Música

Diversidade racial e étnica no rock pesado – Parte 1

A diversidade racial e étnica no ou rock pesado aparenta não ser muito percebida pelo senso comum

Por AD Luna

A diversidade racial e étnica no rock pesado aparenta não ser muito percebida pelo senso comum. Quando falamos em “rock pesado”, incluímos num mesmo conjunto metal, hardcore e hard e punk rock. Muito provavelmente, até mesmo fãs preconceituosos e racistas encontrados nesse universo não se dão conta disso. Na edição #95 do programa PEsado – lapada para todos gostos, este que vos escreve elencou alguns exemplo (e poucos, porque a lista é gigante) de bandas cujas formações contam com, pelo menos, um integrante que foge daquele estereótipo “branco europeu ou descendente direto deste”.

Nem quis tratar das inúmeros grupos e artistas dos sons pesados que são formados anualmente em países asiáticos (alô, Japão!), africanos e mesmo aquelas encontradas em países tidos como muito conservadores e repressores, a exemplo do Iraque, Arábia Saudita, Indonésia.

Diversidade racial e étnica no rock pesado PARTE 2

Além da lista contida no programa, foram incluídas outras bandas. A maioria é de grupos americanos, o que considero interessante citar/lembrar por conta da onda de crescimento da extrema-direita que está tomando proporções preocupantes por lá.

Apesar de boa parte da população dos Estados Unidos ser composta por brancos, existe (é claro, né?) uma grande quantidade de negros, latinos e asiáticos, os quais contribuíram e continuam a contribuir com a diversidade cultural do país. E essa realidade deve se transformar ainda mais, nos próximos anos.

Em 2016, pesquisa governamental mostrou que mais de 50% das crianças nascidas pertenciam a minorias.

PANDEMMY

A banda pernambucana Pandemmy. Divulgação

Mas, antes de ir para os EUA, um exemplo do Recife. Não sei como é em outros lugares, mas aqui, em shows ou, por exemplo, nos dias dedicados a sons mais pesados do festival Abril pro Rock, a cidadã e o cidadão mais atentos irão perceber que a quantidade de gente de pele mais escura é maior do que o público branco.

O contrário do que ocorre em eventos musicais de bandas classificadas como “indies”, de “rock alternativo” ou algum outro novo rótulo do tipo, cujo povo é branquinho. Não é julgamento de valor, só uma constatação. Observem por vocês mesmos e confirmem… Ou não!

Fundada em 2009, o Pandemmy tem álbuns lançados e sonoridade thrash-death metal.

MOTHER´S FINEST

Mother´s Finest, de Atlanta. Foto: Site oficial

O Mother´s Finest é de Atlanta, Geórgia. Estão por aí desde os anos 1970. O som é uma espécie de hard rock funckeado.

Em alguns momentos, lembra o som do Deep Purple da fase Coverdale-Hughes. Ou seria o contrário? Uma amostra da música da banda.

TESTAMENT

Testament é da Califórnia. Foto: Reprodução

Outrora chamada Legacy, a Testament existe desde 1983 e tem hoje em sua formação, da esquerda para a direita na foto: Gene Hoglan (bateria), Steve Di Giorgio (baixo), Alex Skolnick (guitarras), Chuck Billy (vocais) e Eric Peterson (guitarra). É um dos grupos mais respeitos do thrash metal mundial. Peterson é filho de pai sueco e mãe mexicana.

Skolnick é de origem judaica e, além do metal, também gosta e toca jazz e música não anglo-saxônica, também conhecida como world music para alguns.

Com o projeto Planetary Coalition, ele lançou um álbum, em 2014, que reuniu músicos da Argentina, China, Albânia, Palestina, Turquia, Israel, Cuba, Albânia e México.

Chuck Billy costuma demonstrar orgulho por suas raízes indígenas, herdadas do seu pai, o qual concebeu o vocalista junto com a esposa mexicana.

As músicas “Allegiance”, “Trail of tears” e “Native Blood” (clipe abaixo) fazem referências a esse lado nativo norte-americano.

JOURNEY

Arnel Pineda (centro) realizou o sonho de entrar no Journey. Foto: Divulgação

Formada em San Francisco, em 1973, o Journey continua a lotar ginásios em turnês bem-sucedidas, especialmente no seu país de origem. O grupo já contou em sua formação com um negro, o baixista, cantor e produtor, Randy Jackson.

Em 2007, o filipino Arnel Pineda foi descoberto por membros da banda no YouTube. A história, que mais parece um conto de fadas do hard rock, está registrada no documentário “Don’t stop believin’: everyman’s Journey” .

No início de suas atividades, Pineda sofreu resistência racista por parte de alguns fãs do grupo americano, a qual foi fortemente combatida por seus companheiros brancos caucasianos de banda. O vídeo a seguir mostra trecho do show em que Arnel cantou pela primeira vez com o Journey, nas Filipinas.

No verão americano de 2015, o baterista negro Omar Hakin foi convidado a substituir o então integrante oficial do posto, Deen Castronovo, por este ser acusado e condenado por agredir a esposa. Além do Journey, Hakin já tocou com Madonna, David Bowie, Sting, Dire Straits, Kate Bush, George Benson, Miles Davis, Mariah Carey, entre outros.

VINTAGE TROUBLE

Vintage Trouble, de Los Angeles, Califórnia. Foto: John McMurtrie

A banda do vocalista negro Ty Taylor tem o som calcado no blues, soul com pitadas de hard rock à Led Zeppelin.

Em 2015, o Vintage Trouble foi convidado pelo AC/DC a abrir os shows da turnê Rock or Bust World Tour na Europa, Estados Unidos, Canadá, Austrália e Nova Zelândia.

Uma amostra do poder de fogo do VT, durante o Late Show, de David Letterman.

METALLICA

Grande admirador de filmes de terror, o guitarrista Kirk Hammett está na banda desde 1983. Ele é filho mãe das Filipinas, a senhora Teofila Chefela, e pai irlandês.

Roberto Agustin Miguel Santiago Samuel Trujillo Veracruz, ou simplesmente Robert Trujillo, baixista, é descendente de mexicanos e nativos norte-americanos.

Ele entrou no Metallica em 2003. Apreciador de funk (James Brown, Sly and the Family Stone etc) e jazz, Trujillo produziu o documentário Jaco, sobre o lendário baixista Jaco Pastorius.

INDICAÇÃO DE LEITURA E COMPRA

De Black Sabbath a Slipknot, “Barulho Infernal” conta a história do heavy metal a partir do relato dos artistas que definiram os rumos do movimento. Com base em 400 entrevistas, feitas nos últimos 25 anos, os jornalistas Jon Wiederhorn e Katherine Turman revelam histórias inéditas, admissões de culpa e a verdade por trás de alguns momentos mais selvagens do metal.

Entre elas: trechos que tratam do acidente que mudou a história do Black Sabbath, as experiências que fizeram Dave Mustaine ser expulso do Metallica e os rituais de sangue praticados por bandas como Morbid Angel e Deicide.

“Barulho Infernal” tem comentários de ícones do metal, desde a sua concepção nos idos anos 1960 até os dias de hoje, incluindo Ozzy Osbourne, Bruce Dickinson, Eddie Van Halen, Tommy Lee, Lars Ulrich, James Hetfield, Kerry King, Vince Neil, Axl Rose, Jonathan Davis, Corey Taylor, Pete Steele, Dave Grohl, Trent Reznor, Marilyn Manson, Rob Zombie, Dimebag Darrel e dezenas de outros.

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    AD Luna

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