Projeto Dobradiça acontece entre os dias 16 e 24 de outubro, com o intuito de reunir e dar visibilidade às iniciativas auto-organizadas por artistas, curadores, pesquisadores, críticos, educadores, dentre outros agentes da arte
“Os coletivos precisam estar juntos pensando em soluções que sirvam para todos”. É sob esse espírito de cooperação e entendimento que a capital pernambucana promove, entre os dias 16 e 24 de outubro, o Dobradiça – 1º Encontro do Circuito Independente de Artes Visuais do Recife. O evento gratuito ocorre na Galeria Maumau, no bairro do Espinheiro, com realização de palestras, oficinas, intervenções artísticas sobre artes visuais e a importância da manutenção dos coletivos de arte. As inscrições podem ser feitas a partir desta sexta ( 1º), por meio do Instagram da Galeria Maumau (@maumaugaleria) ou pelo site www.maumaugaleria.com .
Entre as palestras confirmadas, estão “Circuitos autônomos nas artes visuais: reflexões, articulações, desejos, ativismos” (com Newton Goto); “Artista-etc, hermenêutica do artista, arte conceitual” (Ricardo Basbaum); “A história da auto-organização no campo da arte em Recife” (Joana D’Arc Lima); “As políticas públicas para o circuito de arte independente” (André Aquino); e “Arte, comunicação e poder” (Ana Lira).
O Dobradiça também vai oferecer oficinas e intervenções artísticas realizadas pelo Grupo Risco!, Carni, Pão e Tinta e Coletivo Mutirão. Além de uma reunião de gestores e gestoras de coletivos de arte independente.
“Queremos favorecer a articulação entre os coletivos do Recife e potencializar suas ações para que consigam compartilhar uma agenda comum a ponto de construírem novas alternativas de sustentabilidade”, explica Irma Brown, responsável pela gestão da Maumau.
De acordo com ela, todas as atenções desse encontro estão voltadas para as artes visuais. No entanto, a profusão de novas ideias e conhecimentos que certamente ganharão vida e força durante o primeiro Dobradiça, irão facilitar a articulação futura com coletivos relacionados a outras áreas, como as de cinema, dança, teatro, música, entre outros.
“Ao estimular a articulação entre a gente, poderemos propor e exigir políticas públicas. E não só isso: podemos trocar experiências, equipamentos, fornecedores. Enfim, fortalecermos uns aos outros”, destaca a artista recifense.
Irma Brown divide a coordenação e curadoria do Dobradiça com Maíra Endo, coordenadora do Projeto Córtex e do espaço de arte independente e virtual Hipocampo. Para ela, os coletivos de arte independente possuem importante papel na estrutura que sustenta as artes visuais nas cidades. “Por isso é preciso debater, falar a respeito deles. Nesses locais a arte e a voz do artista desempenham um papel genuíno, sem influências institucionais”, destaca.
O tempo de vida de espaços independentes é motivo de reflexões por parte de Maíra Endo. Para a produtora e pesquisadora, muitos espaços independentes registram vida curta, não conseguindo chegar nem aos 4, 5 anos de existência.
“Apesar da sustentabilidade financeira ser desejada por uma parte dos que fecham as portas, existem outros que entendem um espaço de arte independente como naturalmente efêmero, zona temporária ou transitória que orienta sua existência de forma orgânica e espontânea – alimentando-se do entusiasmo das pessoas envolvidas”, expõe.
A partir disso, Maíra levanta a questão baseada na necessidade de instalação desses centros. “Afinal, eles surgem apenas para suprir uma necessidade momentânea, uma lacuna num espaço de tempo, ou deveriam buscar formas sustentáveis para sobreviver?
O Dobradiça – 1º Encontro do Circuito Independente de Artes Visuais do Recife é financiado pelo Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura-PE) e está inserido no Sistema de Incentivo à Cultura (SIC-PE), do Governo de Pernambuco.
O espaço que acolhe o projeto Dobradiça é, provavelmente, o espaço de artes independente mais antigo da Região Metropolitana do Recife, com mais de 10 anos de experiência. Apesar do longo tempo de vida, a Maumau ainda sofre com a instabilidade de incentivos que colaborem com sua manutenção.
Enquanto muitos espaços fecham suas portas, aqueles que sobrevivem sabem o quão difícil é essa permanência. É, portanto, urgente a necessidade de fomentar projetos que fortaleçam os agentes do circuito independente de artes visuais, estimulando a articulação de redes de colaboração que sustentem as propostas desses espaços e coletivos de artistas.
