddhartha Moraes.

População em situação de rua

No início de julho, Campos determinou que a imunização da População em Situação de Rua da cidade passasse a ser feita com as vacinas da Janssen, cuja proteção é proporcionada com apenas uma dose.

Essas pessoas são cuidadas por duas equipes de Consultório na Rua, integradas por profissionais das áreas de saúde e assistência social. Entre os planos pensados para ampliar o serviço está a adequação do Conecta Recife para cadastro e agendamento de vacinação para a população em situação de rua.

Novos serviços digitais

Segundo Rafael Figueiredo, o Conecta Recife deverá integrar ainda mais funções. “Vai ser grande a grande porta de entrada digital da prefeitura. Todos os serviços municipais vão estar lá. Hoje, nós já contamos com mais de 140”, conta.

Nos próximos meses, os recifenses e pessoas interessadas em conhecer ou em viagem pela cidade, terão acesso a serviços digitais integrados a atrativos culturais e turísticos do Recife.

Ouça a entrevista completa de Rafael Figueiredo e Siddhartha Moraes no podcast derivado do InterD

Ouça “Recife Digital, Recife Vacina – Rafael Figueiredo e Siddartha Moraes” no Spreaker.

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