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A espantosa amizade entre um homem e um crocodilo
Uma das histórias de amor interespecífico mais surpreendentes é a de Chito (o homem) e Pocho (o crocodilo)
Por Adriano Facioli*
Em 1989 Chito estava caminhando à beira de um rio, e viu que na margem havia um crocodilo muito emagrecido, agonizando. Pesava então somente 70 quilos e tinha entre 30 e 40 anos de idade.
Ele estava com um ferimento de bala em seu olho esquerdo. Chito se compadeceu, e levou o animal para sua casa na qual, nos fundos, havia um lago.
Durante dias, talvez meses, dedicou-se intensamente a cuidar do animal, para fazê-lo sobreviver. Chegou inclusive, por algumas noites, a dormir do lado do crocodilo, acariciando-o constantemente.
Quando o animal já estava totalmente recuperado, levou-o de volta à margem do rio, onde o havia encontrado, para que ele retornasse a seu habitat.
Pocho, contudo, não foi embora, e seguiu Chito de volta até a sua casa. Os meses se passaram, e Chito se deu conta de que talvez fosse possível adestrar o animal.
Passou a dedicar-se a isso ao ponto de sua esposa, à época, abandoná-lo. Ele deveria escolher: ela ou o crocodilo. E Chito escolheu o crocodilo. Porque não haveria mais um crocodilo como aquele, e ele poderia depois arranjar outra esposa.
E Chito se tornou assim, possivelmente, o único homem em toda a história da humanidade, capaz de nadar amigavelmente junto, abraçado a um crocodilo. E vejam, pelas fotos e pelo vídeo que coloquei abaixo, que eles não somente nadavam juntos. Chito era também capaz de fazer o crocodilo rolar na água, abraçá-lo, beijá-lo, fazer massagens em seu abdome e mais uma série de peripécias incríveis.
É de fato provavelmente o vínculo afetivo entre um homem e um crocodilo jamais ocorrido em toda a história. Porque os animais desta espécie são de modo geral sabidamente incapazes de qualquer tipo de vínculo, inclusive com familiares e quaisquer outros de sua própria espécie. São animais que, segundo as evidências disponíveis, são absolutamente indiferentes a qualquer tipo de sofrimento de outros seres. Dificilmente observamos na natureza comportamentos mais atrozes do que os observados em crocodilos.
Inclusive aqueles que são criados em cativeiro, e adestrados desde filhotes, não são em nenhuma medida confiáveis e podem, por puro instinto, se o momento for propício, simplesmente trucidar quem o adestrou e o alimentou pela vida toda. Carinho e amor são algo que simplesmente não se aplicam a um crocodilo.
Então uma das hipóteses mais aventados para explicar o vínculo afetivo entre este homem e esse crocodilo é que aquele ferimento, aquele tiro que destruiu seu olho esquerdo, tenha alterado seu cérebro.
Quando Pocho foi encontrado em 1989 tinha de 30 a 40 anos de idade. Ele e Chito conviveram de 1989 a 2011, quando Pocho, com cerca de 60 anos de idade, morreu por causas naturais.
O funeral, na cidade de Siquirres, na Costa Rica, foi um grande evento público para a população daquela região.
O animal está hoje empalhado e exposto no museu na cidade, e é considerado um tesouro nacional para os costarriquenhos.
* Adriano Facioli é escritor, psicólogo formado pela USP, mestre e doutor em psicologia clínica pela UnB, professor na Escola Superior de Ciências da Saúde do Distrito Federal
LIVROS DE ADRIANO FACIOLI
Neste livro narro e teço reflexões sobre uma série de experiências e eventos que vivenciei nos últimos 10 anos, enquanto psicólogo do SUS, tanto em ambiente hospitalar (UTI, principalmente) quanto em saúde mental (CAPS).São na sua maioria histórias dramáticas e marcantes, de vida, morte, amor, superação, degeneração, loucura e o sofrimento de pessoas com mais variadas carências e padecimentos. Pois tive a experiência de atender variados casos de transtornos mentais e situações extremas de vida e sobrevivência, relacionadas ao sofrimento intenso que muitas vezes testemunhei em pacientes, tanto em leitos de UTI quanto os casos do campo da saúde mental.
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Hipnose: fato ou fraude?
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