Música

Bia Nogueira lança Sankofa: tecnologia e ancestralidade em diálogo no novo single

Música, que celebra o carnaval, antecipa o álbum Respira e chega acompanhada de videoclipe

Bia Nogueira apresenta Sankofa, um single que atravessa as fronteiras entre o tradicional e o contemporâneo. O título faz referência ao símbolo adinkra do pássaro Sankofa — que caminha para o futuro olhando para o passado —, propondo uma reflexão sobre os caminhos éticos que moldam o progresso tecnológico.

Produzida em parceria com Aluísio Tocafundo, criador do projeto @ImagineUAI, a faixa utiliza Inteligência Artificial em todas as etapas criativas: da composição da letra e dos beats ao uso de um clone da voz de Bia.

“Sankofa é sobre lembrar de onde viemos para não nos perdermos no caminho do futuro. Tecnologia e tradição precisam andar juntas, sempre ancoradas por valores humanos e ancestrais”, reflete Bia.

A artista mineira, que integrou o selo A Quadrilha, do rapper Djonga, lança o single pelo selo Imune, fundado por ela. Sankofa faz parte do universo conceitual de Respira, álbum no qual Bia aborda temas como solidão, conexão humana e sustentabilidade. No entanto, a faixa se destaca por equilibrar inovação tecnológica e sabedoria ancestral.

A criação de Sankofa acompanhou a evolução das ferramentas de Inteligência Artificial. Desde 2023, Aluísio Tocafundo trouxe novas versões da faixa conforme as tecnologias avançavam. A letra, criada com o ChatGPT, foi refinada por Bia, enquanto a melodia, desenvolvida com o Suno, passou por ajustes manuais. A voz clonada pelo RVC Mangio Fork se mescla à voz real da cantora, contrastando com a percussão ao vivo de Kátia Aracelle. A mixagem e masterização ficaram a cargo de Thiago Braga (O Rapaz de Dread).

No videoclipe, imagens geradas por IA foram aprimoradas e animadas digitalmente, reforçando o conceito de unir inovação e ancestralidade.

Mais do que uma música, Sankofa levanta um debate urgente sobre o impacto da Inteligência Artificial nas artes. Para alguns, a IA representa uma ameaça à criação humana, mas Bia a enxerga como uma ferramenta, semelhante a tantas outras que já surgiram e foram inicialmente rejeitadas pelos puristas.

“Sempre que uma nova tecnologia aparece, dizem que é o fim dos tempos. Mas a IA não é inteligência de fato, porque, para ser inteligência, precisa ter biologia. O que ela faz é processar conhecimento gerado por quem vive, sente e cria”, reflete a artista.

Bia também explora, na canção, temas como direitos autorais e distribuição de riqueza na música — questões que ganham novas camadas com o uso da Inteligência Artificial. Se a IA se baseia em referências pré-existentes, surge o debate sobre a remuneração dessas obras, um tema já presente na cultura do sample e em outros processos de ressignificação artística.

Além disso, embora a IA facilite a produção e a distribuição independente, a queda na remuneração dos artistas pelos streams se agrava com o crescimento das “fazendas de streaming”, que monopolizam royalties com músicas geradas por IA.

Nesse contexto, Sankofa sintetiza essas tensões ao combinar tecnologia e tradição, provocando reflexões sobre o futuro da arte e sua capacidade de se reinventar.

    Assessoria Bianco

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