Orquestra Malassombro leva frevo para escolas públicas do Recife
Orquestra Malassombro faz concerto-aula em projeto para divulgar manifestações culturais pernambucanas junto às novas gerações
O frevo vai invadir escolas da rede municipal do Recife com misto de música, performance e contação de histórias entremeadas pelos escritos de Gilberto Freyre sobre causos e lendas sobrenaturais da cidade. Com a proposta de aguçar o interesse pelas manifestações culturais do nosso estado e frevo junto às novas gerações, a Orquestra Malassombro visitará cinco instituições de ensino com o projeto “Orquestra Malassombro – Concerto-aula para crianças: Na trilha das Assombrações do Recife”, voltado para estudantes do ensino infantil ao médio.
Sob direção cênica de Quiercles Santana, responsável por adaptar os textos de Freyre para o concerto-aula, a Orquestra Malassombro faz um passeio literário-musical pelas ruas, becos e praças da cidade e se propõe a fazer uma conexão entre as aventuras narrativas do escritor e o ritmo performático, criativo, irreverente, buliçoso e divertido. A ideia é motivar as crianças a estabelecer uma maior aproximação e conexão com o imaginário popular do autor pernambucano através do “faz de conta”, das lendas e das fábulas em sala de aula em um momento de descontração e socialização.
Melodia, canto, dança e recital se coadunam para formar o roteiro e transpor as lendas narradas na obra do notório sociólogo pernambucano para um formato lúdico e brincante. A Cabra Rabiola e suas aventuras para assombrar meninos malcriados, as crendices responsáveis por batizar a Praça Chora Menino e os vultos brancos da Avenida Malaquias são algumas das narrações extraídas do livro, moldadas em poesia e embaladas pela música – e com intérprete de Libras.
O concerto-aula será conduzido pelos músicos da Malassombro, cujo nome é inspirado na decoração da primeira sede, a Venda do Bom Jesus, onde estão imagens dos causos reunidos por Freyre: Mozart Ramos (flauta), Angelo Lima (clarinete), Leonardo Pellegrim (sax tenor), Johan Brehmer (caixa), Junior Teles (pandeiro), Filipe Novais (surdo) e Julio Cesar (sanfona), junto com os cantores Isadora Melo, Sue Ramos, Sonia Cristina, Carlos Filho, Rafael Meira e José Demóstenes, sob a batuta do maestro Rafa Marques.
Serão contempladas a Escola do Pilar (Centro), Escola Draomiro Chaves Aguiar (Casa Amarela), Escola Alto da Guabiraba, Escola da Mangabeira e Escola Cidadão Herbert de Souza (Santo Amaro), entre os dias 21 e 25 de outubro, respectivamente. No repertório, estão majoritariamente composições autorais da Orquestra Malassombro, além do clássico “Vassourinhas”, de Matias da Rocha e Joana Batista Ramos.
As apresentações estão alinhadas a reivindicações antigas de artistas, produtores, educadores e sociólogos sobre a necessidade de promover o acesso à produção cultural desde a infância como elemento imprescindível para a manutenção do fazer artístico e da identidade cultural. “A gente preparou um modelo mais lúdico. Para isso, a gente chamou Quiercles Santana, que desenvolveu ou encontrou textos que tivessem algo a ver com a Orquestra Malassombro. Nossa proposta é, também, fazer uma fotografia do nosso tempo, uma característica marcante do frevo de bloco. E envolver a juventude é importante neste processo”, explica Rafa.
A proposta, viabilizada com apoio do SIC – Sistema de Incentivo à Cultura / Fundação de Cultura Cidade do Recife / Secretaria de Cultura / Prefeitura da Cidade do Recife e é respaldada por estudos nos quais se atestam os benefícios da música para o aprendizado e a criatividade. Ela auxilia a criança no desenvolvimento de potencialidades físicas e mentais e instiga o uso do próprio corpo como meio de comunicação e expressão. Melhoria da linguagem, da coordenação, da percepção auditiva e rítmica, das orientações temporal e espacial, do equilíbrio e, principalmente, da comunicação podem ser alcançadas com a introdução da educação musical nessa fase da vida.
ACESSE TAMBÉM
Júlio Ferraz (PE) convida Zefirina Bomba (PB) para show especial
Festival Internacional Cervantino recebe o Brasil como convidado de honra
“Spalt-me”, de Juliana Notari, e “Fanm Fò”, de Adeline Rapon chegam ao MAMAM