Música

Orquestra Malassombro lança álbum em tributo ao Recife com show no Teatro do Parque

Festa com frevo tem participação de Flaira Ferro, Henrique Albino, Surama, Laila Campelo, Karlson Correia e música gravada com o mestre Claudionor Germano

A renovação do frevo tão ambicionada pela valorização da cultura pernambucana encontra guarida e impulso no show de lançamento de Recife, início, meio e fim, da Orquestra Malassombro, neste domingo (2), às 18h, no Teatro do Parque. O terceiro álbum do grupo faz uma ode musical a cenários, vanguardismos e afetos artísticos e urbanos da cidade berço do gênero centenário e é apresentado na íntegra ao público com a participação especial da bailarina e cantora Flaira Ferro, do instrumentista Henrique Albino, da cantora e preparadora vocal Surama, da musicista Laila Campelo e do cantor Karlson Correia. Os ingressos custam R$ 15 e estão à venda pelo Sympla e link na bio do Instagram da orquestra (@orquestramalassombro).

O repertório do show é integrado pela composição homônima do título do álbum gravada com Claudionor Germano – mestre do frevo e cantor referência para gerações de músicos pernambucanos e brasileiros -, Paulo da Hora, filho dele, e o Coral Edgard Moraes. A composição assinada por Rafael Marques, Isadora Melo, André Mussalem e José Demóstenes Torres exalta hábitos, locais e costumes recifenses e se tornou pública através de vídeo tocante em estúdio com a presença de Claudionor, personagem incansável na divulgação do frevo aos 92 anos de idade.

“A proposta do álbum é falar sobre um Recife que a gente habita. O frevo canção, de bloco e de rua, já em seus títulos, histórica e tradicionalmente cantam, evocam o Recife e seus compositores, suas personalidades, ruas. E a gente resolveu fazer dessa mesma forma, mas cantando o Recife que a gente habita, do nosso tempo, dentro de um contexto social, político e artístico”, explica o maestro Rafael Marques.

As dez faixas transitam por toda a versatilidade do gênero pernambucano sob inspirações profundas e prosaicas, coladas à estética da cidade ou à alma de quem nela vive, dos descaminhos ilusórios do amor à reflexão inquietante sobre a finitude, do calor da capital e das ruas à coreografia dos passos, das criaturas da folia às gírias da produção musical e à teimosia de preconceitos e desigualdades. Em todas, a essência de desfrutar e absorver o Recife e as peculiaridades da vida na cidade.

A apresentação deste domingo perpassa as músicas incluídas no álbum e as composições criadas pelo grupo ao longo dos seis anos de vida e distribuídas pelos dois discos anteriores (Orquestra Malassombro, de 2022, e Frevo é também procissão, de 2024), ambos disponíveis no streaming. Recife, início, meio e fim, gravado no estúdio Carranca, mixado e masterizado por Junior Evangelista, tem previsão de entrar nas plataformas digitais neste mês de fevereiro – para manter ainda mais vivo o frevo e seu espaço natural de origem.

Recife, início, meio e fim | Faixa a faixa do álbum

Quentura demais – Frevo-canção assinado por Rafael Marques, Isadora Melo, Catarina Calado e Gabi Carvalho. “É quente, pra pegar fogo. Falamos sobre o calor do Recife, que não para, e a gente toca mais fogo. Tem a pegada do frevo da década de 1990, que inseriu o caboclinho, com referência forte de Marron Brasileiro”, diz Rafael Marques.

Dona do meu cordão – É uma marcha-rancho, de Rafael Marques e João Cavalcanti, cantor e compositor, ex-integrante do Casuarinas e filho do pernambucano Lenine. “João tem ligação com o Recife, visita. A letra fala sobre essa relação com a cidade”, diz Rafael.

A La Ursa vai pegar você – Música e arranjo de Henrique Albino, é uma faixa “semi-instrumental”, com pouca intervenção do coro. “É a cara de Albino, marca um ponto de reverência no disco”, afirma Marques.

Sem teu amor – Composta por Isadora Melo, é frevo de bloco clássico, tanto na melodia quanto na poesia, sobre uma pessoa que vai ao carnaval à procura de um amor. “A gente fez um arranjo arrojado para tirar do lugar comum. Tem a participação de Cid, fundador e diretor do bloco O Bonde, que recita um texto”, destrincha.

Parece kung fu – Com arranjo de Mateus Alves, participação de Flaira Ferro (a música é dela com Wilson Freire, Fernando Ferro e Rafael Marques). Música surgiu a partir de uma comparação feita por Wilson da dança, do passo, com movimentos da arte marcial. “A gente incluiu porque tem muito a ver com o Recife”, conta Rafael.

Frevo retinto – De Surama Ramos, com arranjo de Henrique Albino, faz uma leitura política e social a partir da abordagem de questões raciais.

Pro bem e pro mal – É um frevo fúnebre. “Quando compus melodia e harmonia, a referência foi o Réquiem de [Amadeus] Mozart (1756-1791), com um contexto diferente e incomum ao gênero. A música aborda a morte, a perpetuação, a vida e tudo que passa”, explica Rafael. A letra é de Juliano Holanda, com interpretação de José Karlson, cantor erudito.

Sabe trabalhar – É uma esquete de 30 segundos, criada pelo coro como mote para caracterizar, de forma bem-humorada, a habilidade de trabalhar durante a jornada musical. Bordão de ensaios e apresentações, virou música no álbum.

Todas as ruas – Frevo-canção clássico sobre Olinda, “lugar que a gente habita muito, convive, cidade irmã do Recife”. A composição é assinada por Rafael Marques e Juliano Holanda.

Recife, início, meio e fim – Faixa dá título ao álbum. “Fala sobre um Recife que a gente habita e ao qual pertence, do Bar Retalhos, da praia de Boa Viagem, do mercado de São José, de um imaginário que a gente vive e viveu”, descreve Rafael.

SERVIÇO

Show de lançamento de Recife, início, meio e fim

Quando: 2 de fevereiro, às 18h

Onde: Teatro do Parque (Rua do Hospício, 81, Boa Vista)

Quanto: R$ 15 (ingresso social)

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