Instituto Serrapilheira e Fundação Gabo lançam projeto de jornalismo científico

 Instituto Serrapilheira e Fundação Gabo lançam projeto de jornalismo científico

O escritor colombiano Gabriel García Márquez (Yuri Cortez/Agência Télam/Arquivo)

 

 

Para fomentar a cobertura de ciência na América Latina, treinamento incluirá workshop e bolsas de até US$ 2,5 mil para apoiar a produção jornalística

O Instituto Serrapilheira, primeira instituição privada, sem fins lucrativos, de fomento à ciência no Brasil, e a Fundação Gabo, criada pelo jornalista, escritor e Nobel da literatura Gabriel Garcia Márquez, anunciam a sua união para aprimorar o jornalismo de ciência na América Latina. Com o apoio da UNESCO, eles lançam o Programa de Formação e Estímulo ao Jornalismo de Ciência, que busca fortalecer a cobertura crítica no campo científico a partir de abordagens rigorosas, baseadas em evidências, análise de contexto e colaboração.

A iniciativa, com inscrições abertas a partir desta quinta-feira (12), inclui um workshop com o jornalista colombiano Pablo Correa Torres, além da concessão de bolsas para produção jornalística de até US$ 2,5 mil para 16 profissionais latino-americanos selecionados.

Também estão previstas atividades sobre o tema no Festival Gabo 2021, a mais importante premiação da imprensa na língua portuguesa e espanhola.

De acordo com o Instituto Serrapilheira e a Fundação Gabo, o programa é uma oportunidade de promover a cobertura aprofundada da ciência a partir da difusão de informações confiáveis e do combate à desinformação, que representam atualmente um desafio nos meios de comunicação.

Para participar, os jornalistas precisam ter entre três e dez anos de experiência na cobertura de assuntos científicos em veículos de qualquer formato. No momento da seleção, serão levados em consideração os méritos pessoais, o interesse pelos assuntos do programa e o potencial de impacto da proposta do projeto jornalístico apresentado no edital.

Imersão no jornalismo científico: um método para desconfiar

Os selecionados irão participar do workshop “Imersão no jornalismo científico: um método para desconfiar”, previsto para ser realizado virtualmente entre os dias 21 de setembro e 14 de outubro.

Durante oito encontros comandados pelo jornalista Pablo Correa Torres, editor de ciência, saúde e ambiente do jornal El Espectador de Colombia (entre 2010 e 2021), os participantes poderão se aprofundar e analisar diferentes formas de narrativas de fatos científicos por meio de um olhar sobre a história da ciência e um estudo de caso: a técnica genética Crispr-CAS9.

O método, desenvolvido pelas cientistas Emmanuelle Charpentier e Jennifer Doudna e ganhador do Prêmio Nobel de Química de 2020, revolucionou o campo da biotecnologia e medicina.

A partir de coberturas na mídia já realizadas em torno do Crispr-CAS9, os participantes vão conversar com dois cientistas convidados – Francisco Mojica e Luciano Marraffini –, que trabalham com essas técnicas.

Bolsa para produção jornalística

Para promover a produção de uma investigação jornalística rigorosa na cobertura de temas científicos, a Fundação Gabo e o Instituto Serrapilheira concederão bolsas de até US$ 2,5 mil para cada um dos 16 jornalistas participantes do programa. A finalidade é apoiar o desenvolvimento de um trabalho aprofundado baseado nos critérios propostos no workshop, contando com a orientação de especialistas, que por dois meses acompanharão o processo de produção dos projetos apresentados.

“Parte da missão do Serrapilheira é fazer com que a ciência esteja melhor representada no debate público, e acreditamos que o jornalismo profissional é um meio essencial para alcançar esse objetivo”, explica Natasha Felizi, diretora de Divulgação Científica do instituto.

“Por isso ficamos contentes em apoiar uma iniciativa promovida por uma instituição tão tradicional no jornalismo como é a Fundação Gabo e focada, justamente, em aumentar a qualidade da cobertura de ciência na mídia.”

Para Jaime Abello Banfi, diretor-geral da Fundação Gabo, traduzir a linguagem científica de forma clara, contextualizada e atraente por meio do jornalismo contribui para o combate à desinformação e o fomento a uma cultura do conhecimento.

“A Fundação Gabo e o Instituto da Serrapilheira uniram-se para promover um jornalismo apaixonante e interessante, com diferentes formatos, em espanhol e em português, sobre as personagens, processos, conquistas e fracassos do imenso campo da ciência, que é cada vez mais importante globalmente e nos países da América Latina devido ao seu enorme impacto econômico, tecnológico, político e social.”

Serviço

Inscrição: Link

Data: Até 5 de setembro

Contato: kpineda@fundaciongabo.org

Mais informações: fundaciongabo.org

Sobre o Instituto Serrapilheira

O Instituto Serrapilheira é primeira instituição privada, sem fins lucrativos, de fomento à ciência no Brasil. Criado para valorizar o conhecimento científico e aumentar sua visibilidade, além de fomentar uma cultura de ciência no país, a instituição atua com dois focos principais: ciência e divulgação científica.

No âmbito da ciência, o Serrapilheira, além de identificar e apoiar pesquisas de excelência de jovens cientistas, promove treinamentos e eventos de integração. Quanto à divulgação científica, o instituto identifica e dá suporte a projetos profissionais de jornalismo e mídia.

Desde sua criação, o Serrapilheira já apoiou 127 projetos de pesquisa e 55 projetos de divulgação científica, nos quais foram investidos mais de R$ 40 milhões oriundos de um fundo patrimonial de R$ 350 milhões.

Sobre a Fundação Gabo

É uma instituição criada pelo jornalista colombiano e ganhador do Prêmio Nobel de Literatura Gabriel García Márquez. Desde 1995 vem realizando workshops, prêmios, bolsas, publicações e liderando iniciativas para transmitir às novas gerações o sonho de Gabo de fazer o melhor jornalismo do mundo: um jornalismo independente que busca investigar, decifrar e explicar os fatos da realidade de forma rigorosa, ética e criativa, para que os cidadãos estejam mais bem informados.

Veja também

Renato Janine Ribeiro: “Não há progresso sem ciência”

Ideia de separação entre o Homem e a Natureza teve contribuição da ciência moderna

Pensamento científico é questão de utilidade pública, defende professor da UFPE

 

    Posts Relacionados

    Pin It on Pinterest

    Share This