“Criar consciência ambiental sobre a Antártica e os oceanos e ajudar as pessoas a darem seus primeiros passos em ações sustentáveis”. Esse é o propósito que move o Instituto Gelo na Bagagem, criado pela bióloga Dra. Francyne Elias-Piera. e que oferece cursos e palestras sobre o tema, além de disponibilizar conteúdos gratuitos no Instagram e no Youtube. O Instituto trabalha para integrar pessoas e mostrar que as ações de todos interferem no meio ambiente e, inclusive, no ecossistema antártico.
Por meio de uma linguagem lúdica e divertida, Francyne conta em palestras pelo mundo como foi sua experiência em cinco expedições à Antártica. Seu trabalho atinge públicos de várias idades, proporcionando entendimento e reflexão sobre o tema e intensificando a adoção de práticas de preservação ambiental.
Francyne é mestre em Oceanografia Biológica pela Universidade de São Paulo (USP) e Doutora em Ciência Ambiental pela Universitat Autònoma de Barcelona. Desde 2000, pesquisa os invertebrados da Antártica e já participou de 5 expedições com o Brasil e a Coreia, ficando nas Estações de Pesquisa ou embarcada em navios polares.
Desde os 8 anos de idade ela coleciona matérias sobre o continente gelado, sua verdadeira paixão, e logo quando entrou na faculdade de Biologia se decidiu por trabalhar com Biologia Marinha. No segundo ano da faculdade, ao assistir a uma palestra sobre as baleias na Antártica, sua paixão ficou ainda mais latente e ela decidiu que seu sonho seria trabalhar com o Continente. Viveu na Coreia do Sul por 2 anos e foi a única latina pesquisadora do Instituto de Pesquisa Polar Coreano.
Francyne Elias-Piera já proferiu palestras científicas na Espanha, Nova Zelândia, EUA, Malásia e Coreia e sua experiência internacional tem inspirado muitas meninas e mulheres mundo afora. “As mulheres continuam precisando de espaço para mostrar que podem trabalhar e que podem pesquisar. Continuamos lutando por igualdade de gênero nas universidades, nas empresas, onde estivermos”, diz a bióloga.
A igualdade de gênero faz parte da Agenda 2030, que é um plano de ação da ONU para erradicar a pobreza mundial por meio de 17 objetivos para o Desenvolvimento Sustentável. A meta é lembrar das meninas e das mulheres e dar valor a elas e a todos os trabalhos que realizam.
“Eu acredito que o primeiro passo que todos nós temos que dar para termos mais mulheres de destaque no mundo é deixar que as meninas escolham ser o que quiserem, inclusive pesquisadoras. As mulheres têm muito mais graduações que os homens, mas somente 29% delas se tornam cientistas no mundo e apenas 7% dos ganhadores do prêmio Nobel são mulheres”, afirma a bióloga.
“As poucas meninas que têm coragem de assumir sua vontade de se tornarem pesquisadoras enfrentam o mundo ao seu redor as desencorajando a estudar Ciências. As poucas que superam e entram na faculdade, muitas vezes, não terminam porque são desanimadas por professores ou escutam tanta piada dos amigos que desistem”, completa.
Mas o cenário está mudando aos poucos tanto na academia quanto pela maior presença de mulheres cientistas na imprensa e nas redes sociais. “Precisamos nos unir para mudar este cenário, ajudando mais mulheres cientistas, divulgando seus trabalhos e incentivando meninas a estudarem Ciências”, finaliza Francyne.
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