Por Renata Reynaldo*
Amparados em dados do Ministério da Saúde sobre casos de contaminação e de óbitos por Covid-19 e na análise comparativa da evolução desses indicadores no munícipio paulista de Araraquara, em confronto com outras duas cidades de mesmo porte e características, os professores-pesquisadores Dalson Figueiredo, do Departamento de Ciência Política da UFPE, e Lucas Emanuel de Oliveira Silva, da Uncisal, comprovam que as intervenções de distanciamento social adotadas em Araraquara foram eficazes para achatar as curvas epidêmicas.
No artigo “Social distancing and severe acute respiratory syndrome coronavirus 2 transmission: A case study from Araraquara, São Paulo, Brazil”, publicado recentemente pela Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, os pesquisadores descrevem como chegaram à conclusão a respeito do “impacto do bloqueio sobre o número de casos diários de Covid-19 no município-alvo do estudo, que adotou mudanças na política de restrição social que, por sua vez, neutralizaram a tendência positiva da doença”.
Para garantir evidências mais robustas, os autores incluíram no estudo dois casos-controles, as cidades também paulistas de Araçatuba e São Carlos, a fim de facilitar a estimativa do que seria observado em Araraquara caso não tivesse optado pela medida restritiva do convívio social.
“A seleção desses municípios comparativos seguiu os critérios de similaridade estatística e características de localização; sobre a curva epidêmica, Araçatuba e Araraquara apresentavam tendências semelhantes antes da mudança de política adotada por Araraquara, e a inclusão de São Carlos justifica-se pelo controle baseado em localização, sendo ambos, Araraquara e São Carlos, municípios fronteiriços com tamanhos populacionais semelhantes”, explica Figueiredo.
Os professores se ativeram aos dados relativos ao período de 2 de abril de 2020 a 16 de março de 2021, justamente duas semanas após o final do bloqueio determinado pela gestão municipal de Araraquara.
Usando um modelo de série temporal interrompida, ambos verificaram que Araraquara e Araçatuba tinham tendências semelhantes de evolução dos casos de contaminação pelo novo coronavírus antes de Araraquara restringir a convivência social de sua população e que, após impor o distanciamento social, a sua taxa de transmissão viral diminuiu drasticamente, enquanto que Araçatuba, que não adotou medidas restritivas, manteve elevação dos indicadores durante as duas semanas de observação.
Já na comparação entre Araraquara e São Carlos, outro município paulista que também não adotou medidas de distanciamento social, os estudiosos também constataram que durante o período avaliado, enquanto Araraquara apresentava redução no número de casos de transmissão da Covid-19, a cidade vizinha manteve uma taxa evolutiva de transmissão.
“Esse estudo fornece a primeira confirmação sistemática de que as políticas de distanciamento social adotadas em Araraquara foram eficazes na mitigação da disseminação do Covid-19. Nossas descobertas apoiam esses resultados e destacam o papel do distanciamento social como uma ferramenta crítica para achatar a curva epidêmica”, atesta Dalson.
*Repórter da Assessoria de Comunicação da UFPE
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