Sábado | 16.10
09h – 17h | Introdução às Técnicas Artísticas
Oficina e Intervenção Coletivo Pão e Tinta com Mila Barros, ShellOsmo e Cigana
Vagas: 15
Domingo 17.10
09h a 11h | Prática de dança afro contemporânea,
Oficina e Intervenção Coletivo Carni com Victor Limår
14h – 18h |Risco Dobrado
(Sessão com transmissão aberta ao público a partir das 16h30)
Oficina e Intervenção Grupo Risco! com Bruna Raphaella e Vi Brasil
Vagas: 15
Segunda-feira | 18.10
19h
Palestra 1: Circuitos autônomos nas artes visuais: reflexões, articulações, desejos, ativismos.
Palestrante: Newton Goto
Sinopse: A partir de pesquisas e produções próprias realizadas pelo artista/pesquisador desde 2001 relacionadas aos circuitos autônomos de artes visuais no Brasil, entre as quais os projetos CCTV, Circuitos compartilhados, Livre-troca e Rotação de culturas, articulam-se reflexões sobre as estratégias de atuação empreendidas por diversos agenciamentos produtivos, buscando compreender suas motivações, pensamentos críticos, desejos de liberdade e de transformação. Esse legado de experiências torna-se contexto referencial de diálogo para novas articulações coletivas, desejos de futuro, atuações sobre o presente.
Duração: 90 minutos
Vagas: 20
Terça-feira | 19.10
19h (videoconferência)
Palestra 2: Artista-etc, hermenêutica do artista, arte conceitual
Palestrante: Ricardo Basbaum
Sinopse: Discussão em torno da produção de si como artista, em contato direto com a economia do circuito de arte, envolvendo questões do território da autogestão e problemas da arte conceitual.
Duração: 60 minutos
Vagas: 20
Quarta-feira | 20.10
19h
Palestra 3: A história da auto-organização no campo da arte em Recife
Palestrante: Joana D’Arc de Souza Lima
Sinopse: A partir de pesquisa própria, serão apresentadas e contextualizadas algumas das muitas iniciativas auto-organizadas por artistas na região metropolitana de Recife ao longo dos séculos XX e XXI.
Duração: 60 minutos
Vagas: 20
Quinta-feira 21.10
19h
Palestra 4: As políticas públicas para o circuito de arte independente
Palestrante: André Aquino
Sinopse: Serão apresentadas e debatidas as atuais políticas públicas de fomento para o circuito de arte independente. Além disso, será discutida a possibilidade de criação de um novo ator coletivo que represente o circuito independente na arena política do Recife. Duração: 60 minutos
Vagas: 20
Sexta-feira | 22.10
19h
Palestra 5: Arte, comunicação e poder.
Palestrante: Ana Lira
Processos de criação e articulação. As suas diversas funções e as relações de poder que permeiam o campo da arte e o mundo. Ações e estratégias para fortalecer redes de artistas e profissionais negrodescendentes no campo da arte.
Duração: 60 minutos
Vagas: 20
Sábado 23.10
14h – 18h |Lambuzeira de Guerrilha
Oficina e intervenção Mutirão com Arthur Braga e André Valença
Vagas: 15
Domingo 24.10
9h – 12h #TECNOLOGIAASERVICODAPOESIA – Debate e expressividade
Oficina e intervenção Coletivo Carni com Kalor Pacheco
Vagas: 15
15h – 19h | Roda de Gestorxs
Vagas: 20
Com Ariana Nuala (Carni + Trovoa), Pedro Stilo e Maria Rocha (Coletivo Pão e Tinta), Bruna Raphaella (Risco!), Arthur Braga (CEÇA + Mutirão), Maira Endo (Córtex + Hipocampo) e Irma Brown (Galeria Maumau).
Participantes: serão convidados(as) para a reunião, gestores(as) de iniciativas de arte auto-organizadas sediadas em Recife e arredores.
Temas em estudo:
Representatividade e articulação política;
Compartilhamento de agenda e divulgação de eventos;
Eventos conjuntos e compartilhamento de custos;
Compartilhamento de recursos de qualquer tipo;
Compartilhamento de serviços.
Observação: após a confirmação dos presentes na reunião, será preparado e compartilhado um documento com informações e links sobre todas as iniciativas participantes.
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