Lia de Itamaracá vai colocar o Marco Zero para girar
Lia de Itamaracá se apresenta nesta terça-feira (13), às 19h, no Marco Zero, com convidadas especiais, todas mulheres
Recife está preparado para dar as mãos em gigantes incontáveis rodas de ciranda, em plena Terça-Feira Gorda, no Carnaval? Pois é o que vai ter no show de Lia de Itamaracá, a grande homenageada da festa na capital de Pernambuco. Quem viver, assistirá aos dois formatos de show da artista, num mesmo palco.
Recém chegada dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro e São Paulo, Lia de Itamaracá reunirá os músicos de suas duas bandas. Um conjunto de formação instrumental tradicional da ciranda, com repertório de clássicos; a outra banda é a que passou a acompanhar Lia a partir do disco mais recente, Ciranda sem Fim, no qual a artista transita por uma musicalidade que une a tradição da ciranda com o peso dos metais e dos beats eletrônicos.
A direção musical é de Guga Fonseca, também responsável pelos teclados do show mais eletrônico de Lia. Ao seu lado, a artista surge acompanhada por Max Matias (bateria), Deco do Trombone, Ganga (percussões) e Lígia Fernandes (guitarra).
No repertório, canções como Falta de Silêncio, Meu São Jorge, Desde Menina, Peixe Mulher, Bom dia Meu Amor e Relógio, essas duas últimas numa pegada mais bolero, gênero que Lia sempre curtiu e cantou “de brincadeira” em algumas apresentações. Lia também experimenta, nesse show, composições novas de seu repertório que ainda não foram gravadas em disco, como o bela Dorme Pretinho, uma composição de Beto Hees, adaptada da canção Duerme Negrito, de Mercedes Sosa, que fala de uma situação muito semelhante de mães pretas que precisam deixar seus filhos para irem trabalhar.
Depois das músicas mais contemporâneas, Lia recebe no palco os músicos de sua banda tradicional para entoar os clássicos do gênero que estão há décadas em seu repertório. Entre elas, Minha ciranda, Moça Namoradeira, Preta Cirandeira, Quem me deu foi Lia, além de outros ritmos como coco Moreninha do dente de ouro (de Selma do Coco), Areia, além de carimbós e maracatus.
Será o momento também de chamar ao palco suas convidadas especiais. Começa com as senhoras Severina e Dulce, da dupla As Filhas de Baracho, que fazem parte do coro da banda tradicional de Lia desde início dos anos 2000. Elas cantarão uma música de seu próprio repertório e, ao final, com Lia, entoam Mar de Fogo, música baseada num ponto de umbanda, feita para Lia, que a registrou num videoclipe.
Na sequência, a cirandeira presta uma homenagem a Selma do Coco e, para cantar alguns cocos, recebe no palco Dona Totinha do Coco, artista da Ilha de Itamaracá. Com as participações das Filhas de Baracho e de Dona Totinha, Lia de Itamaracá ressalta a importância de valorizar os artistas da cultura popular, levando-os para os palcos mais prestigiados, onde nunca estiveram, mesmo após uma longa trajetória dedicada à arte e à cultura.
A próxima convidada de Lia é a artista Isaar, uma parceira constante de Lia desde a época da banda Comadre Fulozinha. Depois chega Nega Duda, baiana radicada em São Paulo, referência do samba de roda do Recôncavo, atualmente à frente do coro de cantoras do bloco afro-percussivo Ilú Obá de Min, que já fez uma grande homenagem para Lia em 2020. Finalizando a noite no Marco Zero, Lia recebe a cantora Daúde, com quem também vem fazendo diversas parcerias em shows pelo Brasil.
Este será um espetáculo de formatação exclusiva, mas que já conquistou plateias em todo o Brasil e em várias cidades ao redor do mundo, deixando uma marca indelével por onde passou. Aqueles que tiverem o privilégio de assistir, entenderão por que Lia de Itamaracá, aos seus 80 anos, merece todas as homenagens que lhe estão sendo prestadas.
Encerrando o Carnaval do Recife, um dos maiores e mais vibrantes do Brasil, Lia de Itamaracá amplifica ainda mais sua voz e sua arte. Sua música não apenas fala de um território e de um povo, mas ressoa como um som universal, tocando os corpos e os corações de quem a escuta, impulsionada pela força inigualável da ciranda.
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