Artes

“Diva” despertou horror ancestral à vulva, diz Juliana Notari

Artista pernambucana Juliana Notari participou do programa InterD – música e conhecimento

Por AD Luna

A música “Under Pressure” (Sob pressão, em português) com Queen e David Bowie, abre a edição #85 do programa InterD – música e conhecimento, veiculado nesta quarta (3), na Universitária FM do Recife e nas principais plataformas. A emblemática escolha da canção partiu da artista plástica Juliana Notari.

A pernambucana é criadora de “Diva”, obra de 33 metros de altura, 16 metros de largura e 6 metros de profundidade, que corta a colina da Usina de Arte, localizada na comunidade de Santa Terezinha, município de Água Preta, zona da mata sul de Pernambuco.

A produção é resultado do Projeto de Residência Artística da Usina, que conta com a parceria do Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães – Mamam (Recife) na indicação dos artistas que integram o programa.

“É um vulva, mas é sobretudo uma ferida, porque a ferida é que traz esse laço de violência”, explica a artista.

No fim do ano passado, quando Juliana publicou fotos da obra em seu Facebook, “Diva” passou a ganhar grande visibilidade, comentários elogiosos e muitos ataques raivosas contra a peça e a própria artista.

Juliana Notari trabalhando na obra “Diva”. Acervo pessoal

“No meu trabalho, lido muito com violência, porque é uma coisa que está na sociedade, e a arte também espelha a sociedade e vice-versa. A partir do momento em que abri aquela ferida ali, naquele espaço, era como se a galeria ou museu se tornasse aquele corpo da mulher, que estivesse sendo violado”, expõe Notari.

Quanto às diversas mensagens de ódio que recebeu, ela diz que no começo até se assustou, mas percebeu que os comentários raivosos e sarcásticos feitos por homens e mulheres acabaram por dar ainda mais visibilidade a seu trabalho.

“Diva”, obra de 33 metros de altura, 16 metros de largura e 6 metros de profundidade, que corta a colina da Usina de Arte, localizada na comunidade de Santa Terezinha, município de Água Preta, zona da mata sul de Pernambuco.

“Esse trabalho despertou um horror ancestral, um medo, um ódio da mulher, da vulva, até da maternidade, da menstruação, do reproduzir. Parece que mexeu com questões muito profundas que vieram do mundo inteiro. Mas, ao mesmo, tinha muitas mensagens positivas, maravilhosas, que dava força também’, conta.

É, realmente, um dado curioso. Quanto mais gente comenta e reage em postagens do Facebook, por exemplo, mais o algoritmo dessa rede social entende como relevante o que foi publicado e dá mais visibilidade ao post.

O trabalho voluntário de publicidade feito por inúmeros e inúmeras “haters” acabou por atrair a atenção de veículos de imprensa nacionais e internacionais.

“Pra mim, enquanto artista é ótimo! Qual é o artista que não quer seu trabalho sendo exposto em vários locais, em várias mídias, especialmente nas especializadas em arte ao redor do mundo. Estou achando bom porque tem que levantado diversas questões. A gente só vai sair disso, quando mexermos nessas feridas”, afirma Juliana Notari.

Ouça a entrevista na íntegra. E ainda: músicas e depoimentos das artistas Platônicca, Tita Lima, Joana Darc Cintra (Triinca), Sofia França (Sargaço Nightclub), Julie Neff, Jo Mistinghett e Bruna Lucchesi.

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