Por AD Luna
A capital pernambucana encerra, neste sábado (14), a sexta edição do Festival BB Seguros de Blues e Jazz. Devido à pandemia da covid-19, o evento precisou ser adaptado para o formato on-line, com shows previamente gravados, em locais e cenários diferentes (estúdios, casas dos músicos etc). A dupla Hamilton de Holanda (bandolim) e Mestrinho (safona) prepararam uma apresentação especialmente voltada para o público recifense.
“Recife e Pernambuco representam a minha ancestralidade, o meu sangue. Minha família é toda pernambucana, só eu e meu irmão nascemos no Rio. Mas minha mãe, meu pai, meus avós, meus tios, minhas primas são daí”, diz Hamilton.
O músico conta que quando morava em Brasília, durante a infância, costumava vir passar as férias de fim de ano na capital e nas praias de Pau Amarelo, Porto de Galinhas e Tamandaré.
Além das raízes familiares, Hamilton de Holanda também se entusiasma ao falar dos laços criados por meio da arte dos sons. “Tenho vários amigos músicos aí. O grande Marco César, Maestro Spok, Amaro Freitas, que é um amigo mais recente. No começo do ano, estive aí tocando com Amaro, na comemoração dos seis anos do Paço do Frevo”, relembra.
Hamilton de Holanda diz ter, junto com o parceiro Mestrinho, uma relação muito forte com a música popular e a nordestina, em particular. “E, ao mesmo tempo, com o choro e o jazz. Então, para esse show, fizemos um mistura de músicas que a gente gosta”, adianta.
Entre as escolhidas, estão “Um tom pra Jobim” (Sivuca e Oswaldinho do Acordeon), “Incompatibilidade de gênios” (João Bosco e Aldir Blanc), “Spain” (Chic Corea), “Francisca” (Toninho Horta), “Tá quente aqui no Rio”, do próprio bandolinista, entre outras.
Indagado sobre como a pandemia da covid-19 afetou sua carreira, Hamilton de Holanda diz que o impacto foi “cruel e sem precedentes” não só para ele. “Perdi três turnês para os Estados Unidos, duas para a Europa, um monte de show que eu ia fazer aqui no Brasil também”, lamenta.
Apesar dessa pancada, ele conseguiu manter a meta de compor uma música por dia, desde o início do ano. “Apesar de estar mais em casa por causa da pandemia, ter mais tempo livre pra fazer as coisas, a inspiração é muito mais difícil”, conta.
“Porque o que me inspira é viver, conhecer as pessoas, conhecer os lugares, ver a natureza. Ter uma conversa, aprender alguma novidade com uma pessoa. Enfim, tudo isso sumiu da nossa vida. Então foi mais difícil me concentrar para encontrar inspiração”, explica.
A suspensão das viagens para realização de shows é algo que ele lamenta, mas que gerou um lado positivo. “Fiquei sete meses direto na minha casa, com meus filhos, minha mulher. Nunca havia ficado tanto tempo assim. Então, teve esse outro lado maravilhoso da convivência familiar. De alguma forma, isso também me alimentou e me inspirou”.
O músico diz apreciar bastante livros, filmes e algumas séries. “Difícil dizer um só, mas gostei bastante do filme sobre o Mister Rogers, apresentador americano de TV, com Tom Hanks fazendo o papel dele. O título é ‘A beautiful day in the neighbourhood’ (Um lindo dia na vizinhança), e é lindo”.
“Inside Bill’s Brain” (O código Bill Gates), disponível na Netflix, é o documentário que ele destaca.
Quanto à leitura, Hamilton de Holanda diz quem tem lido e consultado “21 lições para o século 21”, de Yuval Harari. O israelense é também autor dos livros “Sapiens – uma breve história da humanidade” e “Homo Deus”.
Confira a programação da 6ª edição do Festival BB Seguros de Blues e Jazz.
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