Iron Maiden, História e o massacre dos indígenas americanos

 Iron Maiden, História e o massacre dos indígenas americanos

Imagem do Pixabay

O homem branco veio atravessando o mar
Ele nos trouxe dor e miséria
Ele matou nossa tribo, matou nossa crença
Ele pegou nosso jogo para seu próprio proveito
Nós lutamos forte, lutamos bem
Lá nas planícies, nós lhe demos o inferno
Mas muitos vieram, demais para acreditar
Oh, será que seremos libertados?

Cavalgando por nuvens de poeira e terras estéreis
Galopando em disparada nas planícies
Perseguindo os peles-vermelhas de volta para suas tocas
Lutando com eles em seu próprio jogo
Assassinando por liberdade, esfaqueando pelas costas
Mulheres, crianças e covardes, ataquem!

Corram para as colinas
Corram por suas vidas!

 

Por AD Luna

A tradução da letra acima é de um dos inúmeros hits da banda inglesa Iron Maiden. A faixa está presente no álbum “The number of the beast”, lançado em 1982. “Run to the hills” relata o conflito entre colonos vindos da Europa e os nativos que moravam no que viria a se tornar o país mais poderoso do planeta. No livro “História dos Estados Unidos. Das Origens ao Século XXI” (Editora Contexto), que tem entre seus autores brasileiros o professor Leandro Karnal, comenta-se que diversos historiadores costumam empregar a expressão genocídio para caracterizar o massacre pelo qual populações indígenas da antiga América do Norte sofreram.

Perseguição em nome de Jesus Cristo

De acordo com o livro, os colonos baseavam a ocupação das terras indígenas em argumentos teológicos. Eles se identificavam com o povo eleito que Deus conduziria para uma terra prometida e, por isso, se viam com direito e a autoridade para expulsar os antigos moradores da região. Exemplo disso é o relato datado de 1628 publicado na obra, e atribuído ao colono Jonas Michaelius.

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“Quanto aos nativos deste país, encontro-os totalmente selvagens e primitivos, alheios a toda decência; mais ainda, incivilizados e estúpidos, como estacas de jardim, espertos em todas as perversidades e ímpios, homens endemoniados que não servem a ninguém senão o diabo (…). É difícil dizer como se pode guiar a esta gente o verdadeiro conhecimento de Deus e de seu mediador, Jesus Cristo“.

Além do massacre promovido por armas de fogo, milhares de indígenas sucumbiram às doenças trazidas pelos colonos e, fato pouco conhecido, vários deles foram escravizados. “A ideia europeia de colonização significou uma mortandade imensa em todo o continente americano”, informa o livro.

O lamento indígena

Os índios tentaram se defender. Mas o poderio dos novos inimigos era imenso. O livro também registra como um nativo descreveu a chegada dos brancos. Notem que havia um sentimento de esperança numa boa relação, a qual se mostrou trágica.

“(…) Buscaram por todos os lados bons terrenos, e quando encontravam um, imediatamente e sem cerimônias se apossavam dele. Nós estávamos atônitos, mas, ainda assim, nós permitimos que continuassem, achando que não valia a pena guerrear por um pouco de terra.

Mas quando chegaram a nosso terrenos favoritos – aqueles que estavam mais próximos das zonas de pesca – então aconteceram guerras sangrentas.

Estaríamos contentes em compartilhar as terras uns com os outros, mas esses homens brancos nos invadiram tão rapidamente que perderíamos tudo se não os enfrentássemos… Por fim, apossaram-se de todo o país que o Grande Espírito nos havia dado”.

 

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“História dos Estados Unidos. Das Origens ao Século XXI”

Como podem os Estados Unidos provocar tanto ódio, a ponto de muita gente no mundo ficar feliz com ataques suicidas de fanáticos contra eles? Como pode uma cultura influenciar tantas outras e ostentar, muitas vezes, um provincianismo digno de rincões escondidos no espaço e no tempo?

Nação que absorveu mais imigrantes que nenhuma outra na história, que respeita as diferenças criando etiquetas para as minorias, que incorpora cientistas do mundo todo em suas melhores universidades, que espalhou para o mundo o cinema e o jazz, séries de tv e calças jeans, padrão de magreza anoréxica e de seios inflados; país que defendeu a democracia em “guerras justas” e atentou contra ela em invasões injustificáveis. É sobre esse fascinante país que trata este livro.

Primeira e única obra feita com olhar brasileiro, foi escrita por quatro especialistas da área, passando longe da visão maniqueísta com que o tema comumente é tratado. Obra de referência, essencial para quem não é indiferente (gostando ou não) às influências que a terra do Tio Sam exerce sobre nós.

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