Frevo da Humanidade promove apresentação dos Meninos de Peixinhos

 Frevo da Humanidade promove apresentação dos Meninos de Peixinhos

Meninos de Peixinhos. Divulgação

 

Uma verdadeira ode ao Frevo. É o que o público pode esperar do projeto Frevo da Humanidade, que neste domingo, dia 3 de julho, promove uma apresentação musical do grupo Meninos de Peixinhos, no Recife, a partir das 16h, no bairro de mesmo nome. O evento celebra os 10 anos de reconhecimento do Frevo como Patrimônio Imaterial da Humanidade pela Unesco, os 115 anos de existência do ritmo e ainda os 130 anos do Maestro Levino Ferreira, pernambucano natural de Bom Jardim, terra dos Pau D’arcos e berço de grandes musicistas. Levino nasceu em 1890, porém, por força da pandemia, ficou sem comemorações em atenção aos seus 130 anos.

A homenagem será comandada por Lúcio Sócrates, neto de Levino Ferreira. Ele, que decidiu seguir os passos do avô, também é musicista e hoje comanda uma escolinha de música criada para atender crianças e jovens no bairro de Peixinhos, coordenando e ensinando.

O frevo e outros ritmos pernambucanos são oferecidos aos jovens da comunidade, em um trabalho social que resgata vidas e abre oportunidades para indivíduos e famílias inteiras.

“Nossa missão é abrir os horizontes e fazer a diferença na vida desses meninos através da música e da arte. Aqui na escola temos a certeza que música pode mudar vidas, pode educar, pode dar uma profissão… A música é um poderoso instrumento de combate à violência e a tudo de ruim que há no mundo”, diz Lúcio.

A apresentação de domingo ocorre na própria escola onde os meninos recebem aulas, localizada na Rua Celina de Melo, nº 33, em Peixinhos. No evento, sobem ao palco 13 jovens tocando flauta doce, acompanhados por violão e pandeiro. No repertório, vários tipos de frevo, como frevo-canção, frevo de bloco e frevo de rua. Uma boa oportunidade para que mais pessoas conheçam o projeto de educação musical comunitária, que vem se mostrado um sucesso e socialmente relevante.

Para Lúcio Soares participar da homenagem ao avô é gratificante. “Música é emoção. Por isso, como músico e neto, me sinto honrado em participar do projeto, por tudo o que meu avô fez, por toda nossa luta diária… É gratificante e nos traz a motivação necessária para seguir em frente, espalhando arte, cultura e ajudando a formar cidadãos através da música”, afirma.

O projeto, que conta com várias turmas, separadas por horários e nível de conhecimento musical, atualmente atende, de forma simultânea, mais de 80 crianças e adolescentes carentes – antes da pandemia esse número chegou a 120 – e sobrevive através das doações de parceiros, amigos e incentivadores, como as orquestras Marafreboi e Fandangos de Lança, ambas fundadas por pernambucanos em Brasília, com a missão de difundir e preservar a cultura e a história do Frevo

Mais sobre Levino Ferreira

Nascido em Bom Jardim, em 1890, o maestro Levino começou a estudar música ainda muito cedo. Aos 10 anos já era admirado pelas suas composições. Começou com a trompa, mas logo desbravou novos instrumentos. No seu processo de aprendizado, só precisou de 80 aulas, o restante aprendeu sozinho.

Exerceu as funções de maestro nas cidades de Bom Jardim, João Alfredo, Salgadinho, Limoeiro e na antiga Queimadas. Em Limoeiro, ministrou aulas de piano, violão, bandolim e violino. Entre seus inúmeros alunos, nomes como Carminha Negromonte, Dona Lia Mota, Lourdinha Heráclio, Geralda Magalhães e Antônio José de Oliveira (mestre Caramuru).

Após 9 anos em Limoeiro, chegou ao Recife para fazer parte da Orquestra de Frevos da Rádio Clube de Pernambuco, onde tocou clarinete, trombone de vara, pistom e trompete. Nessa época escreveu a sua grande obra, “A Dança do Cavalo Marinho”, especialmente para Orquestra Sinfônica do Recife.

A música, considerada erudita, com tema de folclore pernambucano, o tornou famoso no mundo inteiro. Com seus quase 80 anos de vida, o maestro Levino deixou um vasto legado de composições formadas por inúmeras valsas, frevos, maracatus, peças folclóricas e religiosas.

Levino segue aclamado entre os estudiosos de música como um “gigante no Frevo” e músico genial, suas composições são de rica beleza, com arranjos elaborados, típicos de um gênio musical. João Santiago, importante músico e carnavalesco do início do século, o tratava de “O Rei do Frevo”.  Levino não alcançou, em vida, o seu verdadeiro reconhecimento público, uma lacuna que merece ser reparada. E o projeto Frevo da Humanidade vem trazendo essa bandeira: escuta Levino!

Fotofilme

Como parte das celebrações, o projeto Frevo da Humanidade também está lançando um fotofilme que aborda o surgimento do frevo como uma manifestação cultural e todos os passos dados pelo Frevo rumo à consolidação como Patrimônio Imaterial da Humanidade, passando pela trajetória de Levino e de alguns outros nomes que contribuíram para a grandeza do ritmo.

Carlinhos Borges assina a trilha original para o fotopoema que comemora as datas mais fortes do Frevo. A obra ainda traz depoimentos de João Santiago e a voz de Renato Phaelante, em participação especial, a partir de gravações do acervo da Coordenação-Geral de Estudos da História Brasileira, da Fundação Joaquim Nabuco (CEHIBRA/FUNDAJ).

Para compor o fotofilme, os realizadores ainda contam com depoimentos do Museu da Imagem e do Som de Pernambuco (Mispe), com fotos de Hans von Manteuffel e arte e desenhos do designer Claudio Tavares.

O projeto Frevo da Humanidade conta com o incentivo pelo Recife Virado na Cultura, Fundação de Cultura Cidade do Recife, Secretaria de Cultura e Prefeitura do Recife.

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