No livro Fracasso: por que a ciência é tão bem-sucedida, Stuart Firestein desmistifica a visão de que a ciência é um caminho seguro, mostrando como a fracasso muitas vezes é o que impulsiona o progresso
A concepção comum da ciência como um sistema algorítmico, regido por rigorosas regras metodológicas, dista muito da realidade. Na realidade, ela é uma busca potencialmente turbulenta, que percorre territórios desconhecidos, trilhando caminhos errados, descobrindo falsas verdades, e enfrentando uma boa dose de fracasso, tudo em busca de um possível sucesso que a aproxime da verdade.
A ideia equivocada de uma ciência sempre assertiva e infalível se deve, em grande parte, ao fato de que o processo de pesquisa raramente é revelado em sua totalidade, sendo conhecido apenas o resultado final, especialmente quando é bem-sucedido. E é esse caminho que o neurocientista Stuart Firestein percorre no atraente e agradável Fracasso: por que a ciência é tão bem-sucedida, lançamento da Editora Unesp.
“Este livro tem fracasso escrito em toda parte”, escreve Firestein. “Literalmente, é claro, mas também metaforicamente. De modo que o fracasso perseguirá este livro e, ocasionalmente, pode vencer uma rodada. Mas, se eu acertar, você entenderá que esses fracassos são uma parte importante do livro, um ingrediente absolutamente necessário. Um livro sobre o fracasso não pode ser uma mera palestra; também deve ser um tipo de demonstração. E agora, mediante um truque de prestidigitação, eu me vacinei pelo menos parcialmente contra o fracasso contando-lhe que o tema do livro é a grande importância dos fracassos. Pensando bem, este também é um tema: que devemos abrir e defender um espaço para o fracasso não catastrófico, um lugar em que o fracasso possa acontecer regularmente.”
Ao longo da história, os cientistas erraram muito mais do que acertaram, empreendendo jornadas por caminhos que, às vezes, só séculos mais tarde, se mostraram equivocados. O fracasso muitas vezes se revela ao próprio cientista, mas serve, no mínimo, como um novo ponto de partida. A ciência avança lentamente e, em parte, devido aos insucessos, e os cientistas são moldados e aprimorados por suas falhas.
Citando exemplos históricos de grandes mentes como Isaac Newton e Albert Einstein, e seus inúmeros fracassos que precederam avanços revolucionários, Firestein desmistifica a visão de que a ciência é um caminho seguro. Ele mostra como algumas descobertas científicas consagradas foram, na verdade, acidentais e como o erro e a frustração têm sido subestimados, talvez porque os cientistas são ensinados desde cedo a não falar sobre fracassos, mas sim sobre sucessos, a fim de preservar suas carreiras.
Para o autor, o fracasso na ciência não deve ser visto como incompetência ou falta de sorte, mas como uma oportunidade de aprendizado e crescimento. É através do fracasso que os cientistas podem identificar as limitações de suas abordagens, questionar suas suposições iniciais e desenvolver novas ideias e hipóteses.
De forma acessível, este livro torna a ciência mais atraente e humana ao expor suas falhas e desafiar a visão convencional do fracasso. Nas palavras do autor: “Cada fato na ciência foi duramente conquistado e tem um rastro de fracassos atrás de si. Esses fracassos não devem ser ocultados; devem ser realçados.” Uma leitura envolvente que convida o leitor a compreender a ciência além dos estereótipos e a apreciar sua trajetória repleta de desafios e superações.
Stuart Firestein é um neurocientista e biólogo norte-americano. Após seu PhD em Neurobiologia, tornou-se pesquisador na Yale Medical School e, posteriormente, na Universidade de Columbia, onde atualmente realiza pesquisas sobre o olfato. Dedica-se a promover a acessibilidade da ciência ao público leigo por meio de uma escrita não científica e de aparições públicas. Há mais de 15 anos ministra um curso em Columbia sobre as incertezas do processo científico.
Título: Fracasso: por que a ciência é tão bem-sucedida
Autor: Stuart Firestein
Tradução: Luiz Antonio Oliveira de Araújo
Número de páginas: 232
Formato: 13,7 x 21 cm
ISBN: 978-65-5711-196-3
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