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Miocardite atinge 40% de pacientes recuperados ou ainda com Covid-19
São Paulo – SP 14/1/2021 – “O medo de se contrair uma doença viral como a Covid-19 justifica-se, mas não ao ponto de comprometer a saúde do coração.”
Estudo feito com 199 pacientes mostra que 90 ficaram com inflamação no músculo cardíaco.
Cerca de 40% dos pacientes com Covid-19 ou já recuperados da doença têm miocardite – uma inflamação no músculo cardíaco, segundo artigo publicado no Journal of Thoracic Imaging. No início da pandemia, achava-se que a doença afetava apenas os pulmões, mas com seu avanço ficou claro que o coronavírus causa inflamação sistêmica em diversos órgãos – incluindo o coração.
Foram estudados casos de 199 pacientes, a partir de ressonâncias magnéticas. Desses casos, 90 (40%) apresentaram miocardite ou inflamação do músculo cardíaco, e só 21% mostraram ressonâncias totalmente normais. Os efeitos de longo prazo da miocardite em pacientes recuperados da Covid-19 ainda são pouco conhecidos, mas seguramente esse é um achado que merece atenção, especialmente para pacientes que já têm outras doenças crônicas cardiovasculares.
Cuidado contínuo
O cardiologista intervencionista do Hospital Sírio-Libanês e coordenador do núcleo de intervenção em cardiopatia estrutural do InCor-HCFMUSP, Fabio Brito Jr., destaca que doenças cardiovasculares exigem cuidado constante, ininterrupto. Ele destaca um estudo da University College London, publicado no periódico especializado Circulation: Cardiovascular Quality and Outcomes, que mostra que na Inglaterra a redução na procura por atendimento hospitalar para problemas cardíacos graves na fase inicial da epidemia pode ter contribuído para causar mortes que poderiam ter sido evitadas, caso o atendimento tivesse sido buscado mais cedo.
“O medo de se contrair uma doença viral como a Covid-19 justifica-se, mas não ao ponto de comprometer a saúde do coração. Tomando todos os cuidados necessários para sair de casa protegido contra a Covid-19, o paciente cardiopata deve manter suas visitas regulares ao cardiologista”, afirma o Dr. Fabio Brito Jr.
O estudo mostra que entre 12 de março e 15 de abril, a queda no número de consultas de pessoas com suspeita de doença cardíaca em relação ao período pré-pandemia foi da ordem de 35%. Números da OMS (Organização Mundial da Saúde) mostram que a doença já matou quase 1,7 milhão de pessoas em todo o mundo e o número de casos confirmados chegam a 76 milhões.
O relatório Global Burden of Disease referente a 2019 publicado em outubro deste ano, no entanto, mostra que as doenças cardiovasculares foram a causa subjacente dos óbitos de 18,5 milhões de pessoas (9,6 milhões de homens e 8,9 milhões de mulheres). “Tais números mostram que os pacientes não podem adiar a ida ao hospital para tratamento”, afirmou o cardiologista, Dr. Fabio Brito Jr.
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