Mundurucu, ativista negro do século 19, ganha HQ pela Cepe

 Mundurucu, ativista negro do século 19, ganha HQ pela Cepe

undurucu é autor do processo judicial mais antigo em defesa dos direitos dos negros nos EUA, com registro em jornais da época

Mundurucu, pernambucano que combate a escravidão e a segregação racial nos EUA, é tema do novo livro da Cepe. O lançamento será em 13 de junho na Livraria do Jardim, Recife. A obra conta com apoio do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura)

Um pernambucano que participou da Confederação do Equador, combateu a escravidão e foi pioneiro na luta contra a segregação racial nos Estados Unidos, no século 19, é o protagonista do novo título do Selo Cepe HQ. Negro, ativista e revolucionário, Emiliano Felipe Benício tem sua história resgatada em Mundurucu na Confederação do Equador, romance gráfico criado por Paulo Santos, Libório Melo e Luciano Félix, que mistura ficção com fatos e personagens reais, como frei Joaquim do Amor Divino Rabelo, o popular frei Caneca. O lançamento será quinta-feira (13), a partir das 19h, na Livraria do Jardim, Boa Vista, no Centro do Recife, com bate-papo aberto ao público.

Faz um bom tempo, venho me dedicando à História de Pernambuco. E, nas minhas pesquisas, encontrei essa figura fascinante, ainda praticamente desconhecida”, afirma Paulo Santos. Ele descobriu Emiliano Mundurucu (sobrenome adotado pelo ativista) e escreveu o roteiro da HQ há cerca de 20 anos. “Por falta de tempo e de verba, o projeto ficou na gaveta e só pôde ser finalizado agora”, comenta. O layout é do ilustrador, caricaturista e quadrinista Eloísio Libório Melo, falecido em janeiro de 2020, e a arte-final é de Luciano Félix. O título tem patrocínio do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura).

A publicação do livro pela Cepe Editora coincide com o ano do bicentenário da Confederação do Equador, movimento de caráter republicano ocorrido em Pernambuco, com adesão de outros Estados nordestinos, em 1824. “Sabe-se muito pouco sobre Emiliano Mundurucu, inventei uma biografia para ele, mas a tentativa de expulsar os brancos de Pernambuco e as atividades nos EUA são reais”, diz Paulo Santos. Mundurucu é autor do processo judicial mais antigo em defesa dos direitos dos negros nos EUA, com registro em jornais da época. A ação foi movida em 1833 contra o capitão de um navio no qual ele viajava com a esposa e a filha pequena, após serem vítimas de preconceito racial.

Ele foi comandante do Regimento Montabrechas, formado por homens pardos (na época, as tropas eram constituídas de acordo com a cor da pele: brancos, negros ou pardos). Abolicionista radical, liderou um movimento para replicar, aqui, o que aconteceu no Haiti, em fins do século 18, quando os brancos foram todos expulsos pelos negros. Só não conseguiu seu intento porque ocorreu algo absolutamente extraordinário, que é narrado no livro. E, mais adiante, exilado na América do Norte, tornou-se um ícone da luta contra o supremacismo branco, por lá”, informa.

Os autores contam a trajetória do pernambucano que participou de atividades antirracistas no Brasil e nos EUA, inspirando vários ativistas afro-americanos, em 158 páginas de muito humor, ação e poesia. “É um título feito para que os leitores se divirtam enquanto aprendem um bocado de coisas sobre Pernambuco e o Brasil no início do século 19, quando o País, recém-liberto de Portugal, estava em formação”, diz Paulo Santos. “E vai despertar o interesse pela História, Política, Justiça e pelo fim de todos os preconceitos raciais e sociais.”

Na biografia inventada, os caminhos de Emiliano e frei Caneca – líder e figura mais lembrada da Confederação do Equador, arcabuzado em 13 de janeiro de 1825 – se cruzam quando o ativista é muito jovem. “O Major Mundurucu teria sido incumbido por frei Caneca de cumprir uma missão secreta, enquanto é ferozmente perseguido pelas tropas imperiais que ocupavam Pernambuco. E haja correrias, aventuras e encontros amorosos”, relata Paulo Santos ao destacar uma das “peripécias fictícias” do livro, que estabelece um diálogo entre a história e a contemporaneidade. A HQ faz referência à figura histórica do frade revolucionário carmelita, nascido no Recife em 1779, e também à sua obra poética, observa.

O livro, com ferramenta de audiodescrição, é acessível para pessoas cegas. O trabalho foi desenvolvido pela empresa Com Acessibilidade, por Sílvia Albuquerque, Liliana Tavares, Michele Alheiros e Edson Amorim.

Sobre os autores

Paulo Santos de Oliveira, escritor e jornalista, é autor de A Noiva da RevoluçãoO General das MassasPernambukidsPernambuco: História e Personagens (Cepe, 2021, disponível só em e-book), 1817: Amor e Revolução (Cepe HQ, 2017).

Eloísio Libório Melo, multiartista, era escritor, músico, dançarino, quadrinista, caricaturista, chargista, ilustrador e programador visual.

Luciano Félix, desenhista, designer, ilustrador e quadrinista, com premiação em salões de humor de Pernambuco e de Piracicaba.

Serviço

O que: Lançamento de Mundurucu na Confederação do Equadorcom bate-papo entre Paulo Santos, Luciano Félix, o jornalista e escritor Homero Fonseca, o historiador George Cabral e Liliane Tavares

Quando: 13/06 (quinta-feira)

Hora: das 19 às 21h

Onde: Livraria do Jardim, Avenida Manoel Borba, 292, Boa Vista, Recife

Entrada gratuita

Preço: R$ 70 (impresso) e R$ 35 (e-book)

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