Por AD Luna*
@adluna1
David Bowie, o “patrono” do projeto InterD – música e conhecimento, nasceu em 1947, na Inglaterra, e nos deixou no dia 10 de janeiro de 2016, aos 69 anos, vítima de um câncer. E por que patrono do InterD? Porque assim como se influenciou por temas científicos e espaciais, David Bowie também influenciou, por meio de sua obra (inclusive cinematográfica) cientistas e astronautas a seguirem por esse caminho. Neste link, explico um pouco mais a respeito dessa relação.
Uma interessante fonte por meio da qual podemos entender os contextos e inspirações que nortearam a criação musical do artista é o livro “O homem que vendeu o mundo – Volume 1”(editora Nossa Cultura).
Como o próprio título sugere, o jornalista inglês Peter Doggett apresenta detalhado panorama da obra e da formação social, psicológica e espiritual de um dos mais importantes músicos e compositores do século 20.
Volumosa, com 570 páginas, a obra se inicia pela “Construção de David Bowie: 1947-1968”, na qual Doggett descortina o contexto histórico da época citada, a relação com a família problemática e como esses e outros fatores afetaram o modo de pensar e agir do músico e ator.
Em “As canções de David Bowie: 1969-1980”, o autor analisa cronologicamente e com riqueza de detalhes (líricos, estilísticos) cada uma das músicas de Bowie, compreendidas durante esse período.
A primeira a ser dissecada é “Space oddity” (1969), que também foi o primeiro grande sucesso do camaleão.
A canção foi transmitida pela primeira vez pela BBC justamente durante a cobertura jornalística da chegada do homem à Lua, em 20 de julho de 1969.
Bowie, como informa o livro, demonstrou comportamento ambíguo em relação àquele grande feito da humanidade e à associação da música com o evento.
“Eu quero que esse seja o primeiro hino da Lua”, disse inicialmente, durante entrevista; para, logo em seguida, lançar: “Acho mesmo que seja um antídoto contra a febre espacial”.
Aparentemente, ele se mostrava cabreiro com o deslumbramento coletivo que a viagem pudesse causar.
“Space oddity” relata as aventuras do Major Tom, dentro de uma nave. Curiosidade não mencionada no livro: Em maio de 2013, o astronauta canadense Chris Hadfield gravou clipe com uma nova versão para a música, na Estação Espacial Internacional.
O autor original aprovou a releitura. “Possivelmente a mais mordaz já criada”, disse Bowie.
Bastante cativantes são os diversos ensaios em que Peter Doggett se debruça sobre fases da vida de Bowie e dos bastidores de gravações.
Em “Sedução do oculto”, o jornalista escreve sobre o tempo em que o músico mantinha interesse quase obsessivo pelas ideias de Aleister Crowley (que também influenciou o Led Zeppelin e Raul Seixas, entre muitos outros), ufologia, fenômenos paranormais e afins.
A ficção científica e a filosofia também serviram como fonte de inspiração para composições de David Bowie.
É o caso de “The supermen”, baseada no romance John Esquisito, de Olaf Stapleton, e no “super-homem” de Friedrich Nietzsche.
Peter Doggett estuda as peças que reunidas deram origem ao enigmático Ziggy Stardust – espécie de ser espacial e andrógino criado por Bowie, em 1971.
Também não faltam relatos sobre os flertes do músico com pensamentos de esquerda e de direita (o homem parece se divertir com ideias contraditórias), a relação com Iggy Pop, Andy Warhol, Lou Reed, a bissexualidade, o envolvimento com a cabala e a cocaína.
“O homem que vendeu o mundo” é, provavelmente, um dos livros mais completos sobre o processo de criação lírica do músico inglês.
Obra que pode ser apreciada por fãs, estudiosos e amantes da música em geral.
Sobre AD Luna*
É um “gaúcho pernambucano”. Nasceu em Porto Alegre, cresceu no Recife, É baterista da Dom Lodo e Sargaço Nightclub. Tocou no Querosene Jacaré, Monjolo, Cruor, entre outras bandas.
É formado em jornalismo pela Universidade Federal de Pernambuco.
Foi apresentador e gerente de conteúdo do Showlivre.com, onde desenvolveu o programa Mão na Massa. Atuou como repórter nos cadernos de cultura do Jornal do Commercio e do Diario de Pernambuco.
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