“Metaleiros fascistas vão tudo se arrepender”, diz João Gordo

 “Metaleiros fascistas vão tudo se arrepender”, diz João Gordo

João Gordo deu a declaração no programa Interdependente. Foto: Reprodução/Instagram

Ratos de Porão fecha a programação do festival Abril pro Rock

“A gente não tem conversa com fascista, é paulada, tá ligado? Não troco ideia com fascista, não. Esses metaleiros fascistas vão tudo se arrepender”. Esse foi o recado que João Gordo mandou para uma parcela de headbangers brasileiros, durante entrevista para o programa Interdependente (hoje, Interd), sobre apresentação que o Ratos de Porão vai fazer no Abril pro Rock 2019. O show celebra os 30 anos do disco “Brasil”.

O álbum, um dos mais importantes da história da banda hardcore paulista e do punk nacional, foi gravado em Berlin, na Alemanha, e produzido por Harris Johns, o disco foi distribuído pelo selo brasileiro Eldorado. Para o mercado internacional, o grupo fez uma versão em inglês.

Para comemorar a data, o Ratos de Porão está em turnê, tocando o “Brasil” na íntegra. Tanto as letras quanto a capa, ilustrada pelo cartunista Marcatti, chamam atenção pela atualidade dos temas. “‘Amazônia nunca mais’, ‘Retrocesso’, ‘Farsa nacionalista’, ‘Máquina militar’, ‘SOS país falido’. São músicas que dão até medo, cara, de escutar porque retratam muito o que está acontecendo atualmente”, expõe o vocalista João Gordo.

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Brasil (versões em português e inglês) (1989)

O Ratos de Porão encerra a edição 2019 do festival Abril pro Rock, neste sábado (20), no Baile Perfumado, no Recife. Na mesma noite, tocam a norte-americana Nuclear Assault, The Mist (MG), Eskröta (SP), Desalmado (SP), Sanctifier (RN), Manger Cadavre? (SP), Flageladör (RJ), Pesado (PE) e Exorcismo (PE). Nesta entrevista exclusiva ao Interdependente – música e conhecimento, João Gordo fala mais sobre o disco e o país Brasil.

Interdependente – O disco “Brasil” parece muito atual. Que músicas dele você acha que mais se encaixam no momento em que estamos vivendo no país?

Olha, temos aí “Amazônia nunca mais”, “Retrocesso”, “Farsa nacionalista”, “Máquina militar”, “SOS país falido”. São músicas que dão até medo de escutar, cara, porque retratam muito o que está acontecendo atualmente. “Amazônia nunca mais” fala do lance do desmatamento, o assassinato de protetores da natureza, de ativistas ou essa expulsão de índios das terras desmarcadas.

É um retrocesso, né, cara? A volta do regime militar… Não que eu seja a Mãe Diná, mas como o Brasil não muda, né? Tá sempre cometendo os mesmos erros, o pessoal está sempre votando nos mesmos filhos da puta. Você vê como é cíclica a parada, cara.

Interdependente – E fora o “Brasil”, que outros discos mais antigos fazem lembrar do momento atual?

Um disco que me faz lembrar… que está bem atual, é o daquela dupla ufanista da ditadura Dom e Ravel, com o disco “Brasil, cidade e campo” e “Eu te amo, meu Brasil, eu te amo”.

Interdependente – No meio da música pesada atual, especialmente no metal, a gente observa um povo com ideias ultraconservadoras, reacionárias mesmo. Vocês têm algum tipo de relacionamento com músicos assim?

Não tem relacionamento, não. A gente não tem conversa com fascista, é paulada, tá ligado? Não troco ideia com fascista, não. Esses metaleiros fascistas vão tudo se arrepender. Como esses caras dizem ser satanistas, escutam black metal, falam que são fãs do capeta e tal, mas apoiam cristão fundamentalista? Os caras são loucos, velho, tá ligado?

A coisa mais fácil de acontecer é o Malafaia, esses filha da puta cristão aí, proibir banda de black metal, de death metal de tocar aqui, cara. Porque falam do capeta, tá ligado? É muito ridículo isso tudo, cara. Antigamente, o metal era contra tudo isso. Agora tá do lado desses filhos da puta?

Acho isso uma merda e sempre digo: com fascista não tem ideia, cara. Os caras não entendem, são burros, tapados. Acreditam em mentiras e são racistas. São tudo que não presta, então não tem ideia.

João Gordo deu essas declarações no programa Interdependente – música e conhecimento, veiculado pela Frei Caneca FM do Recife. A entrevista está no quarto bloco, no minuto 45:50 aproximadamente.

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