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Panela Jazz ocupa o Recife com dez horas de atividades artísticas
- Música
- 17 de outubro de 2024
5ª edição do presta tributo ao Quinteto Violoado e a Capiba e começa às 14h do sábado
Ocupação das ruas com arte, de forma democrática e com reverência à sagacidade do improviso enquanto elemento fundamental da cultura. A filosofia do Panela do Jazz, um dos principais festivais do gênero no Nordeste, envolve novamente o bairro do Poço da Panela, no Recife, neste sábado (19), a partir das 14h, após um ano de hiato na cidade. A programação faz tributo aos 120 anos de nascimento do Mestre Capiba, ícone da improvisação frevista, e ao grupo Quinteto Violado – uma das atrações da programação de 2024. A grade reserva mais de dez horas de atividades artísticas gratuitas, com palhaçaria, exposições, música, feirinha livre, artesanato e diversidade gastronômica – para públicos de todas as idades. O evento será transmitido ao vivo pelo canal do do Panela do Jazz no Youtube (@paneladojazz).
A apresentação do Quinteto Violado ocorre no fim de semana de aniversário de 53 anos e enfatiza a faceta instrumental do grupo. O show é o primeiro depois da morte, no fim de setembro, do flautista Ciano, integrante da formação por 43 anos, e deve prestar tributo ao legado do músico, tomado como referência por gerações de artistas pernambucanos. A programação musical tem início com Combo CPM, formado por integrantes do Conservatório Pernambucano de Música, às 16h, e prossegue com Neris Rodrigues e o Trombonando, às 17h. Continua com Laís de Assis Trio (às 18h30), Duo Repercuti (com o show “Duo Repercuti Convida Tambores da Xambá”, às 20h), Gilú Amaral (às 21h30). No intervalo entre as exibições, quem comanda o som é o DJ Ari Falcão, com repertório de clássicos do jazz extraídos de discos em vinil.
O festival dá boas-vindas ao público com a abertura da feira Olegarinha de Artes da Mulher (às 14h), voltada à economia criativa e ao empreendedorismo feminino e sob curadoria da designer e chef Cecília Montenegro. O espaço presta homenagem à abolicionista e ícone da luta pela emancipação feminina Olegária Carneiro da Cunha, conhecida como Mãe do Povo por organizar bazares e outras atividades para arrecadar fundos e custear cartas de alforrias de escravizados na região.
O festival recria o encantamento bem-humorado dos artistas circenses de edições anteriores com uma tripla apresentação a partir das 16h30, para crianças e adultos. A Palhaça Vareta exibe o espetáculo “Desentupirada”, com situações cômicas e inusitadas vivenciadas pela palhaça acometida por uma dor de barriga pouco antes de iniciar um show – tem contorcionismo, malabarismo, equilibrismo e música. Às 17h30, é a vez do Palhaço Gambiarra fazer a performance “Um curto-circuito de risos”, um passeio pela contação de histórias e pelos brinquedos populares a partir de vários números. As apresentações circenses são encerradas com o espetáculo “Meu Circo”, da companhia Meu Circo, com previsão de início às 18h30. As atividades cênicas incluem, ainda, a exibição do espetáculo A Menina que Tocava Jazz, do Coletivo Resistência, às 20h.
A exposição “Momento”, concebida e montada pela fotógrafa francesa radicada no Recife Dominique Berthé e pelo artista plástico Imaraí Freitas, é uma das opções acessíveis ao público do festival – a mostra na casa-atelier dela (Rua Álvaro Macêdo, 70) ficará aberta entre as 16h e 20h do sábado. As obras versam sobre trajetória, criações, expressões e linguagens da artista.
A noite será marcada pela exibição do Projazzções, incursão artística com a ideia de combinar harmonicamente imagens e músicas através da projeção de fotografias em sintonia com clássicos do jazz nacional e internacional, no Poço das Artes (Rua Álvaro Macêdo, 54) – começa às 20h e segue até a 1h. A proposta do fotógrafo Anderson Steves e do DJ Ernesto Jr. é evidenciar o diálogo e a sinergia criada pela combinação de vertentes artísticas de apreciação sensorial diferente – visual e auditiva.
“O Panela do Jazz tem uma preocupação permanente com a valorização da cultura brasileira e da cena instrumental, através do jazz e da ponte com outras musicalidades nacionais e estrangeiras. É um evento para cultivar a relação com as múltiplas linguagens da arte e instigar a ocupação da rua, da cidade pela população”, resume o idealizador e diretor-geral do evento, o produtor cultural Antonio Pinhêiro. O festival contrata mão-de-obra local e providencia estrutura para comércio de moradores e empresas sediadas no bairro – com oferta de gastronomia, artesanato e de outras linguagens para dinamizar o acesso à arte e ao desenvolvimento de forma sustentável e integrado.
A quinta edição do Panela do Jazz, realizado pela Pro4, tem patrocínio da Caixa Econômica Federal e do Governo Federal. Conta com o apoio do Governo do Estado de Pernambuco, através da Fundarpe e da Secretaria de Cultura de Pernambuco, e da Prefeitura do Recife, por meio da Fundação de Cultura, Secretaria Executiva de Controle Urbano e Emprel.
OS SHOWS
A homenagem ao mestre Capiba atravessa as apresentações do Panela em 2024, com influência dos improvisos do frevo e do jazz a cada performance sobre o palco.
Neris Rodrigues e o Trombonando – O show “Música do mundo” esmiúça a trajetória do jazz no Brasil e se debruça sobre as fusões com frevo, coco, agueré, funk, música ancestral árabe e percussão afrodescendente. Apresentação mescla sons em percurso pela ideia de brasilidade e prepara número especial à base de frevo em tributo a Capiba.
Lais de Assis Trio – A pernambucana é violeira, arranjadora, pesquisadora e arte-educadora, criou uma linguagem própria à frente do instrumento de corda e usa como inspiração o universo sonoro nordestino e as ancestralidades. O show com o trio tem o acompanhamento da tuba de Alex Santana e da percussão de Nino Alves, com improviso inspirado na sonoridade regional.
Ouça “Laís de Assis participa do InterD – Mulheres Instrumentistas do Recife #20” no Spreaker.Duo Repercuti – Show “Duo Repercuti Convida os Tambores da Xambá” faz uma celebração da música afro-pernambucana e brasileira, com a proposta de uma experiência musical inédita a partir de arranjos específicos das composições do primeiro álbum. Espetáculo se define como símbolo de resistência e identidade cultural.
Gilú Amaral – Com o álbum recém-lançado “O Sopro e a Percussão”, o habilidoso percussionista pernambucano exalta a força sonora dos metais na música pernambucana e a conexão com ritmos e gêneros no cenário internacional. Apresentação atravessa o regional com improvisações típicas do jazz sob influência de Moacir Santos, Hermeto Pascoal e Naná Vasconcelos.
Quinteto Violado – Grupo icônico da música nordestina e brasileira, com 52 anos de vida, o Quinteto faz da música regional e do trabalho de pesquisa o material de trabalho das apresentações. A sonoridade própria estabelece conexões com a musicalidade universal e celebra o cosmopolitismo da arte, com absorção da contemporaneidade e improvisações jazzísticas – do popular ao erudito. A apresentação no Panela do Jazz enfatiza a faceta instrumental do grupo.
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