Por AD Luna
Já parou para pensar que estamos cercados por ciência por todos os lados? Ela está em tudo: nas roupas que vestimos, passando por alimentos e medicamentos que utilizamos, transportes, tecnologias que facilitam a comunicação, promovem entretenimento e mais uma lista absurdamente imensa de coisas. Apesar disso, muita gente não sabe o que é, como a ciência funciona e por que podemos confiar nela.
Em vídeo produzido para o canal do YouTube Casa do Saber, a bióloga Natalia Pasternak explica e responde a essas questões. Ela é formada pelo Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IB-USP), PhD com pós-doutorado em Microbiologia, na área de Genética Molecular de Bactérias pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) e presidente do Instituto Questão de Ciência – o primeiro no Brasil voltado para a defesa do uso de evidência científica nas políticas públicas.
Como definir o que é ciência? Antes de responder diretamente à questão, Natalia explica que há vários tipos de conhecimentos gerados pela humanidade, a exemplo das artes em geral, música, literatura, esportes. “Esses conhecimentos são o que nos fazem humanos. Eles não são menos importantes. Mas, quando a gente fala de investigação do mundo natural, estamos falando de ciência”, aponta.
“A ciência é um processo de investigação que vai levar em conta experimentos e observação da natureza, e a partir desses vão ser tiradas conclusões, que são provisórias”, detalha. “A ciência não lida com verdades absolutas e tem uma característica muito interessante: estar disposta a mudar de ideia se as evidências mudarem”, complementa a bióloga.
Com o incremento da tecnologia disponível, os cientistas podem ter acesso a novas evidências e, assim, antigas teorias podem mudar. “A ciência não é dogmática. Ela vai chegar o mais perto possível da verdade, com as melhores ferramentas que a gente tem disponíveis naquele momento, naquele contexto histórico”, diz Pasternak.
A ciência é sempre aberta a discussão, precisa ser pública e passível de replicação por outros cientistas, em qualquer lugar do mundo. “Tenho que dar todas as ferramentas, falar direitinho como é que fiz, pra que qualquer um possa replicar esse experimento e ver se estou certa ou errada”.
Os cientistas também precisam estar abertos a críticas de outros cientistas direcionadas a seus experimentos e conclusões. A ciência é feita de maneira coletiva. não por gênios solitários. E, como Natalia Pasternak reforça, é preciso que a comunidade científica chegue a consensos.
A eficácia das vacinas e os efeitos do aquecimento global são exemplos de consensos científicos, os quais não são meras opiniões de cientistas. “A gente não vai votar se um antibiótico funciona ou não, vamos testá-lo exaustivamente, com métodos rigorosos e se vai chegar numa resultado que a gente pode dividir com a população”.
“Com o passar do tempo, a ciência se mostrou ser a melhor ferramenta que a gente já desenvolveu até hoje para investigar a realidade e pra gerar conhecimento e tecnologia”, aponta Natalia. Uma das muitas conquistas provenientes disso é o aumento da expectativa de vida, registrada nos últimos 100 anos. No Brasil, na década de 1970, ela era girava em cerca dos 50 anos. Hoje, está perto dos 80.
A ciência é essencialmente amoral. Pode ser usada tanto para o bem quanto para o mal. Por meio dela, é possível criar vacinas e medicamentos para combater doenças ou produzir bombas atômicas. Mesmo nesse caso, o conhecimento gerado permitiu-se a produção de energia nuclear – “que é uma forma de energia limpa”, diz Natalia. “O conhecimento nunca é perdido. E por que então a gente pode confiar na ciência? Simplesmente porque ela funciona”.
O simples fato de vivermos no século XXI já nos faz beneficiários da ciência e dos seus frutos, mesmo que a gente não se dê conta dessa verdade.
Os objetos que nos dão conforto, que nos dão prazer, que nos transportam, que nos emocionam, que nos informam (até este livro) só existem da forma como existem por conta dos conhecimentos científicos.
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