Augusto Cury reprovado: doutor em psicologia critica autor

 Augusto Cury reprovado: doutor em psicologia critica autor

O escritor Augusto Cury. Foto: reprodução

Adriano Facioli elenca oito pontos que podem explicar o fascínio por Cury e por que o que ele faz é pseudociência

Por AD Luna

Doutor em psicologia pela Universidade de Brasília, Adriano Facioli já participou de um dos programas do Interd – música e conhecimento, falando sobre a “cura” gay . Para ele, as obras do psiquiatra e escritor Augusto Cury são pseudociência.

Cury é autor da chamada Teoria da Inteligência Multifocal, tem publicações editadas em mais de 70 países e vendeu mais de 25 milhões de livros apenas no Brasil.

Adriano Facioli elenca oito hipóteses que podem explicar o fascínio de leitores pelos textos de Cury

1. Diz o óbvio com palavras, e combinações de palavras, que as pessoas consideram bonitas e sofisticadas (eu considero cafona).

2. Constantemente faz a promoção de si mesmo, alegando que conseguiu grandes feitos tais como, por exemplo, a cura do autismo.

3. Afirma que ficou escrevendo um livro durante 17 anos, e isso para muitas pessoas por si só é sinal do empenho de alguém da estatura de um gênio.

4. Compara-se repetidamente a grandes nomes da ciência e do pensamento universal

5. É médico (as pessoas valorizam muito a figura dos médicos) e faz diversos malabarismos para apelar à autoridade que alega ter, que por ser médico seria inevitavelmente inteligente e genial.

6. Possui uma oratória eficaz. Quando fala consegue falar pausadamente, com o olhar sereno e firme em direção a seus interlocutores. É muito bom de oratória. Para essas pessoas ele transmite seriedade, serenidade e sabedoria, já que boa parte de seus discursos é constantemente preenchida por esses termos.

7. Antes de publicar seu primeiro livro ele já fazia aparições repetidas na mídia. Teve então um trabalho forte de promoção nos meios de comunicação.

8. E joga muito para o público, tentando sempre dizer o que as pessoas querem ouvir. Alega por exemplo que é um ex-ateu e constantemente faz referências a figura de Jesus Cristo, tomando-o como referência para todo e qualquer assunto que aborde. Ou seja, fala exatamente aquilo que os cristãos querem ouvir, sabendo muito bem que esses compõem a grande maioria da população brasileira.

No áudio aqui publicado, Adriano Facioli cita trecho do livro “Ciência e pseudociência: por que acreditamos naquilo em que queremos acreditar”, de Ronaldo Pilati, colega dele e professor no curso psicologia da UnB. Eles concluíram o doutorado na mesma instituição: Facioli em 2003, e Pilati em 2004:

“Nota-se a linguagem rebuscada, muitas vezes circular, dando um claro aspecto superficial de racionalidade à sua argumentação, a qual, no fundo, é um disparate retórico sem qualquer evidência ou fundamento científico. Sua força argumentativa, se é que há alguma, está no rebuscamento e na retórica.”

Assista ao vídeo de Adriano Facioli sobre Augusto Cury, na íntegra.

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