Brasil se inspira no Japão na busca da longevidade

Com o surgimento de novas tecnologias nas áreas da saúde e bem-estar, a expectativa média de vida das pessoas tem aumentado globalmente. Segundo dados divulgados em 2021 pelo relatório da ONU “World Health Statistics”, essa média no Brasil é de 72,4 anos, enquanto países reconhecidos como exemplos de longevidade, como Japão, Suíça e Austrália, chegam a 84,5; 83,3; e 83,1 anos, respectivamente.

Nação com a maior porcentagem de população idosa no mundo (29%) – sendo mais de 95 mil pessoas com mais de 100 anos de idade e cerca de 36 milhões com 65 anos ou mais, segundo o Ministério de Saúde Japonês – o Japão é conhecido pelos hábitos milenares que contribuem para que a população viva de forma mais saudável e, consequentemente, por mais tempo, especialmente na região de Okinawa, apontada como a mais longeva dentro do país. Um dos hábitos adotados pelos moradores da ilha é o “hara hachi bu”, prática de disciplina usada durante as refeições para comer de forma mais lenta e moderada, sugerindo que a pessoa pare ao se sentir 80% satisfeita. O hábito auxilia nos processos digestivos e na diminuição da absorção calórica, e, quando aliado a uma alimentação rica em vegetais, apresenta inúmeros benefícios para o corpo.

Ainda no campo da nutrição, o consumo de chá verde também é creditado como um dos pilares para a longevidade dos japoneses, uma vez que a bebida é associada ao fortalecimento do sistema imunológico. Pensando em ampliar as discussões acerca desses hábitos japoneses, a Japan House São Paulo (JHSP), centro cultural nipônico localizado na Avenida Paulista, promoverá sessões diárias de degustação de chá às 11h40, além de um bate-papo sobre alimentação e qualidade de vida na longevidade no dia 20 de novembro, às 15h, e um workshop sobre os processos do preparo do chá japonês no dia 23 de novembro, também às 15h. As atividades fazem parte do projeto “A Caminho da Longevidade”, programação gratuita voltada para incentivar o bem-estar físico e mental, que acontece entre os dias 20 e 24 de novembro, na sede da instituição.

Mas, diferentemente dos japoneses, os brasileiros apreciam muito mais o café em seu cotidiano, mesmo que o consumo de chás esteja gradativamente em ascensão. Importante item na economia nacional, em 2023, foram consumidos cerca de 21,6 milhões de sacas de 60kg de café (equivalente a 39% de toda a produção brasileira), de acordo com dados divulgados pela Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC). O consumo da bebida em quantidades moderadas também pode ser associado a melhorias na saúde e no aumento da qualidade de vida, auxiliando na concentração e nas condições cardíacas, segundo pesquisa publicada pelo Instituto Politécnico de Bragança, graças às altas doses de cafeína e antioxidantes.

Grandes aliadas da alimentação, estão a prática de atividades físicas diárias e a estrutura comunitária japonesa. Exemplo disso é a popularidade da ginástica laboral Rádio Taissô, criada no final dos anos 1920 e transmitida via rádio até hoje no país. Esse exercício visa aquecer e preparar a musculatura para as atividades laborais, melhorar a postura da coluna cervical, ativar a circulação sanguínea e oxigenar o cérebro, aumentando a concentração e a coordenação motora. Realizada em grupos desde a infância até a terceira idade no país, o Rádio Taissô promove o fortalecimento físico e a interação social, fator apontado como promotor do bem-estar emocional e físico, segundo estudo realizado pela Universidade do Texas, nos Estados Unidos, e publicado no Journals of Gerontology Series B: Psychological Sciences and Social Sciences.

Ainda que menos popular do que em seu país de origem, o Rádio Taissô é comum no Brasil entre descendentes e imigrantes japoneses, que mantém o hábito por meio do acesso a gravações disponíveis na internet ou em locais dedicados à cultura nipônica, como é o caso da programação da JHSP, que também inclui sessões de Rádio Taissô abertas ao público de forma gratuita, no dia 23 de novembro às 17h.

Assim como a gestão da saúde física, a saúde mental é tema sensível tanto para os japoneses quanto para os brasileiros, ainda que sob abordagens culturais distintas. No Japão, o conceito do “Ikigai”, que pode ser livremente traduzido como “a razão de viver”, incentiva a busca por um propósito nas atividades diárias, princípio fundamental para um envelhecimento saudável. Além dessa filosofia, práticas “emprestadas” de países asiáticos como a meditação e a yoga têm ganhado adeptos no Brasil, incentivando a busca pela premissa popular “mente sã, corpo são”. Focando nessa relação entre mente e corpo, o projeto “A Caminho da Longevidade” ainda promove um dia especial voltado para o mindfulness, em 21 de novembro, com workshops de meditação abertos ao público.

Exemplos como esses demonstram que a longevidade resulta não apenas de avanços médicos, mas de um conjunto equilibrado de práticas individuais e coletivas. Tanto no país nipônico como no Brasil, uma vida mais longa já é uma realidade, mas vivê-la de forma saudável é um desafio mundial.

Serviço: Programação “A Caminho da Longevidade” da Japan House São Paulo

Datas: 20 a 24 de novembro de 2024

Local: Japan House São Paulo (Av. Paulista, 52 – Bela Vista, São Paulo/SP)
 
Programação gratuita. Mais informações no site.

    DINO

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