Ciência e saúde

Histórias de mulheres negras e indígenas escravizadas são tema de seminário internacional

Serão entregues certificados para os inscritos que participarem presencialmente. O seminário tem a parceria do Instituto de Estudos Avançados da USP e apoio da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), do Governo Federal

Compreender como as mulheres escravizadas foram levadas a desempenhar papéis centrais na produção e na reprodução da riqueza escravista nas Américas. Este é o objetivo principal do Seminário “Gênero, Escravidão e Liberdade: Perspectivas da Historiografia Brasileira”, que acontece nos dias 28 e 29 de maio, das 9h às 18h, no Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA/USP). Pesquisadoras brasileiras e internacionais irão apresentar resultados de investigações pioneiras sobre as vidas mais silenciadas na historiografia brasileira: a de mulheres negras e indígenas escravizadas.

As inscrições são inteiramente gratuitas ao público e podem ser realizadas previamente, no endereço e.usp/br/q9n. Haverá transmissão ao vivo dos dois dias do evento, pelo link http://www.iea.usp.br/aovivo.  Serão entregues certificados para os inscritos que participarem presencialmente. O seminário tem a parceria do Instituto de Estudos Avançados da USP e apoio da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), do Governo Federal.

Entre as pesquisas apresentadas, destaca-se a investigação sobre a trajetória de mulheres e meninas como Sabina, Carolina, Rosa, Theresa e Catherina, obrigadas ao cativeiro em propriedades brasileiras das províncias do Norte (como era chamado o Nordeste nos Oitocentos) e Sudeste, no século 19.

Também serão trazidas à tona as ações de resistência encampadas por mulheres indígenas contra a colonização e escravização, como a ocorrida no Aldeamento Atalaia, no Sul do País. Ainda, fazem parte dos trabalhos pesquisas acerca das relações de maternidade, família e trabalho de mulheres de origem africana no Brasil Império, bem como as primeiras incursões no feminismo por mulheres brancas da elite, por intermédio da bandeira abolicionista em sociedades em prol da emancipação, literatura e produção jornalística.

A historiografia internacional, destacadamente a anglofônica, produziu importantes estudos sobre as intersecções entre gênero e escravidão e, mais recentemente, suas implicações sobre a maternidade.

Na brasileira, observam-se avanços metodológicos, temáticos e teóricos nos últimos anos, acerca de questões relacionadas à maternidade escravizada e às experiências das mulheres negras na escravidão e na emancipação. Sobretudo, em termos da centralidade do ‘ventre’ nos processos de estabelecimento da escravização e no processo de abolição gradual, estabelecendo importantes diálogos internacionais.

Os membros do Grupo de Pesquisa Escravidão, Gênero e Maternidade, sob coordenação da professora Maria Helena Machado, do Departamento de História da USP, têm contribuído para o desenvolvimento do campo de pesquisa que intersecciona a perspectiva das relações de gênero com a história da escravidão e da aquisição da liberdade no Brasil.

O Seminário Internacional “Gênero, Escravidão e Liberdade: Perspectivas da Historiografia Brasileira”, cujos participantes fazem parte de universidades de diferentes estados brasileiros e de instituições internacionais, promoverá um diálogo acadêmico, nacional e internacional e proporcionará canais de divulgação científica das pesquisas desenvolvidas e também em andamento.

Programação completa

28 de maio, terça-feira 9h – Abertura

9h30 às 10h45 – Mesa 1 – O Viver e o Morrer na Escravidão

Nas Senzalas, Enfermarias e Cafezais: Partos, Violência Senhorial, Medicina e Cultura Afrodescendente entre Mulheres Escravizadas no Sudeste Cafeeiro (1830-1888) – Lorena Féres da Silva Telles

Escravidão e Reprodução no Século XIX: as Mulheres Escravizadas nos Manuais Médicos de Brasil e Cuba

Caroline Passarini Sousa (USP)

Dos Escravizados: Mães e Filhos na Corte Imperial, 1830-1850 – Tânia Salgado Pimenta (FIOCRUZ)

10h45 às 11hs – Intervalo

11h às 12h – Partus Sequitur Ventrem no Brasil Colonial: Legadas Romanas, Práticas Brasileiras – Cassia Roth (Universidade da Georgia)

12h às 14h – Intervalo

14h às 15h15

Mesa 2 – Dimensões do Gênero na Escravidão

O Martírio de Carolina e o Protesto do Povo: Imprensa, Escravidão e Morte em São Luís – MA (1850-1860)

Antonio Alexandre Isidio Cardoso (UFMA)

Escravidão, Arquivo e Mulheres Negras: Fabulações Críticas sobre a Vida da Africana Sabina da Cruz – Luciana da Cruz Brito (UFRB)

Para Adoçar a Ferocidade dos Costumes: Colonização e Resistência das Mulheres Indígena no Aldeamento do Atalaia (1808-1831) – Daniele Weigert – (USP)

15h15 às 15h30 – Intervalo

15h30 às 16h45 Mesa 3 – Estratégias e Limites da Liberdade

 Concubinagem e/ou Escravidão: Re-Imaginando a Emancipação no Mundo Luso – Selina Patel Nascimento (Universidade de Lancaster)

Maternidade, Gênero e Escravidão em São Paulo – Enidelce Bertin (USP)

Inventando Personagens, Construindo Liberdades: Gênero, Raça, Saberes e Fazeres – Iamara da Silva Viana (UERJ)

16h45 às 17h – Intervalo

17h às 18h – Esperança: Silêncios e Aberturas nos Arquivos da Violência – Brodwyn Fischer (The University of Chicago)

Dia 29 de maio, quarta-feira

10h30 às 11h45 – Mesa 4 – Representações do Gênero na Escravidão

Diferença Sexual e Abjeção: qual o Gênero das Negras Escravizadas? – Berenice Bento (UnB)

Ave Libertas: Primeira Onda do Feminismo no Recife (1884-1888) – Adriana Santana (UFPE e USP) e Maria Emília Vasconcelos dos Santos (UFRPE)

Literatura Abolicionista e Gênero: Contribuições sobre a Prosa Ficcional Abolicionista de Maria Firmina dos Reis, Nísia Floresta e Júlia Lopes de Almeida – Maria Clara Sales Carneiro Sampaio (UNIFESSPA)

12h às 14h – Intervalo

 14h às 15h15 – Mesa 5 – A Gestão do Gênero na Escravidão: Perspectivas Senhoriais e Espaços de Autonomia

 Sou Eu uma Mulher?: Raça e Gênero Vistos por Mulheres Libertas no Brasil do Final do Século XIX – Marilia Bueno de Araújo Ariza (USP)

Para Além da Contabilidade: Rosa, Theresa e Catherina: A História de Mulheres e Crianças Escravizadas em uma Fazenda de Propriedade Suíça em Ilhéus no Século 19 – Izabel Barros (Universidade de Lausanne)

Relações de Gênero, Família, Maternidade e Trabalho nas Plantations Cafeeiras do Vale do Paraíba Fluminense

Mariana de Aguiar Ferreira Muaze (UNIRIO)

15h15 às 15h30 – Intervalo

 15h30 às 16h30 – Novas Perspectivas nos Estudos de Gênero e Raça na Escravidão – Maria Helena Pereira Toledo Machado (USP)

16h30 – Encerramento

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