Ocupação Paulo Freire: exposição dedicada ao educador ocupa o Museu do Estado de Pernambuco

 Ocupação Paulo Freire: exposição dedicada ao educador ocupa o Museu do Estado de Pernambuco

Reprodução Internet

 

O legado do filósofo, escritor e patrono da Educação Brasileira será contado na Ocupação Paulo Freire, por meio de uma linha contínua e coerente de sua existência, apresentada desde a infância, o desenvolvimento intelectual, a experiência em Angicos – método de alfabetização reconhecido em todo o mundo –, seu exílio até o retorno ao Brasil

 

 

De 25 de novembro de 2022 a 12 de fevereiro de 2023, o Museu do Estado de Pernambuco (MEPE) receberá a Ocupação Paulo Freire. O projeto foi concebido pelo Itaú Cultural de São Paulo em 2021, e agora chega ao Recife com a realização do Sesc em Pernambuco; Governo do Estado de Pernambuco (Secretaria de Cultura e Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco) e Prefeitura da Cidade do Recife (Secretaria de Educação, Secretaria de Cultura e Fundação de Cultura).

Além da exposição, será ofertada uma programação composta por círculos de cultura, conferências, apresentações artísticas e culturais, exibição de filmes e lançamento de livros. A grade foi construída com o apoio de instituições parceiras como a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); Oficina Francisco Brennand; Museu do Estado de Pernambuco (MEPE); Instituto de Educação e Direitos Humanos Paulo Freire e o Centro Paulo Freire de Estudos e Pesquisas.

A curadoria é dos Núcleos de Audiovisual e Literatura e de Educação e Relacionamento do Itaú Cultural, com expografia assinada por Thereza Faria. A Ocupação acompanha a trajetória de Freire, desde o nascimento, em 1921, passa pelo desenvolvimento do seu método de alfabetização – que, implantado em Angicos (RN) acabou ganhando dimensão internacional – e o segue nos diferentes países onde viveu, durante o exílio forçado pelo período militar, até seu retorno e atuação no Brasil, onde morreu em 1997.

EXPOSIÇÃO – Uma animação com as páginas manuscritas de “Pedagogia do Oprimido”, o mais conhecido livro de Freire, abre o caminho para a exposição. Um mapa, chamado Paulo Freire no mundo, a encerra. Ele mostra todos os lugares que o educador alcançou nos diversos continentes com a sua obra, o trabalho de alfabetização de adultos e o compartilhamento de saber e ideias sobre a educação. O educador chegou a mais de 30 países e a repercussão de suas propostas comporta mais de três dezenas de livros – 28 deles, pertencentes ao acervo do Itaú Cultural, estão em exibição em uma estante na mostra.

Freire ainda foi merecedor de pelo menos 29 títulos Honoris Causa e foram realizadas dezenas de pesquisas sobre ele e sua obra, que também se desdobraram em Cátedras, Centros Acadêmicos, institutos e grupos de pesquisa. Homenagens e premiações como cidadão honorário, prêmios, medalhas, placas comemorativas de eventos, troféus, certificados diversos, condecoração e nomes de escolas, são outros dos reconhecimentos ao trabalho de Paulo Freire.

Entre a animação e o mapa, a exposição se estende pelo 1º andar do anexo Cícero Dias, dividida em quatro eixos – Formação, Angicos, Exílio e Retorno. No conjunto, apresenta cerca de 140 peças, entre 60 fotografias que registram Freire nas mais diversas situações e localidades no Brasil e no exterior, vídeos e dezenas de seus originais – do Livro do Bebê, feito pelos seus pais quando ele nasceu, a manuscritos de sua autoria, como À sombra desta mangueira, Pedagogia da Esperança e Pedagogia da Autonomia.

São originais também poemas e cartas, enviadas por ele e recebidas. Ainda, ali se encontram suas marginálias encontradas em livros de autores como o pintor Johann Moritz Rugendas, Erich Fromm, Aldous Huxley, Jacques Maritain ou Caio Prado Júnior, que ele lia e hoje fazem parte do conjunto nomeado pelo Instituto Paulo Freire de Biblioteca Pré-golpe.

Cartazes e ilustrações utilizados nas chamadas 40 horas de Angicos, nome do município do Rio Grande do Norte onde, pelo método freireano, cerca de 300 pessoas foram alfabetizadas em alguns dias, também fazem parte da mostra. É farto, ainda, o material documental e imagético de suas passagens pelo Chile e outros países como Quênia, Guiné-Bissau, Cabo Verde, Angola e São Tomé e Príncipe, além da Suíça, onde viveu e trabalhou nos últimos anos antes de voltar para o Brasil.

O eixo Formação traz a nordestinidade de Paulo, com destaque para a sua infância, a família, a casa em que nasceu e se alfabetizou, no Recife – onde havia a mangueira sob a sombra da qual escreveu as primeiras palavras usando gravetos.

Em Angicos, de 1960 a 1964, encontra-se grande número de documentos e imagens que remetem a esta pequena cidade do Rio Grande do Norte e esmiúçam a experiência de alfabetização que ali desenvolveu. Entre eles, a documentação elaborada por Freire para a formação dos educadores envolvidos na experiência, material pedagógico e como eram feitas as aulas.

Destaque, ainda, para documentos sobre o Plano Nacional de Alfabetização e outras aplicações do Sistema de Alfabetização Paulo Freire – o planejamento dos círculos de cultura pelo país e as experiências de alfabetização aplicadas no Acre, Rio de Janeiro, Santa Catarina, São Paulo, Distrito Federal.

Exílio, abrange 1964 a 1980, quando o golpe civil-militar o fez permanecer em exílio por 16 anos. Há registros de sua saída do Brasil pela Bolívia antes de se instalar no Chile, onde escreveu Pedagogia do Oprimido, além de seus anos vividos nos Estados Unidos e na Suíça, suas atuações, na década de 1970, no Instituto de Ação Cultural (Idac) e a liderança de programas de educação e alfabetização em países africanos.

Nesse núcleo encontram-se outros importantes documentos do período, como as 14 folhas grampeadas do inquérito policial sobre a sua atuação na universidade, que acabou resultando em sua saída país.

Por fim, o eixo Retorno, de 1980 a 1997, mostra a vida de Paulo Freire quando votou ao Brasil com a anistia e começou a dar aulas na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) e em outros círculos universitários. Passados três anos, em 1989, se tornou secretário municipal de Educação da prefeita de São Paulo Luiza Erundina. Paulo Freire morreu em maio de 1997, aos 75 anos, um ano após a publicação de Pedagogia da autonomia, sua última obra.

Este eixo encerra o percurso pela Ocupação Paulo Freire e ainda revela a internacionalização de seu trabalho entre o mapa interativo e uma variedade de itens, como materiais de formação de educadores, minutas para projetos de lei prevendo melhoria das condições de trabalho dos profissionais e outros para a divulgação de ações específicas, como a criação e/ou reativação de conselhos de escola.

Serviço
“OCUPAÇÃO PAULO FREIRE”
Local: Museu do Estado de Pernambuco – MEPE (Av. Rui Barbosa, 960 – Graças, Recife – PE)
Período: 25 de novembro de 2022 a 12 de fevereiro de 2023
Funcionamento: Terça a sexta-feira: 09h às 17h | Sábados e domingos: 14h às 17h
Agendamentos: educativo.mepe@gmail.com

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