Música

Lucia Vulcano explora as dificuldades da vida adulta em novo álbum

Lucia Vulcano aborda os desafios da vida em seu primeiro disco solo “Vim, vi e me fudi”, destacando dificuldades emocionais e sociais, além da posição da mulher na sociedade

Estar vivo não é fácil. Há uma série de desafios para enfrentar, seja socialmente quanto emocionalmente. E este é o tema central do novo e primeiro disco solo da mineira Lucia Vulcano, Vim, vi e me fudi”, que sai em parceria com o coletivo Geração Perdida. Uma paródia do discurso proferido pelo então general romano Júlio César, em 47 a.C, para mostrar todo o seu poderio militar. Não à toa, César virou um ditador anos depois.

“Viver é muito difícil. Quando somos crianças ou adolescentes, é sempre incentivado a termos sonhos, sermos criativos, querer algo a mais da vida. Mas a realidade de 90% do mundo é trabalhar para sobreviver. Não importa se você gosta ou não, se te faz mal, se te motiva, se você vê beleza. Temos que produzir, sem saber pra que e por quem. É sobre isso que eu tentei falar um pouco no disco. Já o nome é uma adaptação da frase de Júlio César em latim ‘veni, vidi, vici’, que eu achei mais apropriada para o contexto da minha vida”, comenta Lucia.

Em 8 músicas, Lucia passa por diversos temas, como a dificuldade de se relacionar, inseguranças que nos atrapalham, cansaço extremo, trazendo algo mais universal ao disco. Mas não deixa de tratar de temas que a atravessam como o espaço da mulher na sociedade. No primeiro single, Ninguém manda em mim” tratou do assunto de forma direta e certeira, falando sobre a liberdade da mulher ser quem ela bem entender e fazer o que quiser.

“Sou a favor de não fazermos nada disso, envelhecemos e enrugarmos à vontade, sem se preocupar com a vigilância do patriarcado e simplesmente termos prazer na vida com as coisas que gostamos. Fora a energia mental e o sentimento de inadequação, também são demandas que consomem financeiramente a vida de uma mulher”, critica Lucia.

Embora seja centrado no punk rock, que é a principal escola musical de Lucia Vulcano, – ela tem uma banda chamada Pata, com quem toca desde 2017 e claro, quando começou a tocar guitarra se enveredou pelo estilo -, “Vi, vi e me fudi” é um disco que atravessa o punk e passeia pelo rock, pela balada, pelo rock farofa e pelo indie rock.

“Eu gosto muito de L7, Bikini Kill e Hole. Mesmo que musicalmente possa fugir um pouco do que eu faço, eu me inspiro muito nessas bandas para me motivar a compor e me desafiar em coisas novas. Mas também tem muita influência de Soundgarden, Black Sabbath, Ghost e até The Smiths. Não queria que o disco soasse agressivo o tempo todo, por isso me senti à vontade também de compor músicas mais lentas e introspectivas”, explica Vulcano.

Lucia Vulcano é natural de BH, 36 anos e é musicista, tem mestrado em Música pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Hoje é a vocalista e guitarrista do power trio Pata, também formado por Luis Friche (baixo) e Bê Moura (bateria). Com eles têm lançado o disco “Shit & Blood” (2019).

Saiba mais sobre cada faixa

Uma das novidades para este lançamento é que todas as músicas ganharam vídeo personalizado, gravado no Parque Guanabara em Belo Horizonte. O primeiro, “Ninguém manda em mim” foi no carrossel e cada música ganhou seu próprio brinquedo. Tudo realizado pela fotógrafa e videomaker Nat Trovão. Aqui a artista faz um faixa a faixa trazer maia detalhes musicais e de como surgiram as letras de cada canção. Confira no Youtube da artista.

ninguém manda em mim: é basicamente isso: ninguém manda em mim. Tem um riff muito legal e diferença de peso e caráter entre as seções.

sagrado maldito: Uma música melódica e um pouco melancólica, mas não deixa faltar peso. Divaga sobre a relação, muitas vezes forçada e até fetichizada, sobre o sagrado e o feminino.

confissão: um momento de reflexão sobre os erros, conscientes ou não, que passamos pela vida. Um sentimento de culpa, uma necessidade de confessar, mesmo que para o vazio, a trajetória de uma pessoa.

c.a.n.s.a.d.a.: é uma música bem quebrada, com mudança de compasso em quase todas as seções. Passa pelo punk e um pouquinho de jazz. O baixo dessa música é um dos mais legais que já fiz. Quis falar sobre esse cansaço extremo, que às vezes nem conseguimos expressar. E deixar sair o que realmente estamos pensando, seja educadamente ou não.

alexitimia: essa música é a que mais tem influência de Nirvana do disco, algo que eu tentei fugir bastante. Mas com a produção do Pedro, ela ficou sensacional e perdeu bastante a cara grunge. Tem a participação especial da minha querida amiga Bruna Vilela (miêta, ginge, agreste).

o que me faz viver: meio agridoce, um pouco melancólica, mas com o instrumental mais indie. Talvez seja a minha preferida do disco.

33: um rock mais clássico, rápido e sujo. Tem bastante distorção e alguns gritos. Acho uma música divertida com uma letra agressiva.

the crow: a única música que não é em português no disco. Tem muita influência de black sabbath e ghost, sendo a mais pesada do disco. Fala sobre um encontro misterioso entre a natureza e o ser humano.

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