Em 2019, Nando Reis lança novo disco com produção de Pupillo
Por AD Luna
A saída do baterista Pupillo tomou de surpresa muita gente que acompanha o trabalho da Nação Zumbi. Afinal, o músico era peça fundamental na formatação da identidade sonora da banda.
Ao InterD, Pupillo escreveu informando o motivo de sua decisão.
“A saída da Nação se deu de acordo com as demandas de novos projetos. Tenho dedicado a maior parte do meu tempo ao trabalho como produtor, e se fez necessário fazer uma escolha, pois não queria de forma alguma atrapalhar, muito menos prejudicar a agenda e rotina da banda”.
Os novos projetos em questão se referem a seu ofício de produtor musical, habilidade que vem desenvolvendo desde a feitura do segundo álbum de Chico Science & Nação Zumbi, o “Afrociberdelia” (1996). As interações entre homens, instrumentos, máquinas e softwares causaram-lhe impactos que resultariam, mais tarde, no gosto pelo burilamento das criações alheias.
Foi assim que, a partir do início dos anos 2000, a assinatura de Pupillo começou a aparecer em produções e co-produções.
Ela pode ser lida nos álbuns “Baião de Viramundo – Tributo a Luiz Gonzaga”, coletânea (2000); “O Outro Mundo de Manuela Rosário”, do Mundo Livre S/A (2004); “Simulacro”, de China (2007); “Certa manhã acordei de sonhos intranquilos de Otto”, de Otto (2009); “Amigo do Tempo do Mombojó”, do Mombojó (2010).
Na década seguinte, a marca de Pupillo aparece impressa nas vibrações sonoras dos álbuns “Setembro”, de Junio Barreto (2011); “LIRA”, de Lirinha (2011); The Moon 1111, de Otto (2012); “Idilio”, de Marina de La Riva (2012); “Tropix”, de Céu (2016); “A Gente Mora No Agora”, de Paulo Miklos (2017); “Estratosférica ao vivo”, de Gal Costa (2017); “…Amor é isso”, de Erasmo Carlos, lançado este ano.
Em 2019, Nando Reis lança novo disco com produção de Pupillo.
O bilhete de Chico Science
Pupillo já era bastante ativo e requisitado, em 1995, quando recebeu convite de Chico Science para integrar a CSNZ. Amparado pelas ótimas referências que guardava a respeito do músico, Chico foi até a casa do baterista para convidá-lo a substituir o percussionista Canhoto, que tocava caixa no grupo. Science não o encontrou, mas deixou bilhete.
Nos primeiros shows ao vivo com a CSNZ, Pupillo também só tocava caixa. Mas não demorou muito a incluir a bateria na configuração da banda, tendo a devida consciência musical de conseguir casar com maestria a execução do instrumento com as alfaias de maracatu – grande marca sonora e visual da Nação.
Recado à Nação Zumbi
Depois de mais de 20 anos, nove discos e centenas de shows, Pupillo explicita o estado mental que mantém em relação a seus agora ex-companheiros da banda.
“Guardo um sentimento profundo de agradecimento por ter encontrado pessoas com as quais eu defini um estilo artístico e de vida. Construímos juntos uma história importante e que levarei como principal realização profissional da minha vida”.
Novo batera da Nação Zumbi
O percussionista e baterista Tom Rocha entrou no lugar de Pupillo. Além de já ter tocado alfaia na Nação Zumbi, Rocha desenvolveu um grande trabalho de sensibilidade musical rítmica tocando a a banda olindense Academia da Berlinda.