A introdução alimentar é uma fase importante do desenvolvimento do bebê. Muitos pais, porém, podem sentir dificuldade ao iniciar a oferta dos primeiros alimentos. É o que aponta o estudo Situação Mundial da Infância, feito pela Unicef. De acordo com esse estudo, somente uma em cada cinco crianças de 6 a 23 meses, de famílias que vivem em áreas rurais mais pobres, recebe a diversidade alimentar mínima recomendada para um crescimento e desenvolvimento saudável.
Tanto a Unicef, em seu relatório, quanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) defendem que as crianças nessa idade comam por dia pelo menos cinco dos oito grupos de alimentos (cereais, pães e tubérculos; hortaliças; frutas; leguminosas; carnes e ovos; leite e derivados; óleos e gorduras; açúcares).
A introdução alimentar inadequada é um dos fatores que podem levar crianças à desnutrição, e a situação tem sido cada vez mais preocupante no Brasil. Segundo um levantamento feito pela FioCruz, no mínimo 2.979 crianças com menos de um ano foram hospitalizadas por causa de quadros graves de desnutrição somente em 2021. Trata-se do maior índice desde 2013.
“Isso se dá pela falta de orientação. Às vezes as mães acabam dando menos leite materno do que deveriam. E, muitas vezes, uma introdução alimentar precoce pode gerar a desnutrição, visto que o bebê não está preparado para comer. Então ele não consegue absorver tão bem aquele alimento”, comenta a nutricionista maternoinfantil Maria Eugênia Deutrich.
Quando introduzir novos alimentos
Existe um momento ideal para introduzir alimentos ao bebê, e, de acordo com a literatura, o início deve ocorrer, preferencialmente, a partir do sexto mês de vida. Isso porque o primeiro semestre deve ser dedicado somente à amamentação, conforme recomendam a OMS, o Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Pediatria.
Os pais, portanto, devem se atentar a alguns sinais de prontidão do bebê para começar a oferecer novos alimentos. Espera-se que a criança com 6 meses de vida consiga: se manter sentada sem apoio; sustentar a própria cabeça e o tronco; segurar objetos com as mãos; levar a comida até a própria boca e consiga mastigá-la e explorar estímulos ambientais.
“É necessário, se possível, começar a introdução alimentar [a partir do sexto mês] principalmente pela questão do ferro. Os estoques maternos de ferro, que o bebê possui do período gestacional, vão diminuindo, segundo estudos. Então o bebê precisa repor os estoques”, diz a nutricionista maternoinfantil, Maria Eugênia Deutrich. “O ferro é o principal micronutriente que o bebê precisa nesta fase em que o leite materno não supre as necessidades nutricionais”, completou.
Não introduzir os alimentos no momento ideal, segundo a especialista, deixa a criança mais vulnerável a infecções, diarreias e à desnutrição. Também aumentam os riscos de alergias alimentares e respiratórias, o que poderia acarretar doenças crônicas na idade adulta.
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