Bel Aurora lança animação para música “Ofélia”
Primeiro clipe da artista paulista, Bel Aurora, leva o espectador a momentos de agonia e deslumbramento, tentando decifrar o que a personagem principal sente como na canção
Para quem é ligado no mundo da arte, é difícil ouvir o nome “Ofélia” e não pensar no quadro do inglês John Everett Millais (1829-1896), que traz que traz a imagem de uma mulher boiando em seu vestido. A imagem é uma versão para o texto de William Shakespeare em “Hamlet”, na história a personagem enlouquece e se suicida afogando-se num rio.
Este é a inspiração para a música“Ofélia” lançada pela paulista Bel Aurora, que acaba de ganhar um clipe animado pelas mãos da artista plástica Leila Monsegur com direção da própria artista e de Cris Rangel. Na canção e letra composta pelo amigo e parceiro musical Felipe Kouznetz, enquanto percebemos uma personagem que deseja a morte, temos uma outra que suplica para ser o sacrifício.
“‘Ofélia’” sempre foi uma música muito forte pra mim, tanto pela questão literária quanto por como ela de certa forma ultrapassa a personagem original do Hamlet. Acho que o dado que o Felipe traz na letra é muito forte, tanto dessa personagem que deseja morrer quanto do interlocutor, que de certa forma implora para ser um sacrifício que delongue essa vida dela. Como com toda a construção as cenas fortes de rio, passagem, espaço, navio. A letra é muito acertada, precisa, constrói um imaginário e a melodia e a harmonia são bem simples. Inclusive, por ser tanta repetição que eu e o Ariel [Aricas, produtor musical] decidimos fazer as modulações no nosso arranjo”, comenta Bel Aurora.
Feito em tinta óleo sobre vidro para trazer fluidez, o clipe leva o espectador a momentos de agonia e deslumbramento, tentando decifrar o que a personagem principal sente como na canção.
“Quando eu fui trabalhar na minha execução vocal dessa canção, nas minhas aulas com a professora Raquel Lara Rezende, ela observou que essa passagem da personagem não necessariamente precisaria significar uma morte. Mas uma passagem para outros planos. Foi bem doido inclusive porque na aula ela propôs um exercício de visualização que tem muito a ver com a meditação do thetahealing, envolvendo camadas e camadas de existência, de visualização, uma viagem que foi importante para mim no sentido de extrapolar o sentido dessa música. E aí foi esse o direcionamento que buscamos no clipe, buscar trazer os elementos da letra, trazer o sangue, o rio, os elementos fantásticos, mas tentar extrapolar esse campo semântico para coisas mais abstratas, paisagens mais diferentes. Puxar mais pelo fantasioso que pelo soturno” explica Bel.
O processo de produção do clipe foi todo feito em parceria com Bel, Cris Rangel e Leila Monsegur pensando nesse rito de passagem da personagem.
“Toda a realização foi bem artesanal. A ambivalência é o símbolo que permeia o percurso de Ofélia, ela é desenhada quadro a quadro, em linhas de nanquim sobre papel com formas abertas e todo o ambiente se modifica com sua passagem durante sua viagem iniciática”, revela Leila.
A música e clipe marcam o fechamento do lançamento do EP “Mulher ao Mar” que saiu no final de 2021 e abre caminho para o primeiro disco da artista, “A Metanoia” previsto para sair ainda no primeiro semestre de 2022.
“Mulher ao Mar”, o EP, tem produção de Bel Aurora e Ariel Aricas. Ariel divide direção artística com a multiartista Cris Rangel, tem 4 canções e 3 poemas, é lançado pelo selo Lyra Records e distribuído pela Tratore. Já o clipe tem direção de Bel Aurora e Cris Rangel, animação e direção de fotografia da Leila Monsegur e edição de Denize Guimarães. O EP já está disponível em todas as plataformas de streaming.
Bel Aurora- Compositora, instrumentista, poeta e cantora, Bel encontrou seu caminho nas palavras poéticas e nas teclas muito cedo. Pianista pesquisadora, também toca acordeom, violão, sintetizadores, cajon, MPC e desde 2017 vem se formando como produtora musical investigando DAWS para criar.
Com influência de MPB ao rock progressivo, do indie ao cancioneiro brasileiro, cuida da música como uma poesia maior. “Sempre enxerguei as letras de músicas mais como poemas e me esforço um tanto para as minhas composições poderem se sustentar como poemas mesmo quando se tira a música delas. Acho que a poesia é uma espinha dorsal das artes, ela é perpétua. Me fascina muito. Então eu comecei a testar essas inserções poéticas entre faixas, ou os poemas como movimentos dentro das músicas”, revela. E cita artistas que trabalham na mesma área: Titãs, Arnaldo Antunes, Nando Reis, Luiza Lian e até mesmo Maria Bethânia.
Bel tem como formação profunda a presença de músicos na família que também inseriram o estudo da palavra nas músicas, como seu tio Péricles (Cavalcanti) que na composição tem muito trato com o fazer poético, sempre escrevendo sobre o fazer poesia também. Com seu projeto autoral já tocou em palcos de São Paulo como Casa do Mancha, Fauhaus e Belo Horizonte n’A Obra e vem em busca de novos espaços para sua música que dialoga com a poética intimista e também com rock progressivo e experimental.
Da Assessoria
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