Representação feminina tem baixa em Hollywood

Um estudo da USC Annenberg Inclusion Initiative, publicado em fevereiro, mostrou que o número de protagonistas femininas nos filmes de Hollywood atingiu seu nível mais baixo em 10 anos.

Apesar do sucesso de US$ 1,4 bilhão de “Barbie”, dos 100 melhores filmes do ano passado, apenas 30 apresentavam uma protagonista ou co-protagonista feminina, o pior resultado desde 2014. Esta é uma queda substancial em relação a 2022, quando 44 filmes tinham uma protagonista feminina.

O relatório detalha ainda a porcentagem de filmes com protagonistas meninas ou mulheres por distribuidora. Walt Disney Studios e Paramount Pictures ocuparam os primeiros lugares, enquanto Universal Pictures e Lionsgate Films ficaram em último.

Essas descobertas contrastam fortemente com o que os pesquisadores observaram no conteúdo da Netflix, onde mais da metade de todos os longas-metragens desde 2019 retrataram uma protagonista ou co-protagonista feminina.

A mesma tendência aparece nos filmes independentes, onde um estudo mostra que as diretoras estão com mais tempo de exibição em festivais do que nunca.

Este ano, no Festival de Cinema de Tribeca, as realizadoras superaram em número os seus pares masculinos – uma tendência detalhada no novo estudo de Martha M. Lauzen publicado pela Variety sobre a inclusão feminina nos principais festivais de cinema norte-americanos.

Na pesquisa, Lauzen encontrou uma correlação importante: “Os filmes com pelo menos uma realizadora mulher têm percentagens substancialmente mais elevadas de mulheres trabalhando como escritoras, montadoras e diretoras de fotografia do que os filmes com realizadores masculinos”, diz.

Co-fundadora da Rhiza, uma produtora independente que atua em São Paulo e Los Angeles, Claudia Chakmati conta que há um clima de “ninguém solta a mão de ninguém” entre as mulheres na indústria do cinema. “As que conquistaram posição de liderança estão agora tentando trazer mais mulheres para o set”, afirma.

Claudia produziu o curta “The Long Way Home”, da diretora carioca Chloë de Carvalho, selecionado para o AFI DWW+ 2024. Além da narrativa feminina – onde a protagonista, mãe solteira, embarca com a filha de oito anos em uma investigação para desmascarar uma empresa farmacêutica –, o filme conta com equipe composta majoritariamente por mulheres. “As integrantes que eram mães ganharam adicional para creche ou babá”, conta Claudia. “São atitudes como essa que podem ajudar a indústria do cinema a ser mais inclusiva”, completa.

Enquanto isso, a sub-representação feminina na maior premiação do cinema continua um problema persistente. Em 96 edições do Oscar, apenas 17% dos nomeados são mulheres. Nove mulheres foram indicadas ao prêmio de “melhor direção”, dentre 474 indicados; até hoje, somente três levaram a estatueta, contra 93 prêmios entregues a diretores homens.

    DINO

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