Criado em 1994, no Recife, o Querosene Jacaré chamou a atenção por conta da base sonora rock’n’roll, aliada a referências nordestinas e apresentações explosivas. A banda tocou três vezes no festival Abril Pro Rock; no Paredes de Coura, em Portugal; e, em 2002, fez uma breve turnê pelos EUA. Lançou dois discos: “Você não sabe da missa um terço” (1998, Paradoxx Music) e “Fique peixe” (2001, Manguenitude), que está disponível nas principais plataformas digitais (Spotify, Deezer, Google Play, iTunes etc.), com distribuição da Tratore. O relançamento ocorreu em outubro de 2016, em celebração aos 15 anos do lançamento original.
Enquanto “Você não sabe da missa um terço” mostrava a banda mais voltada para o rock setentista e temáticas nordestinas, “Fique peixe” abriu o leque de referências. A base rock and roll permaneceu, mas é possível ouvir incursões pelo samba, soul, funk à James Brown e The Meters, música latina, ciranda, embolada, levadas de bateria inspiradas em ritmos presentes na música eletrônica.
Fique peixe conta com onze faixas, das quais mais da metade foram gravadas pelo baixista Airton Gordinho – morto numa tentativa de assalto, em 30 de abril de 2000, no Recife. O trabalho foi dedicado a ele. Além de Gordinho, completam a formação no disco: Alfaia (voz e baixo), Tonca (guitarra), AD Luna (bateria) e Cinval (percussão). Participaram como convidados, Zé da Flauta (teclados em “Problema de visão”), Eder O Rocha (percussões em “Boca de oro”, “Sandália de dedo” e “Problema de visão”), Wanderley e Deco (metais).
Antes de ser lançado em versão física pelo selo Manguenitude (com distribuição da Polydisc/Sony Music), do músico e produtor Zé da Flauta, “Fique peixe” foi disponibilizado gratuitamente em novembro de 2000, em quatro sites da época: os pernambucanos A Ponte, Manguetronic e MangueNius e o paulista MP3Clube. A faixa Catador de papelão também está presente no primeiro disco do Querosene, “Você não sabe da missa um terço”, e foi regravada para integrar o segundo álbum.
Toda boa banda de rock é irregular. Quem toca sempre redondinho, quem grava discos com os arranjos sempre no devido lugar, quem nunca desafina nem nos agudos nem nos graves esté incapacitado a merecer seu lugar na galeria dos lendários cowboys do rock and roll. O Querosene me parece antes de tudo uma banda de rock, por mais que nas suas composições entrem influências de funk, baião ou sei lá mais o quê. O Rock sim, e irregular, às vezes perigosamente bêbado, às vezes disperso, mas em algumas noites capaz de fazer o menor palco parecer um templo dourado do pop qualquer, estilo Cavern ou CBGB.
Uma das últimas vezes em que eu assisti os caras tocarem foi num bar de beira de praia em Maracaípe, no litoral sul de Pernambuco. Chovia sem parar há umas três ou quatro horas, o mar rugia numa ressaca monumental, a água encharcava cada milímetro do ar e uma plateia de nativos danaava standards pop executados por um grupo cover qualquer. As clássicas “más condições de temperatura e pressão” para qualquer artista que se preze…
Pois bem, os caras rastejaram para o minúsculo palco, plugaram os instrumentos e…BOOM! umbigos queimados balançavam os seus piercings, hippies divagavam sobre o Tangerine Dream ( juro, aconteceu, e bem perto do meu ouvido esquerdo ) e o italiano dono do pedaço se apossou de uma percussão qualquer como um veterano músico convidado.
Em Fique peixe, segundo disco, lançando primeiramente em MP3 e, em seguida, em mídia física em 2001 pelo selo Manguenitude, essa energia do Querosene vem mais bem engarrafada do que no seu trabalho de estreia. Antes de tudo, a produção se preocupou em registrar com cuidado os tons mais graves, um velho defeito dos produtos que saem dos estúdios brasileiros.
O resultado foi um das melhores texturas de bateria já extraídas na manguetown, uma pegada que me lembrou, guardando as proporções, as coisas que o Rick Rubin (produtor do primeiro disco dos Beastie Boys e chefe do selo Def Jam) fazia sampleando o batera do Led Zeppelin.
Portanto, brothers and sisters, consumam o Querosene como se o futuro não existisse. A vida é breve e combustíveis como esse é que dissipam o tédio nosso de cada dia.
Produção: Querosene Jacaré
Gravado no estúdio Plug, Recife, (de Zé da Flauta), pelo técnico Jair Paixão
Gravação de bateria: Hubert Estúdio, Recife
Mixagem: Querosene Jacaré e Gabriel Furtado (Estúdio do Poço)
Design: Manoela Leão
Assistência de design: Rosana Aires
Fotos: Hélder Ferrer
1- Banana elétrica (Cinval)
2- Que carro é esse? (Flávio Mamoha, Hélio Matos e Tonca)
3- Boca de oro (Cinval, Alfaia, Tonca e AD Luna)
4- Sandália de dedo (Fred Caiçara)
5- Adivinha quem (Tonca)
6- Samba pra alguém (Alfaia, Tonca, AD Luna e Airton Gordinho)
7- Andando de kombi (Cinval, Alfaia, Tonca, AD Luna e Cinval)
8- Problema de visão (Cinval, Tonca e Alfaia)
9- Aonde ninguém vê (Alfaia, Tonca, AD Luna e Alfaia)
10- Não leva meu samba (Alfaia, AD Luna)
11- Catador de papelão (Cinval)
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