Como a nutrição personalizada possibilita a descoberta de doenças

A chamada alimentação ou nutrição personalizada está ganhando destaque como uma revolução no campo da nutrição. Em um relatório de inteligência de mercado atualizado recentemente, a Future Market Insights (FMI), empresa global de consultoria e pesquisa de mercado, especializada em fornecer insights detalhados e análises estratégicas para diversos setores e mercados, revela que o mercado de nutrição personalizada deve atingir um valor de US$ 3.435,20 milhões em 2024. Esse crescimento de mercado é impulsionado por intervenções personalizadas que melhoram a qualidade de vida e estão ganhando reconhecimento como uma nova abordagem para a prevenção de doenças.

À medida que as soluções de nutrição personalizada se tornam mais populares, o mercado deve crescer para US$ 5.122,10 milhões até 2034. Isso porque a conscientização crescente sobre a importância da saúde, juntamente com uma tendência crescente de soluções digitalizadas relacionadas à assistência médica, fará com que o mercado de nutrição personalizada cresça em grande estilo no período previsto.

“A nutrição personalizada revela 100% do histórico em relação à exposição ambiental, metabolismo, perfil genético, composição do microbioma e objetivos pessoais de bem-estar do corpo de um indivíduo. Vários testes de nutrição personalizados estão sendo disponibilizados para ajudar a revelar os tipos de alimentos mais adequados para as necessidades dietéticas, controle de peso e objetivos de condicionamento físico. Por exemplo, o teste de microbioma parece um tipo de teste de fezes que fornece informações em primeira mão sobre a saúde intestinal de um indivíduo. Isso torna a dieta muito mais eficaz e sustentável”, afirma a Dra. Carolina Orlandi, pós-graduada em nutrologia e médica do Hospital Beneficência Portuguesa. “Consideramos exames genéticos, de microbioma intestinal e laboratoriais, além das possibilidades econômicas e preferências alimentares de cada pessoa”.

Esse tipo de alimentação vai além do tradicional “coma isso, não coma aquilo”. Entra em jogo a nutrigenômica, o estudo de como os alimentos podem influenciar a expressão dos genes. “É fascinante ver como podemos, através da alimentação, modular a expressão genética e prevenir o desenvolvimento de certas doenças”, acrescenta.

Segundo a Dra. Orlandi, fatores genéticos desempenham um papel crucial nas necessidades nutricionais. “Doenças crônicas como hipertensão, diabetes e obesidade têm componentes genéticos, mas o estilo de vida e a alimentação podem alterar a expressão desses genes. O que comemos pode literalmente influenciar o nosso destino genético”.

A especialista destaca que o metabolismo de cada pessoa também é único. “Pessoas que praticam atividades físicas intensas, como atletas, têm necessidades nutricionais específicas. Alimentos ricos em proteínas ou termogênicos podem ajudar a atender essas demandas”.

Com o avanço da ciência, a análise genética está se tornando uma ferramenta poderosa na nutrição. “Ao identificar predisposições genéticas, podemos planejar dietas que ajudem a evitar o desenvolvimento de doenças. Isso é uma mudança de paradigma na forma como vemos a nutrição”, explica a Dra. Carolina.

Apesar dos benefícios, a alimentação personalizada ainda enfrenta desafios, especialmente no que diz respeito ao custo. “Os exames genéticos e de microbioma ainda são caros e pouco acessíveis. Mas acredito que, com o tempo, essa tecnologia se tornará mais barata e amplamente disponível”, prevê a Dra. Carolina. “Isso permitirá que mais pessoas tenham acesso a uma nutrição personalizada e melhor qualidade de vida”.

A Dra. Carolina já implementa essa abordagem em sua clínica e os resultados têm sido positivos. “Nossos pacientes se sentem mais compreendidos e motivados a seguir os planos alimentares, já que consideramos suas preferências e estilo de vida. Não existe uma ‘receita pronta’. Cada plano é único, assim como cada pessoa”.

Quando questionada sobre o futuro da nutrição, a Dra. Carolina é otimista. “A nutrição personalizada tem um potencial enorme para melhorar a saúde pública. Imagine substituir parte dos medicamentos por uma alimentação adequada. Isso não apenas melhora a saúde das pessoas, mas também pode reduzir custos no sistema de saúde”.

Apesar dos avanços, a conscientização ainda é um desafio. “Muitos pacientes ficam surpresos ao saber que podem ter uma dieta baseada em suas análises genéticas e metabólicas. A educação e a disseminação de informações são essenciais para que mais pessoas possam se beneficiar dessa abordagem”, conclui a Dra. Carolina.

    DINO

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