As causas psicológicas do negacionismo científico
Por Daniel Gontijo*
Quais as causas psicológicas do negacionismo científico? Por que algumas pessoas acreditam que a Terra é plana, rejeitam a teoria da evolução ou continuam defendendo a eficácia da cloroquina contra a covid-19? Em outras palavras, quais são as características psicológicas daqueles que negam a ciência — e o que sua orientação política tem a ver com isso?
Quem nega a teoria da evolução, o aquecimento global e a “redondeza” da Terra não é necessariamente uma pessoa ignorante ou irracional.
Segundo o psicólogo Felipe Novaes, vários estudos têm sugerido que isso tem mais a ver com nossos afetos, valores e repertórios prévios de crenças, posicionamentos políticos, os quais podem entrar em conflito com dados e descobertas da ciência.
Seria o caso, por exemplo, de um espírita que se recusa a acreditar que a nossa mente é um produto do funcionamento do cérebro.
Em síntese, quando a nossa visão de mundo está sob ameaça, subestimaríamos o peso e a qualidade das evidências científicas que a confrontam.
*Daniel Gontijo é psicólogo, pesquisador e professor. Com o canal no YouTube que leva seu nome, o mineiro promove reflexões sobre religiosidade, ceticismo, fenômenos sobrenaturais, paranormais, espiritualidade e ateísmo.
Gontijo já participou do programa InterD – música e conhecimento falando sobre a relevância social da divulgação científica e defendeu que questionamentos sobre crenças religiosas e o sobrenatural não devem ser tabu.
“A divulgação científica tem esse valor, de conscientizar a população, de fazê-la saber como o método científico funciona, por que as vacinas são seguras, por que existem tratamentos que não são reconhecidos ou não têm uma validação científica”, defendeu Gontijo.