Por AD Luna
São Paulo, outubro de 2007. Chico César trabalhava na divulgação do audiolivro “Cantáteis: cantos elegíacos de amozade”, composto por 141 estrofes, cada uma com 11 versos de 7 sílabas. Tais versos foram organizados como em um cordel nos quais ele fala sobre a Paraíba, Roland Barthes, Clarice Lispector, Govinda e Frida Khalo.
Aproveitei para conversar com o paraibano de Catolé do Rocha, no Museu de Arte de São Paulo (MASP), para o programa Mão na Massa, que criei e apresentava no site de música Showlivre.
A principal ideia do MNM era mostrar o “maravilhoso mundo do fazer musical” – o que incluía tanto o trabalho de instrumentistas, compositores e outros trabalhadores e trabalhadoras da cadeia produtiva da música.
No segundo bloco desta edição, Chico expôs suas visões a respeito de poesia, letras de música e poetas da canção.
Segue transcrição da conversa.
Rapaz, isso é uma briga boa porque acho que o suporte é o mesmo, é a palavra. Dia desses, numa festa, briguei com dois catedráticos que vieram me dizer: “olha, depois de João Cabral de Melo Neto, você é o maior poeta da língua portuguesa”. [Respondi] “Que é o quê? Vai procurar tua turma e tal. Faço letra de música, sou como Odair José”.
Tem poeta, poeta mesmo, entendeu? O cara da escrita, que não tem a visibilidade que a música dá e leva. Algumas vezes, essas arestas podem ser diminuídas ou podem ser alargadas.
Há poetas como Arnaldo Antunes, que é um artista que que vai também para o lado plástico, não é mais só a palavra. Mas o aspecto plástico da própria palavra. É uma letra, um fonema que é algo para ter falado, para ser lido ou algo para ser visto? Ele é um artista plástico?
Quer dizer, a gente já está ampliando a discussão. Mas, lógico, algumas canções da música popular brasileira têm verdadeiros achados poéticos.
Mas acho que a poesia, a palavra, tem um lugar que é só dela apesar de terem, de certa forma, da palavra em toada ter nascido tanto a canção quanto o a palavra para ser escrita, para ser dito o poema.
Quando a gente fala uma poesia…
O meu nome é Severino,
não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
de mães chamadas Maria,
lá da Serra da Costela, limites da Paraíba
…Já tem uma música implícita aí, só que eu a sinto de um jeito, outro de outra [maneira] e o autor era um poeta que não gostava de música: João Cabral de Melo Neto.
Adoniran Barbosa é um deles. Os letristas de Luiz Gonzaga: Humberto Teixeira, Zé Dantas, Zé Marcolino. Patativa do Assaré… Ainda estou só nos da música.
Chico Buarque, Capinam, Torquato Neto, Leminski. Paulo Leminski é um poeta maravilhoso.
Todos esses colocaram o talento do poeta a serviço da canção.
Bráulio Tavares é um letrista maravilhoso!
Letrista de muitas das músicas de Lenine. Um cara arretado, um cara que tem ali a ficção científica, cordel, um conhecimento profundo de história em quadrinhos.
E coloca tudo isso nas músicas dele, nos poemas, nos escritos dele. Então é uma pessoa que, para o lado que se mexer, mesmo quando faz prosa, quando escreve no jornal um texto curto, de cinco parágrafos, ali há poesia.
Às vezes, leio textos deles e tenho vontade de musicar.
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