O futebol na União Soviética

 O futebol na União Soviética

Seleção da União Soviética na Copa do Mundo de 1966, na qual conseguiu a melhor campanha de sua história

O futebol na União Soviética: o país não queria disputar apenas os jogos olímpicos e as outras competições, queria mostrar que era superior

Por AD Luna

Pela primeira vez, depois da dissolução da União da Soviética, em 1991, uma das ex-repúblicas que formavam a nação comunista sedia uma Copa do Mundo. O jornalista pernambucano Emanuel Leite Jr. aproveitou a proximidade de dois eventos, o centenário da Revolução Russa e a realização da competição esportiva na Copa da Rússia 2018, para dar forma ao livro “A história do futebol na União Soviética” (Editora Multifoco).

Na obra, Leite mostra como o futebol (e outros esportes) servia como instrumento político e de estímulo ao orgulho nacional. “O futebol é uma expressão cultural da sociedade. Então é impossível você dissociá-lo da sociedade, da política, do contexto geopolítico inclusive”, aponta.

Quem viveu e assistiu a grandes eventos esportivos esportivos como os Jogos Olimpícos e a Copa do Mundo, num passado não tão distante, deve se lembrar do clima de mistério que pairava sob equipes pertencentes ao antigo regime comunista.

Como treinavam, o que faziam e como times da Iugoslávia, Polônia, Hungria, Alemanha Oriental, Tchecoslováquia e, claro, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas para enfrentar seus concorrentes capitalistas?

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Emanuel conta que, durante o contexto da Guerra Fria (EUA X URSS), os esportes se transformaram em arenas de disputas entre comunistas e capitalistas – os quais tentavam mostrar superioridade ideológica sobre o outro. Algo similar ao que ocorreu no campo da ciência, da tecnologia e da corrida espacial.

“É por isso que os atletas soviéticos de alto rendimento eram preparados para serem campeões. A União Soviética não queria disputar apenas os jogos olímpicos e as outras competições internacionais, ela queria ganhar, pra mostrar que era superior”, explica.

Emanuel Leite participou do Interdependente #37. Ouça na íntegra

A importância do esporte como arma ideológica era levada tão a sério que a União Soviética desistiu de participar da realização dos primeiros jogos olímpicos, em 1948, porque se chegou a conclusão que não estavam suficientemente preparados.

A espera valeu a pena. Nas Olimpíadas seguintes, realizada em 1952, em Helsinque, na Finlândia, os atletas soviéticos conquistaram 71 medalhas, sendo 22 de ouro – o que lhes garantiu o segundo lugar na competição.

Os Estados Unidos ficaram em primeiro, com um total de 40 medalhas de ouro, e 76 no geral.

Desde o início da formação da União Soviética, seus dirigentes acreditavam que o esporte exercia enorme importância na engrenagem social. A cultura física, o desenvolvimento do corpo era importante até para garantir a formação de cidadãos e cidadãs fortes, prontos para defender a nação.

E o futebol? De acordo com Emanuel Leite Jr., havia certa resistência dos líderes soviéticos em estimular sua prática. Havia o receio de que a prática viesse a servir como instrumento de despolitização do proletariado, de desviá-lo da luta de classes.

Mais livros sobre a União Soviética

Por conta dessa visão, os atletas soviéticos eram, formalmente, amadores. Em tese, os jogadores de futebol, os quais eram geralmente funcionários de órgãos e empresas estatais, também praticavam o esporte de forma amadora. “Mas, na prática, os que pertenciam aos principais times e à seleção podiam se dedicar totalmente ao futebol”, conta Emanuel.

Ainda que observado de perto pelo governo, não havia interferência política na seleção soviética, de acordo com Emanuel Leite. Como exemplo, o jornalista cita o caso de Gavriil Kachalin, um dos maiores treinadores da história da URSS, campeão olímpico em 1956 e da primeira edição da Eurocopa, em 1960.

“Ele era uma pessoa bem articulada com os membros do Partido Comunista e deixou bem claro que assumiria o comando da seleção desde que tivesse a liberdade de poder escolher quem ele quisesse. Isso de fato aconteceu”.

A propósito, a União Soviética conquistou o então chamado Campeonato Europeu das Nações derrotando a também comunista Iugoslávia, em Paris, por 2 x 1, nos acréscimos.

A melhor participação da União Soviética em copas do mundo ocorreu em 1966, quando ficou em quarto lugar, na competição realizada na Inglaterra

A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas se dissolveu no dia 26 de dezembro de 1991. Um dia antes, Mikhail Gorbachev, o oitavo e último presidente extinguiu seu próprio cargo. Boris Iéltsin passou a presidir a Rússia e herdou o controle dos códigos de arsenal nuclear soviético.

BRASIL E UNIÃO SOVIÉTICA

Na Copa do Mundo da Espanha, em 1982, a União Soviética jogou contra o Brasil, que venceu por 2 x 1. Veja os melhores momentos.

LEV YASHIN, O ARANHA NEGRA

Também conhecido como Pantera Negra, por preferir usar uniformes da cor preta, Yashin é o homenageado da Copa do Mundo da Rússia.

GRANDES CLUBES DE FUTEBOL DA UNIÃO SOVIÉTICA

CSKA Moscou – Era o time do poderoso Exército Vermelho, o maior responsável pela derrota dos nazistas na Segunda Guerra Mundial.

Dínamo Moscou – O time da KGB, polícia secreta russa, foi o primeiro campeão soviético. O clube venceu a edição de Primavera do campeonato nacional de 1936.

Dínamo Kiev – É considerado um dos grandes orgulhos do povo da Ucrânia. Uma das razões desse sentimento vem do episódio apelidado de “jogo da morte”, ocorrido durante a ocupação nazista.

Jogadores do Dínamo disputaram duas partidas contra uma equipe de militares alemães nazistas.

No primeiro jogo, os comunistas do FC Start (nome que adotaram na época) golearam os nazistas por 5 x 0. No segundo, mesmo tendo um oficial da polícia de Hitler como árbitro, os atletas do FC Start venceram por 5 x 3. Em represália, três jogadores foram assassinados: Klymenko, Ivan Kusmenko e Mykola Trusevych, que morreu usando sua camisa de goleiro.

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